Gripen - O Novo Caça Brasileiro
O Brasil tem grande experiência em novelas e esta questão dos novos aviões para o Brasil, tem sido uma novela daquelas. Eu há anos que acompanho a evolução do concurso para a compra dos aviões (perto de 15 anos, ainda com Fernando Henrique Cardoso, na presidência!), e interrogo-me se estamos mesmo no fim. Surpreendido por chegar onde chegou, estou. Porquê? porque não me parece nada, mas nada, uma boa escolha para este enorme país.
O Brasil é um país de grandes dimensões e este avião não é na minha opinião adequado para estas distâncias, o potencial de crescimento do Brasil, pede algo mais possante. O Brasil está a tornar-se num gigante fornecedor de energia e o mundo tem andando agressivo para com fornecedores energéticos que controlam em "demasiado" os seus recursos energéticos.
Á medida que o mundo cresce no consumo de energia, os produtores necessitam de proteger as suas riquezas naturais e o Brasil poderá no futuro ficar em alguma situação delicada pelo o controlo das suas riquezas.
Comprar um caça sueco, que usa componentes de outros países e um motor americano, parece-me uma má opção para garantir a independência e operacionalidade dos mesmos. Os EUA colocaram no chão a Força Aérea Venezuelana no chão, ao não permitir a manutenção dos F-16. Ou seja, de acordo com as opções políticas de um país, este pode ou não ficar entalado com o material que tem.
Parece-me que o Brasil, bem pode arranjar um "31" com estes caças suecos. Se as opções políticas forem positivas para as relações com os EUA, a coisa vai bem, mas se não fôr...
Dado que o Brasil tem feitos contratos significativos com um grande consumidor energético, concorrente dos EUA, a China, em caso de maiores pressões políticas, será fácil fazer ao Brasil, o mesmo que fizeram à Venezuela.
O Brasil como grande fornecedor energético, na minha opinião não deveria depender militarmente de um grande consumidor, isto se quiser manter uma política independente deste.
Na minha opinião, seria preferível ficar com os caças franceses, onde haveria menos risco de ser bloqueado algum componente essencial. Pois os franceses regra geral fabricam, sem estarem dependente de terceiros.
Isto para não falar dos russos, que também estiveram no concurso e depois sairam. Dos BRIC (Brazil, Rússia, India e China) o único que não tem os sukhoi é o Brazil, e o avião está pensado para grandes distâncias, como todos estes países o são. Seria a opção mais interessante a meu ver, embora políticamente compreendo a enorme pressão política que recairia sobre uma decisão destas. O Brasil iria ter com problemas com os EUA.
Agora uma coisa é certa, teria menos problemas com um produtor de armamento que não anda a percorrer o mundo à procura de energia. Nunca se sabe o dia de amanhã.
Vamos a ver se a coisa corre bem com os Gripen.
Espreitar artigos mais antigos onde foco este assunto:
Entendo pouquíssimo do assunto, mas vou tentar trazer algumas informações. Lula tinha feito uma opção política pelo Rafale, todos achavam que a compra estava certa. Mas, numa guinada de 180 graus, Dilma optou pelo Gripen. Algo estranho, pois ainda que o presidente tenha mudado, o partido era o mesmo (PT), logo esperava-se continuidade. Há boatos alegando que, como o Sarkozy não apoiou o pacto nuclear do Irã, intermediado pelo Brasil e Turquia, o Lula ficou ressentido. A França já é grande parceira na área militar, inclusive fornecendo tecnologia pro futuro submarino nuclear; ou seja, com o Rafale, a aliança seria bem forte. Mas a opção técnica, elaborada pela Aeronáutica, sempre foi pelo Gripen. Por isso, por mais que critiquemos a escolha, ela parece razoável, pois os militares brasileiros estão a par das nossas necessidades e, principalmente, das nossas limitações. Parece que dois motivos foram decisivos pela escolha técnica do Gripen:
ResponderEliminara) Foi o que mais ofereceu transferência de tecnologia. Na época da ditadura militar, tínhamos uma indústria de defesa, que não era de ponta, mas estava crescendo. Porém, com tempo foi desmantelada. Os nossos militares sempre alimentaram o grande sonho de ressuscitá-la. É a prioridade. Além disso, a EMBRAER é a principal empresa civil de tecnologia, daí o grande interesse em desenvolver uma indústria militar aeronáutica, que possa ser aproveitada na área civil também. No entanto, como vamos conseguir exportar para a América do Sul, se os países bolivarianos são embargados pelos EUA? São os nossos únicos potenciais compradores, pois os pró americanos, como Chile e Colômbia, provavelmente comprarão caças americanos. Talvez sobre o Peru, mas eles compram muita arma russa. Há pouco tempo a Venezuela quis comprar o nosso Super Tucano que, embora seja nacional, possui equipamento americano. Os EUA embargaram e o BR não pôde vender. A Argentina já manifestou interesse pelo Gripen, mas muitos componentes são ingleses, logo certamente será embargado. O mercado africano provavelmente ficará para a África do Sul, que também tem parceria com a Suécia.
b) Baixo custo na compra e, principalmente, operacional. O orçamento dos militares é baixíssimo, logo eles sabem que não adianta ter equipamentos top de linha, se não tiverm $$ para a manutenção. A ironia é que o valor do contrato saiu 1 bilhão mais caro do que o inicialmente divulgado.
Nos fóruns, havia muita torcida pelo Rafale. Muitos criticam o fato do Gripen não ter sido testado devidamente, e ser apenas "um projeto e não um produto final". 36 caças também são insuficientes, devido ao tamanho do país.
Comprar produto europeu, que usa produto americano, é ficar refém dos americanos; além da influência que eles fazem sobre os europeus, haja vista o recente caso do Mistral. Mas mesmo assim os militares brasileiros compram muito produto europeu, na tentativa de diversificar nossa dependência. Ingenuidade deles, talvez? A única saída seria comprar armamento russo, mas temo que haja preconceito, pois os nossos generais são do tempo da Guerra Fria. Historicamente somos "aliados" dos EUA, além da proximidade diplomática; por outro lado, a nossa relação econômica com a Rússia é pífia, eles têm pouco a nos oferecer. Recentemente, os russos nos convidaram para a Biatlo de tanques, mas os militares deixaram o assunto congelado, aguardando as eleições. Resta ver se a Dilma irá nos aproximar ainda mais deles. A compra do Pantsir-S1 é certa.
Um potencial problema no futuro com os americanos pode ser a China. Os chineses já são nossos principais parceiros, exportamos pra eles o dobro do que para os EUA. E a tendência é isso aumentar cada vez mais, em virtude da complementaridade de nossas economias. Ou seja, pela primeira vez, os chineses podem se tornar mais importantes pra nós do que os americanos. Que reviravolta! Porém, num eventual conflito sino-americano, os EUA podem exigir que nós paremos de negociar com os chineses. Além de ser um acinte à nossa soberania, seria trágico pra nossa economia. Como a Marinha poderia defender o nosso comércio marítimo? Impossível!!! As nossas FAs não tem rival regional, mas são inoperantes frente à uma ameaça extra-regional (leia-se EUA, pois China e Rússia não têm poder de ação no continente americano, em razão da Doutrina Monroe, os americanos não admitem ingerências hostis em "seu" continente). Não há muito que possamos fazer. Os militares apenas capricham no treinamento de selva na Amazônia. Como temos uma população muito grande, podemos criar um exército de resistência, com técnicas assimétricas, de guerrilha, que imponha um custo muito alto a eventuais tentativas de ocupação. Só isso, pois mesmo com a modernização das FAs, os investimentos ainda são muito baixos.
ResponderEliminarCaro BrazilianMan,
ResponderEliminarVamos a ver o que o futuro tem para nos dizer. Na minha opinião, o Gripen tem demasiados componentes estrangeiros. Ou seja, cada avião vendido, terá que ter autorização americana.
E quanto a transferência tecnológica, ainda vamos ter que ver o que significa, pois muitas partes estarão inacessíveis para os brasileiros.
Definitivamente a coisa não me agrada.
Vamos a ver daqui a uns anos, como estará este assunto.