domingo, 26 de abril de 2020

Guerras Energéticas: O Ataque



Estamos a assistir possivelmente ao começo de um dos maiores conflitos energéticos, que irá trazer grandes alterações geopolíticas, com a Rússia a atacar os EUA de uma forma curiosa.

Atingindo a economia americana e a segurança energética do país.

Os produtores americanos foram à boleia dos preços concertados entre a OPEC e a Rússia. Enquanto estes diminuíam a sua produção para não baixar o valor para patamares perigosos para as suas economias, os americanos continuaram a aumentar a sua produção.

A Rússia deu início ao conflito ao recusar acompanhar a redução de produção sem os americanos fazerem o mesmo.

Com o mundo parado e excesso de produção, só há um caminho para os produtores americanos. Deixarem de produzir. E com as dívidas que têm para pagar, devido ao alto endividamento, vamos ter consequências muito desagradáveis para os americanos.

Se for à falência bastantes produtores, quem depois irá investir novamente para que tudo recomece? Afinal quem tinha investido ainda estava a pagar dívidas.

Os cortes de produção nos EUA, vão acabar com a capacidade de exportação e se a situação for muito grave, pode até se tornar novamente um país importador de energia.

É grave?

É. Vai ser posta em causa o seu estatuto de única superpotência.

Parece-me que estão criadas as condições para um embate entre grandes potências. Os EUA que quer manter o seu estatuto de única superpotência, mas a China e a Rússia combinadas formam um adversário formidável.

A força dos números por parte da China e a força militar e energética por parte da Rússia, permite a estes infligir graves danos à superpotência vigente.

As ligações entre ambas as potências estão estabelecidas. 
  • Existem ligações terrestres, aéreas e marítimas. 
  • Foram criados pipelines para alimentar a fornalha chinesa. 
  • Ambos acumularam ouro e detêm uma considerável reserva monetária. 
  • Preparam-se para cenários de corte de internet. 
  • Preparam-se para um cenário onde seja afastados do sistema SWIFT, com os sistemas próprios Mir (Russo) e UnionPay (Chinês).
  • Abandono do dólar por parte de ambos os países.
  • Novo armamento sofisticado. As novas armas russas e com a entrada em breve das armas hipersónicas põem em cheque as a capacidade das forças militares dos EUA.
A marinha dos EUA que controlam o globo com as seus porta-aviões, não conseguem impedir as ligações estabelecidas entre estes dois países. A NATO está enfraquecida, havendo membros a adquirir armamento russo.

Os EUA colocaram em causa a segurança energética do motor da Europa, a Alemanha, ao tentar por todos os meios impedir que sejam construídos novos pipelines directos entre a Rússia e a Alemanha (Nord Stream 2). O que põe em causa as ligações entre a Alemanha e EUA e reforça as ligações entre a Alemanha e a Rússia.

Com a economia em stress nos EUA, cada vez será mais difícil, alimentar o triturador que é a máquina de guerra americana que consome valores astronómicos e que está sempre a crescer. Á medida que as dificuldades crescem, cresce também o perigo de um conflito de proporções que podem chegar ao conflito nuclear.

Será talvez o passo mais importante que não se pode perder de vista.

O mundo vai entrar numa realidade onde deixa de existir uma única superpotência, para existir várias grandes potências. Mas esta transição não pode resvalar para o conflito nuclear.

Penso que estamos a assistir ao começo desta transição.

Espero que o mundo ainda exista depois de acabar esta transição.

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