sexta-feira, 28 de junho de 2024

Mais Um Passo Para O Precipício VI

 


A situação continua a degradar-se a olhos vistos. Temos agora questão da Crimeia que está a elevar o nível de escalada.

Após o ataque com ATACMS, onde é impossivel ignorar a mão americana, dado que a complexidade para operar este tipo de míssil de modo a concluir com sucesso a sua missão é impossível apenas com intervenção ucraniana, temos uma série de desenvolvimentos.

Rússia protesta contra EUA por ataque à Crimeia com mísseis 'ATACMS'

A Rússia protestou esta segunda-feira junto da embaixadora norte-americana em Moscovo, Lynn Trace, pelo uso de mísseis de fragmentação 'ATACMS' no ataque ucraniano de domingo ao porto de Sebastopol, na Crimeia, que matou quatro civis.

"Os Estados Unidos [...] têm a mesma responsabilidade que o regime de Kiev por este ato maléfico", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em comunicado.

Segundo a diplomacia russa, os Estados Unidos "estão a conduzir uma guerra híbrida" contra a Rússia e tornaram-se parte no conflito "ao fornecerem ao exército ucraniano o armamento mais moderno, incluindo mísseis 'ATACMS' com bombas de fragmentação utilizadas contra a população de Sebastopol".

Além disso, denunciou que a escolha dos alvos e a criação das missões de voo (dos mísseis) são efetuadas por especialistas militares norte-americanos.

A diplomacia russa indicou ter declarado à embaixadora norte-americana que estas "ações de Washington", que têm por objetivo encorajar as autoridades pró-nazis da Ucrânia a prosseguir as ações militares até ao último ucraniano, permitindo ataques em território russo, "não ficarão impunes".

"Responderemos sem falta", avisou a diplomacia russa...

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Aqui diria que o ponto chave, é que foi dito preto no branco e de forma oficial que os EUA passaram a ser considerados como fazendo parte do conflito.

Isto abre um novo leque de possibilidades de confronto directo entre duas super-potências nucleares.

Após estas declarações tivemos uma chamada do secretário norte-americano de Defesa, Lloyd Austin.

Washington tornou-se parte do conflito na Ucrânia ao autorizar Kiev a usar mísseis norte-americanos, diz Moscovo

Esta terça-feira, o secretário norte-americano de Defesa, Lloyd Austin e ministro homólogo russo Andrei Belousov conversaram ao telefone, sobre a crise na Ucrânia. Belousov "citou o risco de uma nova escalada na situação devido às armas americanas fornecidas às Forças Armadas ucranianas", referiu o ministério russo. Moscovo acrescentou ainda que o telefonema foi uma iniciativa de Washington.

De acordo com o Pentágono, esta conversa é a primeira entre as entidades de defesa russas e norte-americanas desde a nomeação de Andrei Belousov para ministro, no mês passado. Foi, inclusive, a primeira ligação desse tipo desde março de 2023.

Os dois lados apresentaram relatos divergentes sobre a discussão telefónica.

Durante a conversa, o secretário norte-americano de Defesa, Lloyd Austin "ressaltou a importância de manter as linhas de comunicação no contexto da guerra", informou o porta-voz do Pentágono, Patrick Ryder, aos reportéres.

Já a Rússia alertou Washington, sobre os perigos do fornecimento contínuo de armas dos EUA à Ucrânia.

Belousov adverte Austin sobre os EUA se terem tornado parte do conflito na Ucrânia a partir do momento que autorizaram Kiev a usar mísseis norte-americanos de longo alcance contra províncias russas e a Crimeia, disse o ministério russo.

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Curiosamente, temos a seguir, (coincidência ou não), um voo de um avião russo para os EUA. O timing da coisa...


A Russian Il-96 from Special Flight Squadron is entering US airspace



A Russian Ilyushin Il-96-300 is about to land at New York JFK.
A Russian Ilyushin Il-96-300 departed Vnukovo International Airport today Wednesday, June 26.

Due to European airspace closure for Russian flights, the aircraft had to fly right to North to avoid Finland then to cross the Atlantic Ocean...


Hoje, temos uma ameaça directa e concreta aos EUA.


Rússia adverte para aumento do risco de confronto direto com a NATO

A Rússia advertiu hoje que os voos de drones militares norte-americanos no Mar Negro para ajudar as forças ucranianas a atacar alvos russos aumentam “o risco de confronto direto” com a NATO e prometeu responder.

O Ministério da Defesa russo afirmou num comunicado que registou recentemente "um aumento da intensidade de voos de veículos aéreos não tripulados dos Estados Unidos no Mar Negro".

Alegou que os drones são utilizados “para reconhecimento e designação de alvos para armas de precisão fornecidas às forças armadas ucranianas” pelo Ocidente para atacar alvos russos.

“Isto aponta para o envolvimento crescente dos Estados Unidos e dos países da NATO no conflito na Ucrânia, ao lado do regime de Kyiv”, disse o ministério, citado pela agência espanhola Europa Press.

Os voos “multiplicam a probabilidade de incidentes no espaço aéreo com os aviões das forças aeroespaciais russas, o que aumenta o risco de um confronto direto” entre a NATO e a Rússia, advertiu.

O ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, “ordenou ao Estado-Maior das Forças Armadas que apresentasse propostas de medidas para responder rapidamente às provocações”, acrescentou.

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Diria que a única maneira de acabar rápidamente com as provocações é abatendo os drones. Agora isto levanta aqui um problema.

Os drones estão a operar em espaço aéreo internacional. O seu abate será algo extremamente agressivo, com grande impacto mediático e uma acção clara que não poderá ser ignorada pelos EUA.

Com estas declarações, cresce a lista dos países que foram directamente e oficialmente ameaçados. Tinha começado pelos franceses e ingleses, junta-se agora os americanos. Todas potências nucleares e membros da ONU com poder de veto.

Das cinco nações com poder de veto na ONU, quatro estão à beira de confrontação directa, duas delas super-potencias nucleares. E as linhas vermelhas neste momento são:

  • Entrada de tropas francesas na Ucrânia
  • Uso de mísseis ingleses em território russo afastado das fronteiras
  • Uso de drones americanos no Mar Negro.

Infelizmente as pessoas não se estão a aperceber da gravidade da situação. Estamos a brincar com fósforos sentados num barril de pólvora.


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Mais Um Passo Para O Precipício V






P.S. Mais submarinos

Tenho usado estes artigos para chamar a atenção para certo tipo de armamento russo. Falei dos submarinos e usei algumas vezes esta imagem:


Para falar sobre alguns dos submarinos russos novos que estão a aparecer. E nesta imagem já chamei a atenção no passado que o único modelo que está a ser usado no conflito da Ucrânia é o que está destacado. Um pequeno submarino a diesel que passou a ter a capacidade de lançar mísseis de cruzeiro.

Todos os outros são para outros tipos de conflito. Como aquele que estamos à beira de desencadear.

Na imagem, podemos ver um modelo de submarino com capacidade de lançar 16 mísseis intercontinentais e um outro com capacidade de lançar 32 mísseis de cruzeiro.

Só que a Rússia tem actualmente modelos mais antigos, alguns deles a serem modernizados. Como a classe Oscar, projecto 949M


Este é um submarino de enormes proporções e tem como principal objectivo atacar as frotas de porta-aviões americanos. Chegou a ser um dos maiores submarinos porta mísseis do mundo e é dos modelos mais conhecidos devido ao que aconteceu a um deles, o Kursk.

A sua capacidade original eram 24 mísseis supersónicos de grandes dimensões, projectados para atingir os porta-aviões.



Mas agora tudo mudou. Ou está a mudar.


Russia's 'Modernized' Oscar-Class Aircraft Carrier Killer Submarine Is Back

Russian state media reported on Wednesday that the Zvezda Shipyard in the Far East has floated the nuclear-powered submarine Irkutsk of Project 949AM Oscar-class of the Pacific fleet. The boat has finally been overhauled and upgraded...

According to the most recent update, the upgraded Irkutsk will carry more than thirty Zircon (NATO reporting name: SS-N-36) scramjet-powered, nuclear-capable hypersonic missiles and over thirty Phisik-2 torpedoes. It is expected that the boat could begin sea trials in the coming months and possibly even be returned to service by the end of the year...

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Embora este artigo sugira de forma um pouco vaga que poderá carregar mais de 30 mísseis hipersónicos, o valor que anda a ser indicado é bem maior. Dado o tamanho dos mísseis antigos e o espaço que ocupavam no submarino, é expectável que transporte o triplo do que levava orignalmente, ou seja, eu estou convencido que é capaz de transportar 72 mísseis e muitas das fontes apontam para isso também.


Ou seja, com a modernização, este modelo que possuia "apenas" 24 mísseis anti-navio, passa para um potencial de 72 mísseis hipersónicos com capacidade de atacar alvos tanto no mar como em terra. E podem ser mísseis nucleares.

É fazer as contas ao potencial destrutivo que estes submarinos passaram a ter. Não há nada parecido no activo. E pelos vistos já foi para o mar para ser testado, ou seja, está realmente para breve a sua reactivação.

Russian Nuke Submarine ‘Irkutsk’ Enters The Sea

The nuclear submarine (APL) “Irkutsk” of project 949AM of the Pacific Fleet (TOF) went for factory sea trials after repair and modernization, reported TASS on the sidelines of the International Naval Salon (IMVS) “Flot-2024”.

An unknown source in the shipbuilding industry reportedly informed TASS, “Repair and modernization of the Irkutsk submarine at the Zvezda plant in Primorye is almost completed. The boat went to the factory sea trials.” Neither TASS nor EurAsian Times could independently verify these claims.

Earlier, another source told TASS that the submarine “Irkutsk” was supposed to go for sea trials in June. At that time, the source said there was anticipation that the submarine would perform test launches of the Zircon hypersonic missile from the surface and underwater position...

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Sim, este é o panorama. 

A situação complica-se a olhos vistos.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Guerra Das Cimeiras

 



E o vencedor é...


Putin.


Vou falar um pouco sobre esta Cimeira da Paz, como é possível ter este nome não estando um dos envolvidos.

  • Presença de uns 90 países e organizações (alguns países não chegaram a comparecer).
  • Rússia não foi convidada.
  • China não foi.
  • Brasil com estatuto de observador.
  • Alguns países fizeram declarações que a Rússia deveria estar presente.
  • Declaração final pífia, a questão do acesso ao mar de Azov roça o anedótico, pois a Ucrânia perdeu totalmente o acesso ao mesmo.
  • Nem todos os países assinaram a declaração final.
  • Nenhum país dos BRICS o assinou.
  • Vaticano apesar de estar representado não consta também.
  • Tópico principal da cimeira foi a proposta de paz de Putin.

Depois de ser anunciado que a declaração final foi assinada por 80 países, é feita uma correcção.


Algo aconteceu, pois tanto o Iraque como a Jordânia foram retirados da lista. A nível de curiosidade, é ver as instituições europeias em peso. Para parecerem muitos...

Ou seja, do total de 160 convites lançados, chegou-se ao final com menos de metade na assinatura da declaração final.


SWITZERLAND AWAITING CONFIRMATIONS FROM 160 PEACE SUMMIT INVITEES

Switzerland has invited over 160 delegations of heads of state and governments to the Global Peace Summit. According to the Swiss Federal Department of Foreign Affairs, the list will be published shortly before the Summit begins...

The invited participants include members of the G7, G20, and BRICS, countries from all continents, the EU, international organizations such as the UN, OSCE, and the Council of Europe, and two religious representatives from the Vatican and the Ecumenical Patriarch of Constantinople.

Russia has not been invited to the meeting...

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Agora, vamos dar uma olhadela a eventos na Rússia.

Quantos países compareceram a um evento na Rússia, uma semana antes? 136.




War, what war? Putin looks to woo new business partners willing to overlook its invasion of Ukraine

Russia’s annual economic forum in St. Petersburg used to be known as the country’s “Davos” in a nod to the World Economic Forum that’s held in Switzerland every year.

SPIEF has been blacklisted by most Western businesses and politicians since Feb. 24, 2022, when Russian forces invaded Ukraine. But Russia is keen to show it’s open to business from elsewhere...

Representatives from 136 countries are reportedly attending the forum that runs from June 5-8, Russian presidential foreign policy aide Yuri Ushakov told reporters ahead of the forum...

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136 países estiveram representados num evento (SPIEF 2024) há pouco mais de uma semana atrás na Rússia. 



E que mais está a acontecer na Rússia? os BRICS Games.



Este evento decorre entre 12 e 23 de Junho e conta com perto de 100 países participantes.









Curiosamente e espreitando o video de abertura, vejo que pelo menos alguns países europeus participam.

Alemanha e Itália pelo menos. O que é bastante interessante.

Também aparece Israel e Palestina. Deveras interessante.

E... Portugal. Não fazia a mínima ideia. Nunca ouvi cá notícias sobre a coisa. Não me digam que estamos a fazer isto às escondidas...



É possível verificar neste vídeo:



Ou seja, estes dois eventos na Rússia, atrairam mais países que a cimeira da paz patrocinada pelos "amigos" da Ucrânia.

Uma coisa é certa.

Não podem insistir na narrativa de que a Rússia está isolada. Ao fim de mais de dois anos de conflito, há coisas que não se conseguem esconder.

Por mais que se tente.




P.S. Os mísseis de Cuba 2

Bem, parece que Cuba tem mísseis. E desta vez hipersónicos. Sem dúvida um lembrete de que não se está a medir forças com um Iraque, uma Síria ou uma Líbia...


P.S.2. Não é só Cuba.

Enquanto os olhos estão todos postos no submarino nuclear em Cuba, os russos estão a fazer exercícios um pouco mais perto. Aqui no Mediterrâneo com o Egipto. E estão a usar navios da sua frota do Pacífico. Ou seja, a sua frota do Mar Negro não pode sair, a do Báltico está ocupada com os exercícios da NATO e com isto parece quererem demonstrar que podem trazer navios de outras paragens. 

Recados. 

E muitos.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Um Breve Olhar Para A Economia Russa VIII

 


Já passou quase um ano desde que falei sobre este tema. Com mais de dois anos de guerra e milhares de sanções em cima, a coisa deve estar mal.

Ou não.

Vou recordar as previsões do FMI que referi no último post em Agosto de 2023:


  • Previsão de Abril de 2022

    - A previsão para 2022 seria uma queda do PIB na ordem dos 8,5 %
    - A previsão para 2023 seria uma queda do PIB na ordem dos 2,3 %

  • Previsão de Julho de 2022

    - A previsão para 2022 seria uma queda do PIB na ordem dos 6 %
    - A previsão para 2023 seria uma queda do PIB na ordem dos 2,5 %

  • Previsão de Outubro de 2022

    - A previsão para 2022 seria uma queda do PIB na ordem dos 3,4 %
    - A previsão para 2023 seria uma queda do PIB na ordem dos 2,3 %

  • Previsão de Janeiro de 2023

    - A previsão para 2022 seria uma queda do PIB na ordem dos 2,2 %
    - A previsão para 2023 seria uma subida do PIB na ordem dos 0,3 %

  • Previsão de Abril de de 2023

    - 2022 teve uma queda do PIB de 2,1%, quando se previu no início uma queda de 8,5%
    - A previsão para 2023 será uma subida do PIB na ordem dos 0,7 % (+ 0,4 %)

  • Previsão de Julho de 2023

    - A previsão para 2023 será uma subida do PIB na ordem dos 1,5 % (+ 0,8 %)


Se olharmos, há uma tendência nítida. As previsões para a Rússia, são sempre extremamente pessimistas. E â medida que se vão aproximando, vão corrigindo as previsões. É a meu ver uma tentativa deliberada de mostrar de uma forma negativa a economia russa, que só meses depois é que se vai descobrir que a coisa não é bem assim.

Podemos ver que a primeira previsão para 2023, indica uma queda de 2,3%, a previsão de Julho já indicava uma subida de 1,5%. 

Entretanto, este ano o FMI no início do ano, corrigia novamente a previsão e já dava uma indicação de subida de 3,0%, para 2023.


E finalmente, quando já não podia atrasar mais a informação sobre o verdadeiro estado da economia russa, indica o real valor. A economia russa, ao contrário da primeiro estimativa de queda de 2,3% , cresceu 3,6%.


E estão a fazer exactamente o mesmo para as projecções de 2024 e 2025. Se olharem para as duas imagens, a previsão para 2024 começa com uma subida de 2,6% e 2025 uma subida de 1,1%, na segunda imagem corrigem para 3,2% e 1,8%. Já que não se pode apontar para uma queda, pelo menos a subida não vai ser tão positiva.

Vejamos um artigo da Reuters em Outubro de 2023:

IMF lowers Russia 2024 GDP growth forecast to 1.1%

Russia's economy will grow by 1.1% in 2024, slower than previously forecast, the International Monetary Fund said, after significant spending and resilient consumption in a stretched labour market support growth of 2.2% this year.

Moscow plans to allocate almost a third of increased budget spending next year to defence as it diverts more resources towards its invasion of Ukraine. Reuters reported exclusively in August that Russia had doubled its 2023 defence spending target...

...the IMF lowered its forecast from 1.3% for 2024, giving Russia the weakest projections in its list of major emerging market and developing economies...

[Link]

Como o artigo chama a atenção, o FMI dá a projecção mais fraca à Rússia das economias em desenvolvimento.

Mas quando o FMI, teve que anunciar o real crescimento para 2023, qual a previsão para 2024...?

Russia is expected to grow faster than all advanced economies this year

Russia’s economy is expected to grow faster than all advanced economies this year, according to the International Monetary Fund.

Russia is expected to grow 3.2% in 2024, the IMF said in its latest World Economic Outlook published Tuesday, exceeding the forecast growth rates for the U.S. (2.7%), the U.K. (0.5%), Germany (0.2%) and France (0.7%).

The prediction will be galling for Western nations which have sought to economically isolate and punish Russia for its 2022 invasion of Ukraine...

[Link]

A Rússia passou de uma previsão de ser a mais fraca dos países em desenvolvimento para uma previsão de crescimento mais rápido do que todas as economias avançadas!

E enquanto puxa sempre para baixo a economia russa, o que anda a acontecer às economias avançadas, com destaque para as europeias...?

Exactamente o contrário. Tenta-se sempre dar a ideia que as coisas estão melhor do que estão na realidade.

E um dia vamos ser confrontados com duras surpresas...

E quanto às reservas monetárias da Rússia?

Toda a gente ouve falar que metade está cativo no Ocidente. Até hoje, ninguém tocou nessas reservas. Agora fala-se em querer usar os juros, para já não há notícias de que até isto tenha sido usado.

E a outra metade que não está cativa? A Rússia tem estado desesperamente a gastar dado os tempos difíceis que atravessa, isolada, sem acesso ao SWIFT, preço tecto no petróleo, etc, etc?

Espreitemos o gráfico.


Os valores estão em máximos, a rondar os 600 mil milhões. A Rússia não tem estado a gastar o dinheiro que juntou para emergências.

Bem, se calhar tem estado a gastar o ouro que tem acumulado, coisa que chamei a atenção por aqui em vários posts.

Espreitemos o gráfico:


Os valores também estão em máximos. Se olharmos com atenção para o gráfico, as reservas até aumentaram um pouco após o início do conflito. Portanto a Rússia também não tem estado a usar o ouro que juntou para emergências.

E parece que a aposta que a Rússia fez nos últimos anos em investir em ouro, está a dar os seus frutos, tal como chamei a atenção no início deste ano (Uma Questão De Ouro V), a Rússia em 10 anos duplicou as suas reservas, sendo o 5º pais com maior reservas de ouro no mundo. Espreitemos o gráfico do preço do ouro nos últimos 10 anos:


É olhar para os valores em 2014 e comparar com os de agora. Como se costuma dizer, uma imagem vale realmente por mil palavras. E onde está todo este ouro...? Onde ninguém o possa tocar. Na Rússia.

E muita gente está a ver que a política russa é a mais acertada para este assunto...

More Countries Repatriating Gold Amid Geopolitical Tensions

As geopolitical tensions rise around the globe, capital markets are seeing a repatriation of gold. And the precious metal's price continues to climb. So investors may also want to keep the metal close to home in their respective portfolios.

You’re seeing this move from West to East, where historically speaking, a lot of Western countries have been countries were gold was stored. And this is now changing because of what happened with Russia and Ukraine,  and the U.S. imposing sanctions on Russia," said Jonathan Awde, president and CEO of Dakota Gold Corp, in an interview with Quartz.

"A lot of countries are saying, all right, we’ve seen your playbook. We don’t want to have gold stored in other countries," he added. "We want to have gold stored in our own country. So in case we have or do something that goes against your foreign policy, we don’t have our gold confiscated.”

This repatriation of gold was sparked by Russia's invasion of Ukraine in 2022. In a 2023 survey by Invesco, per a Reuters report, sovereign wealth funds and central banks were forecasting more inflation as well as a rise in geopolitical tensions. This brought in more gold and a rise in central bank buying...

[Link]

A coisa está a sair muito cara aos países que estão no topo do mundo. Muito cara. Por exemplo o que decidiu recentemente a Índia, um dos membros BRICS...?


India repatriates over 100 tonnes of gold from BoE to RBI vaults, amount could double in coming months

Over 100 tonnes of gold have been moved from the United Kingdom to the Reserve Bank of India’s (RBI) vaults in one of the most ambitious transfers of the precious metal ever undertaken, and that amount could double in the coming months, according to a report from the Times of India published Friday.

Up until now, over half of the RBI’s gold reserves were being held with the Bank of England (BoE) and the Bank of International Settlements (BIS) overseas, but the Indian government has begun the process of repatriating the country’s bullion holdings.

The Bank of England has long served as the storehouse for the bullion reserves of a large number of central banks, including those of India, with some of the country’s gold reserves housed in the UK since before Independence in 1947...

[Link]


O mundo está a mudar. E muito.

E a economia russa...




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Um Breve Olhar Para A Economia Russa VII






P.S. O F-35


O nosso tenente-general João Cartaxo Alves, agora o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, parece estar todo entusiasmado e quer uns avioezinhos novos. E nada melhor que o F-35. Que é sómente o caça mais caro do mundo.

Parece que afinal, Portugal está a nadar em dinheiro. E tem que ter um avião a condizer. O entusiasmo é muito, mas se calhar é melhor fazer algumas contitas e ver os tostões que temos na carteira. É que não é só a questão de termos que gastar uma verdadeira pipa de massa para os comprar, é ter a capacidade de os manter. E se os próprios americanos se queixam...

Vamos dar uma olhadela ao que o GAO (U.S. Government Accountability Office), disse há coisa de um mês:


F-35 Sustainment:

Costs Continue to Rise While Planned Use and Availability Have Decreased

The F-35 aircraft is DOD's most advanced and costly weapon system. DOD currently has about 630 F-35s, plans to buy about 1,800 more, and intends to use them through 2088.

We reported in this Q&A that DOD's projected costs to sustain the F-35 fleet keep increasing—from $1.1 trillion in 2018 to $1.58 trillion in 2023. Yet DOD plans to fly the F-35 less than originally estimated, partly because of reliability issues with the aircraft. The F-35's ability to perform its mission has also trended downward over the past 5 years.

We've made 43 recommendations to improve the F-35 program in recent years. DOD has yet to implement 30 of them.

DOD's projected costs for sustaining the F-35 continue to increase while planned use of the aircraft declines. Specifically:

Sustainment cost estimates have increased 44 percent, from $1.1 trillion in 2018 to $1.58 trillion in 2023.

The Air Force, Navy, and Marine Corps' have made progress in meeting their affordability targets (i.e., the amount of money they project they can afford to spend per aircraft per year for operating the aircraft). This is due in part to the reduction in planned flight hours, and because the Air Force increased the amount of money it projects it can afford to spend. DOD currently estimates the Air Force will pay $6.6 million annually to operate and sustain an individual aircraft. This continues to be well above the $4.1 million original target. In June 2023, the Air Force increased the amount of money it can afford to spend per F-35 aircraft to $6.8 million per year...

[Link]

Portanto vamos a ver, os americanos estão cada vez a achar menos piada aos custos exorbitantes deste avião de luxo. Os custos estimados para operar e manter apenas UM F-35 por ano, ronda os 6,6 milhões de dólares. E este valor é em casa para os americanos.

Aqui para os tugas, o preço deste limão, deve estar no segredo dos deuses.

Dou uma sugestão.

Ofereçam um kit para o nosso novo chefe do Estado-Maior da Força Aérea poder brincar. Com pilhas, para fazer barulho e acender umas luzes.

Com o resto do dinheiro podem oferecer um ferrari a cada português.

Sai (bem) mais barato.