Eu gosto muito aviões. E dedico especial atenção a eles. No que respeita a aviões civis, acompanho com muito interesse três projectos. O Boeing 787, o Airbus A380 e o Sukhoi SuperJet.
Há dois anos atrás, escrevi um artigo bastante crítico sobre este avião e no início deste ano voltei a falar do projecto. Dado que saiu notícias sobre os resultados da Boeing e eu ainda não tenho nenhum artigo no blogue sobre este assunto, penso ser uma boa altura para escrever um pouco sobre o que acho deste novo Boeing.
Antes de mais, é importante realçar que no meu ponto de vista, este Boeing representa um pouco o estado em que os EUA se encontram, com muitos problemas e más opões tomadas, os anos vão passando e continuo a pensar exactamente o mesmo.
Apesar de gostar muito de aviões, sou muito crítico deste, ou da maneira como as coisas estão a ser feitas. Prometido como um avião revolucionário, onde hoje se pode dizer que toda a gente ouviu falar dele, tal a pressão mediática em cima dele. Mas tudo o que foi dito foi com o avião no papel, uma coisa é prometer, outra coisa é mostrar a coisa. Os pontos principais onde tenho críticas sobre este avião são os seguintes:
1 - Avião radicalmente novo. Aplicação de novos materiais usados, onde muita coisa ainda está em teoria, com muitas dúvidas sobre o comportamento do material.
2 - Pressa na entrega. Devido ao agressivo marketing feito e datas irrealistas, a Boeing está disposta a sacrificar tempo de testes, para cumprir prazos. A Boeing esquece-se da sua principal função que é construir aviões e não satisfazer accionistas que não querem ver as suas acções descerem. A credibilidade da Boeing poderá ficar sériamente em risco, com o que se tem feito com este avião.
3 - Além de resolverem fabricar um avião de construção radical, juntaram a isto um novo processo de fabrico que reparte a construção do avião pelos quatros cantos do mundo. A Boeing passa a estar dependente de várias empresas estrangeiras e nunca a Boeing fez tal coisa com os seus aviões.
4 - O modelo não reduz o número de aviões no ar. Eles argumentam eficiência em termos de combustível (coisa ainda a ser vista), mas não reduzem o tráfego. Isto o A380 faz. E eu sou da opinião que é necessário diminuir tràfego devido à saturação dos aeroportos. Demasiados aviões no mesmo sítio.
787 unsafe, claims former Boeing engineer
Este foi um artigo interessante que apareceu em 2007, onde é referido um engenheiro da Boeing que foi despedido.
"Boeing 787 Dreamliner 'could be unsafe'
BOEING'S new carbon-composite 787 Dreamliner plane may turn out to be unsafe and could lead to more deaths in crashes..."
"...The new plane, which is mostly made from brittle carbon compounds rather than flexible aluminum, is more likely to shatter on impact and may emit poisonous chemicals when ignited..."
"...The problem is all the unknowns that are being introduced and then explained away as if there is no problem,'' said Vince Weldon, a former Boeing engineer..."
"...We do an exceptional amount of testing,'' said Lori Gunter, a spokeswoman for Boeing's commercial plane unit. "Absolutely, these materials are safe. They are tested, they will be certified.''..."
"...Federal Aviation Administration (FAA) must find the 787 to be as crashworthy as aluminum planes..."
"...first test flight between mid-November and mid-December after a three month delay due to a shortage of bolts and problems programming the flight control software..."
Nós aqui temos a referência do atraso do 1º voo, e onde é indicado que em Novembro/Dezembro de 2007, já com um atraso de 3 meses se iria efectuar o vôo. Dois anos depois estamos exactamente no mesmo ponto, é suposto agora, após sucessivos adiamentos, o 1º vôo acontecer em Novembro/Dezembro de 2009.
"...The first 787 is due to be delivered to Japan's All Nippon Airways in May next year, meaning it will have at most six months of flight tests, much shorter than previous jetliner programs..."
"...Vince Weldon was sacked in July 2006 from his post as senior aerospace engineer at Boeing's Phantom Works research unit for "disputed reasons". He argues that "without years of further research, Boeing shouldn't build the Dreamliner and that the Federal Aviation Administration (FAA) shouldn't certify the jet to fly"..."
"...Weldon's allegations are detailed in a letter to the FAA, which claims:
The brittleness of the plastic material from which the 787 fuselage is built would create a more severe impact shock to passengers than an aluminum plane, which absorbs impact in a crash by crumpling. A crash also could shatter the plastic fuselage, creating a hole that would allow smoke and toxic fumes to fill the passenger cabin.
The recently conducted crashworthiness tests — in which Boeing dropped partial fuselage sections from a height of about 15 feet at a test site in Mesa, Ariz. — are inadequate and do not match the stringency of comparable tests conducted on a 737 fuselage section in 2000.
The conductive metal mesh embedded in the 787's fuselage surface to conduct away lightning is too light and vulnerable to hail damage, and is little better than a "Band-Aid."..."
"...FAA spokesman Mike Fergus confirmed earlier this week the 787 will "not be certified unless it meets all the FAA's criteria, including a specific requirement that Boeing prove passengers will have at least as good a chance of surviving a crash landing as they would in current metal airliners"..."
"...Indeed, if the 787 took to the air in mid-November, Boeing would have just six months to complete the flight test and certification program - compared to 11 months for the 777..."
Problemas e mais problemas para o Boeing 787. Após sucessivos adiamentos e várias explicações, no início deste ano, surge uma notícia bastante interessante, que me "obrigou" a escrever novamente sobre ele. A FAA (Federal Aviation Administration) ajusta as suas regras de modo a poder "passar" o 787. Se eu já sou muito negativo sobre este avião, isto deixou-me muito pessimista e perplexo por este cumplicidade por parte da FAA. Algo não está nada bem com este avião e com tudo o que gira à volta dele.
FAA to loosen fuel-tank safety rules, benefiting Boeing's 787
"The Federal Aviation Administration (FAA) has quietly decided to loosen stringent fuel-tank safety regulations written after the 1996 fuel-tank explosion that destroyed flight TWA 800 off the coast of New York state.
The FAA proposes to relax the safeguards for preventing sparks inside the fuel tank during a lightning strike, standards the agency now calls "impractical" and Boeing says its soon-to-fly 787 Dreamliner cannot meet.
Instead of requiring three independent protection measures for any feature that could cause sparking, the revised policy would allow some parts to have just one safeguard.
Boeing has worked closely with the FAA to make the change in time for the 787 Dreamliner, whose airframe built of composite plastic makes lightning protection a special challenge..."
O ano de 2009 não está a ser um bom ano para a Boeing, devido principalmente a este novo avião. Várias situações ocorreram que pioraram ainda mais a situação que serão analisadas no artigo seguinte.