Marinheiros russos em França, para a primeira viagem de
treino no porta-helicópteros
Este será mais um artigo que chama a atenção às declarações políticas e o que se passa na realidade. Tal como chamei a atenção para "suspensão" do South Stream agora vou referir à suspensão do Mistral.
Convém relembrar o que foi dito no início deste mês, a uns meros 10 dias atrás:
França suspende entrega de equipamento militar à Rússia
Autoridades francesas suspendem entrega de navio por causa da situação na Ucrânia. Putin e Poroshenko conversaram sobre as condições para um cessar-fogo e as posições são "próximas".
A França anunciou esta quarta-feira a suspensão da entrega do primeiro navio de guerra Mistral à Rússia, prevista para Outubro. A razão invocada prende-se, segundo um comunicado da presidência francesa, com o facto de as condições para a autorização não estarem reunidas, tendo em conta a crise na Ucrânia.
A nova posição francesa em relação ao navio porta-helicópteros Mistral foi decidida durante um Conselho de Defesa, realizado na véspera da cimeira da NATO, que vai decorrer até sexta-feira no País de Gales, e algumas horas depois da divulgação de novas críticas norte-americanas à Rússia.
A nova posição francesa em relação ao navio porta-helicópteros Mistral foi decidida durante um Conselho de Defesa, realizado na véspera da cimeira da NATO, que vai decorrer até sexta-feira no País de Gales, e algumas horas depois da divulgação de novas críticas norte-americanas à Rússia.
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[Link]
A França fez as declarações que fez, porque estava pressionada para isso e estava nas vésperas de uma cimeira da NATO. Algo tinha que ser dito para a opinião pública.
Porque na realidade as coisas seguem o seu caminho, como se pode ver pelo o que aconteceu ontem. Ontem, marinheiros russos partiram numa viagem de treino de 10 dias no seu novo navio. Ou seja tudo indica que assim que houver uma abertura para a entrega do navio à Rússia, a França irá fazê-lo.
Russian sailors go on first training voyage aboard Mistral ship in France
Russian sailors on Saturday went on their first training voyage aboard one of the two Mistral ships France is building for the Russian Navy.
The ship named Vladivostok is to return in ten days on September 22...
The ship named Vladivostok is to return in ten days on September 22...
...About 400 Russian sailors arrived in Saint-Nazaire in late June for training in the use and operation of the new helicopter carrier which is under construction at the shipyard
[...]
Ao contrário do South Stream, a entrega deste navio é bastante delicada. Afinal é um navio militar, um navio de grande envergadura, e permite à Rússia projectar seu poderio num local que vai causar extremo desconforto político. Este navio vai ficar na Crimeia, juntamente com os novos 6 submarinos e 6 fragatas. A Rússia ficará com uma frota nova e bem apetrechada no Mar Negro, no seu novo território.
Mantenho a ideia que tenho, parte da Europa quer trabalhar com a Rússia, e quase certamente que parte da Europa, não está de acordo com algumas opções políticas europeias tomadas em torno da Ucrânia. Infelizmente a Europa está demasiada exposta também ela a pressões externas e que nos estão a prejudicar.
A Ukrania não deve só agradecer á Europa, mas também aos EUA, uma vez que controlam a Europa (onde está bem patente o caso do "Mistral").
ResponderEliminarSim, na minha opinião, muitos dos interesses europeus são esmagados pelos interesses americanos. E não deveria quando isso significa prejuízo para a Europa. Mas infelizmente é o que está a acontecer.
ResponderEliminarÉ, a UE deveria ser uma forma de tornar a europa independente de todos, inclusive dos EUA. Mas, na minha opinião, é exatamente o contrário que ocorre. Tb não vejo falar sobre um Exército Europeu....
ResponderEliminarSobre o Mistral, duas informações que nunca vi na mídia, mas acho q são importantes. Qual a extensão dessa transferência de tecnologia? Se for algo grande, mesmo que a Rússia não leve o Mistral, ela ficará capacitada para fazê-lo no futuro, o que será uma grande vantagem. Segundo, o contrato estipula a possibilidade da França vender mais 2 navios no futuro. As sanções europeias proibiriam esta nova venda, ou como o contrato é anterior às sanções, elas não se aplicam?
Se o Mistral não for vendido, quem mais perde é a França, devido à sua reputação ficar abalada. Isso me lembra a Guerra das Malvinas, quando a Inglaterra pressionou a França a não vender mais mísseis Exocet para a Argentina. Isso foi péssimo para os argentinos. Ora, muitos países não compram armas americanas justamente para poderem ser mais independentes e, caso no futuro entrem em guerra com um aliado americano, possam ainda assim se armar/reabastecer. Ao que parece essa tática não funciona ao comprar arma francesa. Você fica refém não só da França, mas também dos EUA. Os indianos devem estar atentos ao caso do Mistral, tendo em vista a futura compra de Rafales.
Relativamente à transferência de tecnologia a minha opiniao é a seguinte:
ResponderEliminarO mais importante a reter com estes navios, é a transferência de know-how. A Russia vai assimilar novos métodos de construção de navios, de gestão do processo de construção, de articulação com fornecedores, etc.
Não esquecer que o armamento será russo.
Os navios não são construidos totalmente na França, está aqui o importante da coisa, a participação não construção por parte da Rússia é qualquer a rondar isto: 20% no primeiro, 40% no 2º, 60% no 3º, 80º no último, sendo que os 2 últimos navios a construção seja na Rússia.
Ou seja, estamos a assistir a uma aprendizagem, onde nos 2 primeiros vão aprender e nos 2 últimos aplicar os conhecimentos recebidos.
Eu penso que todos os navios vão ser construidos, principalmente porque a Rússia quer perceber o que aprendeu nesta nova metodologia de construção e só pode perceber isso nos 2 últimos, onde a participação francesa é cada vez menor.
Pode é demorar mais tempo, ou não, de acordo com "temperatura política" nos momentos de decisão.