sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Mar Vermelho: A Estratégia Desastrosa Americana

 


Bem, a entrada musculada dos EUA em conjunto com os ingleses não está a dar em nada a não ser exarcebar um problema já de si complicado.

Neste momento já toda a gente deve ter percebido, que mesmo após vários ataques americanos contra os houthis, eles continuam a atacar os navios que passam pela zona.



Dado que os EUA estão para ter eleições este ano, a lista de países interessados em mostrar uma América atolada sem soluções apesar de todo o aparato militar montado na zona, deverá estar a crescer a olhos vistos.

Resultado?

Problemas em mais uma ligação á Europa. E vai ser a grande afectada nesta brincadeira a juntar a tudo o resto que paira sobre nós.

As ligações entre a Ásia e a Europa estão cada vez mais complicadas e estreitas.


As duas grandes rotas entre a Ásia e a Europa estão com problemas. O canal do Suez já perdeu praticamente um quarto do seu tráfego, o que indica que estão a percorrer a rota mais longa, demorada e cara com impacto, nos preços, nos stocks, na demora da entrega, contribuindo para aumento da inflação, algo a que os europeus começam a ficar seriamente sensíveis.

22% drop in shipping traffic through the Red Sea

Maritime traffic through the Red Sea has dropped 22 per cent in a month as a result of the threat posed by Yemen’s Houthis, European Commission Vice President Valdis Dombrovskis said yesterday.

However, the decline will accelerate as shipping companies are re-routing vessels around the Africa continent, he said, adding that the Commission was monitoring the situation very closely.

So far there has not been visible impact on energy prices and more generally impact on goods prices. But we already see impact on transport prices, which have increased,” Dombrovskis told reporters after a meeting of EU trade ministers that addressed the issue. “Certainly, it’s a risk factor.”

The broader economic impact on consumer prices and the EU economy in general will depend very much on the length of this crisis,” he said. “Hence, swift action is necessary.”

Danish shipping company Maersk announced at the end of 2023 the imposition of additional fees on container shipments between Asia and Europe after changing the course of its ships from the Suez Canal via the Cape of Good Hope, South Africa. Leading markets to believe a knock on effect on the cost of consumer products will follow...


Mas não é só o canal do Suez que está com problemas. A outra rota de ligação entre a Europa e a Ásia também está com problemas. O canal do Panamá. Este devido a seca, tem visto diminuir o seu caudal de água diminuindo significativamente a capacidade de transitar navios de grande porte por ele. E o corte ainda é (para já) maior que no canal do Suez.


More upheaval for global shipping as Panama Canal cuts traffic due to drought

With shipping companies already dealing with disruptions in the Red Sea due to attacks on ships, word comes that another important trade route is being forced to curtail traffic.

A severe drought that began last year has forced authorities to slash ship crossings in the Panama Canal by 36 per cent.

The cuts announced Wednesday by authorities in Panama are set to deal an even greater economic blow than previously expected.

Panama Canal administrator Ricaurte Vasquez now estimates that dipping water levels could cost them between $500 million US and $700 million US in 2024, compared to previous estimates of $200 million US.

One of the most severe droughts to ever hit the Central American country has stirred chaos in the 80-kilometre route, causing a traffic jam of vessels, casting doubts on the canal's reliability for international shipping and raising concerns about its affect on global trade.

The combination is having far-reaching effects on global trade by delaying shipments and raising transport costs. Some companies had planned to reroute to the Red Sea — a key route between Asia and Europe — to avoid delays at the Panama Canal, analysts say...

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Como se pode ver por este artigo, devido aos problemas do Canal do Panamá, algumas companhias tinham adoptado a estratégia de usar o canal do Suez. E a coisa acabou por complicar.

Resultado?

As ligações entre a Europa e a Ásia, que até estavam a crescer e até era um dos investimentos da Rússia que é quem está melhor posicionada para fazer a ligação, seja por via marítima, seja por via aérea, seja por transporte rodoviário, seja por transporte ferroviário, estão todas com problemas.

Com a Rússia praticamente não há ligações. Com o canal do Panamá a situação está a deteriorar-se e agora juntamos o canal do Suez que com a entrada musculada dos EUA, a estratégia de muitos agora será tornar-lhes a vida mais complicada.

Grandes prejudicados se esta situação continuar?

Israel, Europa e EUA. Israel e Europa com problemas de ligações marítimas que terão impacto em tudo, EUA com grande impacto no seu prestígio e para Biden na luta para as eleições, já para não falarmos na sua presença no Médio Oriente que fica em xeque. Como se pode constatar pelo aumento dos ataques na Síria e Iraque.


US base attacked in Iraq hours after Iran vows revenge for Damascus attack

Iran-backed armed groups have targeted US troops in Iraq hours after Tehran vowed revenge and blamed Israel for a deadly attack on a building housing its elite forces in the Syrian capital Damascus, driving fears of wide regional conflict.

The attack caused one Iraqi and possible American casualties, the US Central Command (CENTCOM) said on Saturday, and came hours after Tehran vowed to take revenge against Israel for its strike targeting the Iranian Revolutionary Guards Corps (IRGC) in Syria.

Attacks on US forces in Iraq and Syria have increased since the October 7 Israeli military offensive, which has been militarily backed by Washington. Since launching its offensive on the Gaza Strip, Israel has expanded its attacks targeting Iran-linked armed groups in Syria and Lebanon.

 

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E claro, o mais surpreendente é o envolvimento DIRECTO do Irão em alguns ataques recentes.


Iran launches missile strikes against targets in Syria and northern Iraq

Iran launched a barrage of ballistic missiles against targets in Syria and northern Iraq, including what it described as an intelligence centre run by the Israeli spy agency.

The strikes by the elite Revolutionary Guards, which targeted an “espionage centre” in the Iraqi city of Erbil, was a response to Israeli attacks that have killed an Iranian commander in Syria and members of Tehran-backed militant groups in the region.

The barrage late on Monday has heightened fears that the Middle East is sliding towards a broader regional conflagration as tensions have soared since the outbreak of the war between Israel and Hamas in October...

Os EUA não estão a atacar o Irão, por razões óbvias e estes estão a fazer pressão para que os EUA abandonem tanto a Síria como o Iraque. O que seria algo com tremendo impacto na região.

Como se tudo isto não fosse confusão suficiente, parece que a Rússia começa a demonstrar algum aborrecimento com o que Israel anda a fazer.


Russia announces increased presence on Syrian-Israeli border to ‘monitor the situation’

The Russian Air Force has begun to carry out joint aerial patrols with Syrian planes at the Syrian-Israeli border along the Golan Heights, a Russian representative in Syria announced last week.

“To monitor the situation, army aviation units of the Russian Aerospace Forces have organized aerial patrols along the disengagement line separating the armed forces of Israel and the Syrian Arab Republic (the Bravo Line),” said Rear-Adm. Vadim Kulit last Thursday.

Russia’s Ministry of Defense stated that the joint patrols are expected to be a regular occurrence in the future, according to a report from the Russian news agency Interfax.

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Interrogo-me se os EUA irão conseguir manter por muito mais tempo a sua presença na Síria. Possivelmente este poderá ser o último ano da presença americana na Síria. A acontecer será uma brutal vitória para a Rússia que colocou um pé firme nesta zona.

A ausência de uma estratégia clara e capacidade de como resolver o problema dos Houthis de modo a garantir a segurança de uma rota marítima crucial, ao ponto da própria marinha americana ser um alvo, vão ditar o futuro americano nesta zona.


E esta gráfico mostra nitidamente que após os ataques americanos, a coisa piorou a olhos vistos. 

Uma verdadeira e desastrosa estratégia americana.



Post anterior sobre o tema:
Mar Vermelho: A Impotência Americana




P.S. Gás Americano

US government pauses new gas export terminals in ‘historic win’ for climate

The US government is halting decisions over further expanding its gas exports until it can apply updated climate considerations to projects seeking new approvals.

Announcing the move on Friday morning, President Joe Biden said the pause on all pending export permits for liquified natural gas (LNG) “sees the climate crisis for what it is: the existential threat of our time”.

The decision comes after Biden faced mounting pressure from environmentalists and climate activists to apply the brakes on the US build-up of fossil fuel capacity. The groups represent an important voter base for Biden as he seeks reelection in November.

The US is the world’s largest exporter of LNG and shipments are expected to keep soaring as a result of projects already approved and under construction...

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Bem, diria que a Europa vai entrar no inferno energético. Relações cortadas com o seu maior fornecedor (Rússia), rotas marítmas que transportam GNL com problemas e agora a pausa no crescimento de exportação de gás americano.

Europa a caminho do desastre total.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Uma Questão De Ouro V

 

Bem, o último post sobre o tema foi em 2022 e iniciei os mesmos em 2014. Como o tempo passa.

O último em 2022, foi antes da guerra começar. Vamos ver o que aconteceu ao ouro, com quase dois anos de guerra e debaixo de sanções como nunca se viu.

O veredicto é sempre o mesmo ao longo destes anos, a Rússia continua a acumular ouro. Com guerras, sem guerras, com sanções, sem sanções, o país continua inabalável no seu caminho. Isto para um país em que todos os anos é anunciado o seu colapso económico iminente...

Vou colocar aqui uma imagem que coloquei há quase 10 anos no post Uma Questão De Ouro II para se ver como a coisa evoluiu.



Agora informação do 3º trimestre de 2023:



  • Alemanha

    Em 2º lugar, desceu ligeiramente as suas reservas.

  • Itália

    3º lugar, manteve as suas reservas.

  • França

    4º lugar, aumentou ligeiramente as suas reservas.

  • Rússia

    5º lugar, duplicou as suas reservas em 10 anos.


E fecha o ano ainda com mais algumas toneladas de ouro, mais precisamente em Dezembro de 2023 atinge as 2350 toneladas.

Russia's gold reserves rise to 2,350 tons in 2023

Russia's gold reserves increased to 2,350 tons by the end of 2023, according to figures released by the country's central bank on Monday.

In December 2023, Russia increased its holdings of gold reserves by 34.6 tons from the previous month to 2,350 tons, and the value of the gold reserves reached a record high of 155.9 billion U.S. dollars, the Bank of Russia said.

As a result, Russia's gold reserves made up 26 percent of its international reserves, the highest level since March 2000.

Russia's total international reserves amounted to 598.6 billion dollars last year, the highest amount since March 2022, according to the central bank. 

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Bem, com esta acumulação de ouro, existe uma grande probabilidade deste ano a Rússia ultrapassar a França e a Itália, conquistando o 3º lugar e no ano em que o país preside também os BRICS.

A acontecer vai ser algo que irá chamar a atenção a muita gente.

Como é possível um país atolado numa guerra, sem mísseis, lutando com pás e tanques dos anos 50, debaixo de sanções faroónicas sem acesso ao SWIFT consegue tal proeza económica.

Quando é que as pessoas vão começar a pensar que se calhar anda algo mal contado?

Quando descobrirem, já será tarde.

A Europa caminha para algo terrível.



Posts anteriores:

Uma Questão De Ouro

Uma Questão De Ouro II

Uma Questão De Ouro III

Uma Questão De Ouro IV




P.S. Rússia em força em África?


Central African Republic seeks to host Russian base


 

The Central African Republic is ready to host a Russian base, Fidel Ngouandika, an advisor to the president of the African country, told the African Initiative news agency.

"We would like Russia to build a base in CAR," he said. "The government has already provided a plot of land in Berengo, a place 80 kilometers west of the country’s capital, Bangui.

Ngouandika said that the existing infrastructure in Berengo permits the deployment of up to 10,000 servicemen.

"The purpose of the Russian military presence in CAR is to train our soldiers," he said. "We are 1,000% committed to Russia and we believe that Russia should stay with us. If Russia abandons us today, we will be eaten up by Western states that have done nothing for our country since our independence.".

Link


Bem, a coisa poderá ter um desenvolvimento interessante. Este país está mesmo no coração do continente africano. E não estamos a falar de mercenários russos, mas sim de uma base oficial da Rússia.

A Rússia mostra capacidade de expansão e de iniciativa e num contexto extremamente complexo.

Se alguém pensa que a Rússia está atolada na Ucrânia é melhor pensar de novo.

2024 promete ser um ano daqueles.



domingo, 14 de janeiro de 2024

Mar Vermelho: A Impotência Americana





A situação dos Houthis adicionou a 2024 uma nova complexidade que irá a acelerar os problemas crescentes para os EUA e Europa. Vou aproveitar um artigo publicado pela CNN/TVI para fazer alguns reparos.


Como a crise do Mar Vermelho pode afetar a economia mundial 

Os ataques no Mar Vermelho de militantes apoiados pelo Irão foram eficazes em fechar uma das principais rotas comerciais do mundo à maioria dos navios porta-contentores - navios que transportam tudo, desde peças de automóveis a Crocs, de um canto do globo para outro.

Um encerramento prolongado da via navegável, que faz a ligação com o Canal do Suez, pode entravar as cadeias de abastecimento mundiais e fazer subir os preços dos produtos produzidos num momento crucial da luta contra a inflação. O Canal do Suez é responsável por 10-15% do comércio mundial, o que inclui as exportações de petróleo, e por 30% do volume global de transporte de contentores...

As empresas de distribuição alertam para os atrasos nos envios e para o custo do transporte marítimo de mercadorias estar a aumentar.

Seis das dez maiores empresas de transporte marítimo de contentores - Maersk, MSC, Hapag-Lloyd, CMA CGM, ZIM e ONE - estão a evitar total ou parcialmente o Mar Vermelho devido à ameaça dos militantes Houthi.

"Num cenário de escalada de conflitos, o fornecimento de energia também poderia ser substancialmente interrompido, levando a um aumento dos preços da energia", acrescenta o relatório do Banco Mundial. "Isto teria repercussões significativas nos preços de outros produtos de base".

A ameaça aos preços da energia é o maior risco, segundo a Capital Economics.

Alguns fabricantes europeus de automóveis desviaram as suas expedições para a zona do Cabo da Boa Esperança. "Isto implicou custos mais elevados e atrasos de cerca de duas semanas", afirmou um porta-voz da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis.

...os artigos destinados à Europa estão a demorar mais duas semanas do que o habitual a chegar...

...A Abercrombie & Fitch planeia utilizar o transporte aéreo de mercadorias sempre que possível para evitar atrasos..

...Além do aumento das taxas de frete à vista devido aos ataques no Mar Vermelho, os transportadores estão a acrescentar sobretaxas de emergência...

...A falha no Canal do Suez vem juntar-se aos problemas existentes no sector do transporte marítimo, com o tráfego através do Canal do Panamá, que é vital, já a sofrer restrições devido a uma grave seca...

Este artigo é muito interessante, porque acabam por dizer algo que têm evitado de dizer com a guerra da Ucrânia e que sempre tenho chamado a atenção por aqui:


"Num cenário de escalada de conflitos, o fornecimento de energia também poderia ser substancialmente interrompido, levando a um aumento dos preços da energia", acrescenta o relatório do Banco Mundial. "Isto teria repercussões significativas nos preços de outros produtos de base".

A ameaça aos preços da energia é o maior risco, segundo a Capital Economics.

 

Obviamente o preço da energia tem repercussões negativas nos preços dos outros produtos de base.

E é aqui onde estamos e a principal razão de ter andado a fazer os posts com o título "Guerras Energéticas: A Bomba Relógio Russa".

O preço da energia afecta tudo o resto. As economias necessitam de energia, energia em abundância e o preço da mesma determina tudo o resto. Onde se encaixa a Europa nisto?

Vejamos o que se passa na Europa:

  • Perdeu os baixos preços do seu principal fornecedor energético (Rússia)
  • Ordenados Altos
  • Inflação persistente
  • Taxas de juro altas

As economias e competitividade europeias estão em risco. E agora que toda a gente está sensível para o tema da inflação e taxas de juro, tendo esperança que a coisa vá abrandar em 2024, o que acontece?

Uma das principais rotas de tráfego marítimo está praticamente bloqueada. A questão não afecta apenas Israel. Afecta toda a Europa e Estados Unidos. A Europa principalmente pelos aumentos de custos e atrasos nas entregas pelo facto de o tráfego ser obrigado a usar uma rota muito mais longa. Contornar o continente africano. Só pelo aumento da duração da viagem dá para perceber a gravidade da situação. Um navio que arranque da China, demora mais 16 a 20 dias a retornar ao local de origem para carregar de novo. É imaginar o brutal impacto de uma coisa destas.




Os EUA têm a sua credibilidade afectada. A superpotência que está no topo, com mais de uma dezena de porta-aviões nucleares e incontáveis bases na região é incapaz de assegurar a segurança  de uma rota marítima crucial que está ameaçada por uns rebeldes houthis que ocupam parte de um país, o Yemen.

E dado que não possuem sistemas defensivos capazes de assegurar a destruição de tudo o que os Houthis lançam de forma a dizer que a navegação civil pode passar em segurança, usam o que têm. Sistemas ofensivos. Bombardeiam o país.

Com isto garantiram a segurança da rota? exactamente o contrário, acabaram por deitar mais gasolina para a fogueira.

Os EUA e os ingleses envolveram-se no conflito para dizerem que estão a fazer algo. Mas a escolha não poderia ter sido pior.

Agora os houthis, vão receber apoio directo ou indirecto de todos aqueles que estão interessados em prejudicar os interesses dos EUA, os interesses de Israel ou de quem os apoia.

A rota vai ficar numa situação ainda mais perigosa, apesar das de toda uma coligação ocidental de navios a proteger e as inúmeras bases americanas em seu redor.


E claro que com toda esta situação, a questão ucraniana já de si complicada, acabou por ficar ainda pior. A Europa vai ter atrasos em entregas, aumentos de preços que conduzirá a um aumento de inflação que será combatida com aumentos das taxas de juro. Ou seja, mais um sinal do que vem aí para as economias europeias e para os europeus.

Com este ataque ao Yemen, os EUA acabaram de dar uma grande ajuda indirectamente à Rússia.

É que se há problemas na rota que usa o canal do Panamá, agora criou-se problemas na rota que usa o canal do Suez, existe uma outra rota alternativa que está em crescimento, mais curta e controlada em absoluto apenas por um país.

O Northern Sea Route. A rota que a Rússia está a investir de uma forma brutal nos últimos anos.

Podemos ver pela imagem anterior que a alternativa que está a ser usada para evitar o canal do Suez é contornar o continente africano, sendo uma viagem significativamente mais longa. A alternativa russa de ligar a Ásia à Europa é mais curta e rápida. Não poderá captar todo o tráfego mas irá acelerar o seu uso que é algo que a Rússia quer.




E a China tem estado a demonstrar um interesse cada vez maior nesta rota. Aliás a China está a ser um dos maiores beneficiários de todos os problemas entre a Europa e a Rússia.

  • Recebe o gás barato que estava destinado à Europa
  • Usa o espaço aéreo russo, tornando as companhias de aviação chinesas mais rápidas e competitivas
  • Usa a ferrovia da Rússia para chegar à Europa
  • Usa o transporte rodoviário para chegar à Europa.

China Pushes Northern Sea Route Transit Cargo to New Record

Strong demand for Russian crude oil in China resulted in record transit cargo on the Northern Sea Route in 2023. More than a dozen shipments delivered 1.5m tons of crude oil from the Baltic Sea to China through the Arctic. In total the route saw 2.1m tons of transit cargo, surpassing the previous high set in 2021.

Navios escoltados por um quebra-gelos nuclear

Transit traffic on Russia’s Northern Sea Route (NSR) has rebounded to new heights. According to data by the Center for High North Logistics, the Arctic’s main shipping corridor saw 75 transit shipments totalling 2.1 million tons of cargo during 2023.

The cargo figure sets a new record and represents a sharp rebound after just 41,000 tons last year when most Western operators stepped away from doing business with Russia...

The transport of natural resources, especially crude oil, iron ore, coal and LNG dominate transit cargo. 

The growth in transit cargo comes as a result of the rerouting of Russian oil from the Baltic to China via the Arctic. Following the EU’s ban on the import of Russian crude at the end of 2022, the country took steps to ship some of its product using the NSR...

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Eu já tenho feito referências a esta nova rota, por exemplo no post O Novo Caminho Marítimo Para A Índia .

Ou seja, é do interesse de muita gente que os EUA fiquem verdadeiramente atolados e que seja demonstrada a sua incapacidade de resolver o problema. Ou seja, a segurança de uma rota marítima.

Está a ser colocado em causa a capacidade dos EUA dominarem os mares. E está a ser feito através de uns rebeldes houthis, um país ao nível apenas um pouco acima do Afeganistão.

Se é mau para a superpotência de topo?

Mau é pouco. É bem pior.

Aguardemos pelos desenvolvimentos.




P.S. A presença americana na Síria.

Os EUA voltaram a fazê-lo. Os EUA que estão no Iraque contra a vontade expressa dos iraquianos e os seus políticos, recusam-se a sair e voltam a atacar e matar em solo iraquiano.

Esta situação deixa pouco margem para os políticos iraquianos que estão a ser cada vez mais pressionados a "convidarem" os americanos a sair definitivamente.

Iraq seeks quick exit of US forces but no deadline set, PM says

Iraq wants a quick and orderly negotiated exit of U.S-led military forces from its soil but has not set a deadline, Prime Minister Mohammed Shia al-Sudani said, describing their presence as destabilising amid regional spillover from the Gaza war.

Longstanding calls by mostly Shi'ite Muslim factions, many close to Iran, for the U.S-led coalition's departure have gained steam after a series of U.S. strikes on Iran-linked militant groups that are also part of Iraq's formal security forces...

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O problema é que a saída dos americanos do Iraque coloca em causa a continuidade da presença americana na Síria, dado que o Iraque está a ser usado para chegar a território sírio.

E se eles deixarem de ter acesso à Síria, a Rússia avança para que Assad controle todo o terrítório incluindo a parte rica em petróleo, trazendo assim para economia síria muito do dinheiro que necessitam.

Além de todos os aspectos negativos de tal acontecimento para os EUA, num ano de eleições então...