A crise grega e a situação na Crimeia, trouxeram um interessante desenvolvimento. Com pouco efeito na Europa, mas com um enorme impacto na Ásia.
Uma das coisas que sempre foi referido acerca das capacidades militares chinesas ao longo dos anos, foi a sua falta de projecção. Expandir a sua área de influência, tem sido algo problemático. Para contrariar os seus desejos expansionistas, temos Taiwan, Japão e claro, os EUA. As frotas americanas com os seus porta-aviões são um forte dissuasor, limitando bastante as opções chinesas.
A China tem investido fortemente, no aumento do seu poderio militar, tendo em vista negar o actual domínio por parte dos EUA nesta zona do globo. Com a ajuda da Ucrânia, a China adquire o seu primeiro porta-aviões. Foi anunciado na altura que iria ser um casino, mas em 2012 ficou assim:
1º porta aviões chinês de fabrico soviético
Comprado em 1998 para ser um casino...
Dá para ter uma ideia, dos planos a longo prazo que vão fazendo. Adquirir disfarçadamente um porta-aviões com a justificação de um casino flutuante, para 14 anos depois aparecer como o primeiro porta-aviões chinês, mostra que existe planos atrás de planos e que nem tudo o que anunciam, significa a realidade algures no futuro.
A modernização e aumento das capacidades militares chinesas têm aumentado significativamente durante estes anos. O Japão mostra cada vez mais sinais de nervosismo, porque isto não augura nada de bom num futuro não muito longínquo, várias nações na área estão na mesma situação, a China dá sinais de querer dar início à sua expansão.
Aqui começamos, com algo bastante interessante. É possível expandir o nosso território? afinal ainda há espaço no planeta terra. A China encontrou uma solução, que é uma espécie de dois em um. Expande território e cria "novos porta-aviões". As novas ilhas chinesas, construídas artificialmente.
Construção de uma pista de grandes dimensões
A actividade é impressionante
Estes são os novos "porta-aviões", que apesar de estáticos, têm a vantagem de poder conter vários sistemas defensivos como ofensivos. Estas ilhas necessitam de receber todo o tipo de suporte vindas do continente e para tal o tamanho da pista irá permitir receber qualquer tipo de avião, e terá também um porto. E em caso de crise, quando a pista não estiver em condições de receber aviões, ou o porto desactivado devido a uma situação de conflito, planeia a China alternativas?
Sim.
A China está a construir o maior avião anfíbio do mundo, o AG-600. E é para estar pronto ainda este ano.
AG-600
Podemos considerar que seja para um rápido reforço de algo que as ilhas necessitem, não havendo condições para usar a pista.
E se algo mais for necessário, algo maior e mais pesado? como levar para uma ilha onde tanto o aeroporto como o porto estiverem inoperacionais, rapidamente?
Para isto a China decidiu investir no maior hovercraft do mundo, o Zubr de fabrico soviético.
Zubr - Maior hovercraft do mundo
Este hovercraft possui a capacidade de transportar 3 tanques pesados, em alternativa 10 tanques ligeiros, ou 360 soldados completamente equipados.
Para tal decidiu adquirir uma frota de 4. A encomenda foi feita à Ucrânia que herdou a capacidade de os fabricar. O problema desta encomenda, foi ter sido acordado que dois deles seriam construídos na China, passando para a China o conhecimento. A Rússia que também os constrói, não gostou.
O panorama mudou com a integração da Crimeia na Rússia. É que estes hovercrafts são produzidos na Crimeia, tendo a Ucrânia perdido a capacidade de produção, estando toda nas mãos dos russos.
Em 2014, o 2º hovercraft produzido na Ucrânia, foi entregue à China, com a autorização da Rússia.
Construído na Crimeia - Ucrânia, agora Crimeia - Rússia
Ou seja, a alteração do mapa político na Ucrânia/Rússia não colocou em perigo a entrega dos navios, afinal a relação Rússia/China é bem mais extensa. Ficou a questão de quem ficaria a cargo a assistência aos 2 restantes navios a serem produzidos na China.
Notícias recentes esclarecem a coisa:
Russia's Rosoboronexport to supply China with Zubr landing craft
ordered in Ukraine
ordered in Ukraine
According to Russian state owned news outlet TASS, Russia’s arms exporter Rosoboronexport intends to fulfill the contract on the supply of the Zubr landing ships to China, Rosoboronexport deputy CEO Igor Sevastyanov told reporters on Friday at the International Maritime Defence Show (IMDS-2015) in St. Petersburg.
"The Morye shipyard that designed these Zubr vessels is a Russian plant, so, naturally, the task is to fulfill this contract — the contract that had been signed between Ukraine and the People’s Republic of China," Sevastyanov said.
A Rússia dá o seu aval, a China terá os seus 4 navios, para poder deslocar a alta velocidade, qualquer coisa como 12 taques pesados, ou 40 tanques ligeiros, ou 1440 soldados.
E aqui entra a crise grega. A crise grega deu um sério impulso às capacidades de transporte chinesas. Com a necessidade imperativa de obter dinheiro, a Grécia vendeu os seus Hovercrafts à China. A Grécia possuia 4 Hovercrafts, do mesmo modelo, os Zubr.
A crise grega, que não foi resolvida em tempo útil, deu à China num curto espaço de tempo a duplicação da sua frota. A China nem precisa de aguardar pela construção deles (os outros foram encomendados em 2009 e assistimos à entrega do 2º em 2014), 5 anos foram ganhos pela crise grega.
A China possui agora a maior frota deste género, com a capacidade de deslocar 24 tanques pesados, 80 tanques ligeiros, ou 2880 soldados.
Até onde poderá ir os efeitos da crise grega, mas uma coisa é certa. A política externa europeia, está a ter resultados desastrosos para os interesses europeus. Num curto espaço de tempo, a Europa arranjou várias crises. A crise do Mediterrâneo, a crise da Ucrânia,a crise da Rússia, a crise do fornecimento energético, a crise grega.
A Europa, conseguiu desviar a energia russa para a China, a produção de leite para a China e até material militar que coloca a China numa posição muito mais forte nos mares da China.
Que mais conseguirá a Europa fazer?