sábado, 31 de dezembro de 2022

Mais Um Passo Para O Precipício III

 


Vou terminar o ano com alguns pensamentos sombrios. Infelizmente estou bastante apreensivo até onde poderá ir a escalada e diria que a hipótese da Europa ser arrastada para conflito, cresce de forma significativa.

Esta sequência de posts tem fornecido alguma informação sobre as capacidades militares crescentes da Rússia e pretendo fazer uma nova actualização, para termos bem a noção de como uma nação envolvida numa guerra e debaixo de sanções económicas, prossegue o seu caminho.

Foi entregue à marinha um novo submarino nuclear estratégico.


Como já referi nos posts anteriores, os únicos que estão a ser usados na Ucrânia é o assinalado a vermelho (o que está do lado direito dele, suspeito que em breve irá também ter o seu baptismo de fogo).

O submarino que foi entregue agora, não está destinado para a Ucrânia, está sim destinado a nós, caso as coisas corram mal, muito mal.



E no mesmo dia em que este foi entregue à Marinha, um outro foi colocado na água para dar início aos testes, previsão de entrega, 2023.

Quanto à aviação estratégica, a Força Aérea recebeu dois TU-160, que são os maiores bombardeiros nucleares do mundo.

Um deles foi completamente modernizado, o outro é a novidade, pois é um novo. A Rússia retomou a construção destes gigantes. É a primeira vez que a Rússia constroi um destes depois da queda da URSS e pensava-se que a capacidade de os construir de novo estaria perdida.




Apesar de serem aviação estratégica, estes estão a ser usados nas salvas de mísseis para a Ucrânia. Dado que cada um transporta 12 mísseis, podemos juntar à contagem que tenho andado a fazer ultimamente com as novas plataformas que os militares passam a ter à sua disposição.Portanto na última contagem ia em 66, adicionamos agora mais 24, passando a estar disponível 90 mísseis.

90 mísseis apenas com as plataformas que sairam recentemente. Felizmente que todos nós sabemos que estão sem mísseis desde Março e a cada semana que passa, há sempre um especialista a dizer que são mesmo alguns restinhos de mísseis que para lá têem...

A previsão é que pretendem entregar 3 novos destes por ano, e para o ano já vamos verificar se têm de facto a capacidade de produzir a este ritmo.

Também a juntar às fileiras estão os novos caças SU-57 de 5ª geração. Parece que foram entregues 4 à Força Aérea.


Estes também não estão destinados à Ucrânia. Estão para nós.

Tal como os novos ICBM's (RS-24 Yars), dois entregues este mês e colocados em estado de prontidão.


E claro, temos o novo e gigantesco míssil de 200 toneladas. Foi anunciado que para o ano vai começar a ser entregue, havendo a indicação que já estão a ser preparados os silos para receber estes gigantescos mísseis.




Todo o arsenal militar russo está a ser modernizado. E a maior parte destas armas que referi não são para ser usadas na Ucrânia.

Estas armas são aquelas que podem ser usadas em ultimatos.

Como aquele ultimato de Dezembro de 2021.



Desejo a todos e respectivas famílias um bom 2023 e o melhor que posso desejar é que cheguemos todos a 2024.



Posts anteriores sobre o tema:

Mais Um Passo Para O Precipício

Mais Um Passo Para O Precipício II

Os Mísseis Acabaram E Alguém Se Esqueceu De Avisar A Rússia

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Guerras Energéticas: O Preço Do Petróleo Russo II


E cá estamos. Chegou a resposta russa ao limite imposto por vários paises Ocidentais. Convém reler o post anterior (Guerras Energéticas: O Preço Do Petróleo Russo) sobre as dependências da Europa a nível de petróleo russo.

Vamos a alguns detalhes interessantes e onde uma vez mais prevejo que a Europa se enfiou em mais um buraco de onde será difícil de sair.

...EU and Australia agreed to set a limit on the price of Russian oil at $60 per barrel. Back in May, the EU announced a ban on Russian seaborne crude oil. The 27-member bloc also said a ban on imports of refined petroleum products will be enforced from February 5...

... The ban covers more than two-thirds of Russian oil imports coming into the EU, according to European Council President Charles Michel...

... While the EU’s oil embargo also applies to EU operators that insure and finance ships carrying Russian crude oil around the world, it does not apply to Russian oil imports coming into the bloc through pipelines.

The Druzhba oil pipeline, which began operating in 1964, has been supplying Russian oil to many Central and Eastern European countries, including Germany, Poland, Hungary, Slovakia, the Czech Republic and Austria...

... In 2021, the EU imported $74.8 billion of crude oil and refined oil products from Russia...


A Europa resolveu aplicar sanções apenas ao petróleo exportado via marítima. Mas o petróleo que recebe directamente e exclusivamente para si não foi incluido nas sanções, ou seja, a Europa não toca nos pipelines que transportam o petróleo vindo da Rússia.

Aqui começam os problemas. É que a Rússia decidiu que quem aderisse a este esquema, não receberá petróleo nenhum. E nenhum, não é apenas o que é enviado via marítimas mas também o que é enviado pelos oleodutos, os tais que a Europa não incluiu...

President Vladimir Putin has delivered Russia’s long-awaited response to a western price cap, signing a decree that bans the supply of crude oil and oil products to nations that impose the cap.

The ban will come into effect on 1 February and last for five months, according to the decree published on Tuesday on a government portal and the Kremlin website.

In early December, the G7, the European Union and Australia agreed to a $60-per-barrel price cap on Russian seaborne crude oil because of Moscow’s “special military operation” in Ukraine...

[Link] 

A Rússia é o maior fornecedor de petróleo da Europa. Para o caso da Alemanha este é o panorama da origem do petróleo que importam:


É nítido quem é o principal fornecedor...

E aqui fica o mapa dos oleodutos que alimentam a Europa. E nitidamente o que vai fechar será o que passe pela Ucrânia e Polónia.


E nesta imagem temos uma ideia das quantidades enviadas para cada país.


Portanto, os países que aderiram ás sanções, vão ter agora que ir procurar alternativas. Que será complicado por via marítima, mas para países que não têm acesso ao mar, será catastrófico.

E quanto à Ucrânia, tem um pormenor curioso:


O que está marcado a verde é a rede de oleodutos. Que no caso da Ucrânia, o único ponto de entrada por via marítima é por Odessa. O que uma vez mais é uma razão para que a Rússia também vá tirar este pedaço de território à Ucrânia.

Afinal este porto, serve como porta de entrada para petróleo de outras zonas.




O que vem aí? Mais problemas para a Europa.

E já em Janeiro.

2023? Vamos ter saudades de 2022...



P.S
Entretanto saiu mais um submarino do forno.


No post anterior tinha falado em 56 mísseis em novas plataformas. Passamos agora para 66 mísseis...

domingo, 18 de dezembro de 2022

Os Mísseis Acabaram E Alguém Se Esqueceu De Avisar A Rússia

 



Ontem, já não me lembro em que canal, vi mais um "expert" a dizer que os mísseis estavam mesmo no fim e que teriam capacidade para fazer apenas mais uns 4 ou 5 ataques semelhantes. Só faltou dizer que nem valeria a pena os americanos enviarem os patriot, pois pela altura em que eles chegassem, já a Rússia não teria mísseis.

Portanto o ataque de 6ª feira, um dos maiores, como dizem nas notícias,

Rússia dispara dezenas de mísseis em um dos maiores ataques à Ucrânia

 A Rússia disparou mais de 70 mísseis contra a Ucrânia nesta sexta-feira, em um de seus maiores ataques desde o início da guerra, derrubando o fornecimento de energia na segunda maior cidade do país, e forçando Kiev a implementar blecautes de emergência em todo o país, disseram autoridades ucranianas.


será dos ultimos.

O que deverá bater certo com o que se disse em Abril...

Esgotada 70% da reserva de mísseis de precisão da Rússia

Segundo a ministra-adjunta da Defesa ucraniana, Hanna Maliar, as forças militares russas lançaram mais de 1.300 mísseis na Ucrânia desde o início da invasão do país há mais de dois meses atrás.

Segundo a informação do centro digital de pesquisa Bellingcat, citada pelo Instituto para o Estudo da Guerra, a Rússia terá usado até ao momento 70% da sua reserva de mísseis de precisão.

De acordo com o Ministério da Defesa do Reino Unido, a Ucrânia mantém controlo sobre a maior parte do seu espaço aéreo e a Rússia não conseguiu destruir de forma efetiva a Força Aérea ucraniana nem suprimir as defesas aéreas do país.


Embora já apareça alguns jornalistas confusos sobre o que se passa com os mísseis que teimam em não acabar...

Como a Rússia ainda tem mísseis de cruzeiro para atacar a Ucrânia

Autoridades militares ocidentais afirmam há vários meses que o exército russo tem cada vez menos reservas, mas o número de ataques não dá sinais de abrandar

A Ucrânia continua a difícil tarefa de tentar defender as suas infraestruturas dos contínuos ataques russos. Apenas na terça-feira, a Rússia levou a cabo o maior bombardeamento contra as estruturas energéticas desde o início da guerra, um pronúncio da estratégia de Vladimir Putin de utilizar a dureza do inverno de leste contra a população ucraniana, mesmo depois de meses de alertas das autoridades ocidentais de que as reservas de mísseis balísticos russos estavam a ficar esgotadas. 

No mês passado, o próprio ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, insistiu que a Rússia já tinha gastado cerca de 70% das suas reservas de mísseis balísticos. O mesmo diziam os serviços secretos britânicos que, num relatório publicado em outubro, apontavam para uma severa degradação da capacidade balística russa, após a intensificação dos ataques. Por outras palavras, a Rússia estaria a ficar sem mísseis. Mas, semana após semana, os ataques continuaram.

Segundo a Forbes, alguns destes ataques chegam a custar à Rússia 700 milhões de euros...

... Existem várias hipóteses que podem explicar o que aparenta ser um fracasso da recolha de informação acerca do arsenal russo. Em primeiro lugar, está a possibilidade de compra de mísseis à Coreia do Norte e ao Irão...

...Outra explicação pode passar pela capacidade russa de construir novos mísseis a um ritmo mais acelerado do que se pensava possível...


E palmas para o jornalista, para pelo menos equacionar (apesar ser a última hipótese considerada) que se calhar os russos estão a construir mísseis. O jornalista, demonstra ter melhores capacidades de análise que o ministro da defesa ucraniano, os serviços secretos britânicos, o Instituto para o Estudo da Guerra e vários comentadores de bancada que pululam nas nossas tv's.

E no mesmo artigo, podemos constatar a preocupação da Forbes, com os custos destes ataques. Afinal, toda a gente sabe que a Rússia está na penúria, isolada e em implosão económica.

Este mesmo jornalista (se o leu) ainda deverá ter ficado mais confuso sobre um artigo que saiu na Bloomberg há poucos dias.

Russian Budget Surplus More Than Quadruples on Energy Cash Spike

Russia’s budget surplus more than quadrupled in November despite the financial drain of the war in Ukraine, recording another month of improvement thanks largely to dividends and a windfall tax paid by Gazprom PJSC...

...  revenues from oil and gas have been surging, already exceeding the full-year plan in the first 11 months...

...So far, the government has been able to cover its funding needs without much trouble, tapping its wealth fund and boosting borrowing on the domestic market...


Parece que há inundações na Rússia. Mas de dinheiro... e muito dele europeu.

Mas voltemos à questão da falta de mísseis, com uma notícia recente.

Russian ship carrying Kalibr cruise missiles undergoing trials in Baltic Sea


 The advanced Project 22800 small missile ship Burya (NATO reporting name: Karakurt-class) carrying Kalibr (SS-N-27 Sizzler) cruise missiles and built by the Pella Shipyard for the Russian Baltic Fleet is undergoing shipbuilders sea trials at Baltic Fleet sea ranges, the fleet’s press office said...


... Ships of the type are designed to accomplish tasks at short range and are equipped with shipborne versatile eight-cell launchers of Kalibr and Onyx (SS-N-26 Strobile) cruise missiles, an AK-176MA automatic gun, as well as Igla (SA-18 Grouse) and Pantsir-M (SA-22 Greyhound) air defense missile systems...


Está para muito breve o lançamento deste navio. Isto é uma notícia de Outubro. Interrogo-me se ainda o vão entregar este ano, acho que existem grandes hipóteses.

Como podemos ver, pode lançar oito mísseis de cruzeiro.

Mas se recorremos à Wikipedia, podemos constatar o seguinte:


Estão três navio desta classe em testes, ou seja, muito em breve, os ataques podem contar com mais 3 navios com capacidade de juntar 24 mísseis adicionais num ataque.

Mas de uma outra classe (Buyan-M), de que já falei aqui (Aviso à Navegação: A Nova Armada Russa), também está um navio em testes e para passar para o activo muito em breve.


Ou seja, passamos de 24 para 32 mísseis adicionais que podem ser usados num ataque.

Mas também temos mais uma classe de navio (Steregushchiy class) que está na fase final de testes, está mesmo para entrar no activo.


Ou seja, passamos de 32 para 40 mísseis adicionais que podem ser usados num ataque.

Ah, e falta-me falar da classe (Admiral Gorshkov) que também está em testes finais.


Ou seja, passamos de 40 para 56 mísseis, dado que esta classe é maior e em vez de 8 leva 16 mísseis.

Diria que até final de Janeiro todas estas embarcações estarão no activo e prontas a disparar.

E vou ficar por aqui, porque há mais coisas a sair para breve. Eu apenas foquei parte do que está a ser construido para a marinha.

É estranho com um país envolvido numa guerra, isolada, sem dinheiro está a construir coisas destas.

Mais estranho estar a construir coisas destas, quando toda a gente sabe que estão a acabar os mísseis. Acho que ninguém avisou os russos.

Os mísseis acabaram e alguém se esqueceu de avisar a Rússia.

domingo, 11 de dezembro de 2022

Europa Descobre Que Não Está Em Condições De Enfrentar A Rússia

 


Custa a acreditar que em poucos meses de conflito, contra uma nação que está debaixo de sanções, não tem dinheiro, mísseis, chips e rouba sanitas, a Europa está em dificuldades para simplesmente ajudar a Ucrânia com o que esta mais precisa. Armas. Munições. A carne para canhão fornece a Ucrânia.

Mas é esta a verdade, dita por Borrell.

São estes energúmenos que decidiram o nosso destino.

São estes energúmenos que se riram e desvalorizaram o ultimato russo.

São estes energúmenos que estão a tomar decisões de vida e de morte de todo um Continente contra uma superpotência nuclear.

Borrell pede reforço da Defesa da União Europeia após gastos recorde

A União Europeia atingiu um novo máximo de despesas com a Defesa, em 2021. No total, revela o relatório anual da Agência Europeia de Defesa, foram gastos 214 mil milhões de euros, mais 6% que no ano anterior.

Apesar do aumento geral, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, apela aos Estados-membros para investirem mais na cooperação, sobretudo tendo em conta o esforço de guerra com a Ucrânia.

"Esta guerra contra a Ucrânia tem sido um despertar brutal para muitos de nós, para todos nós. Tem sido certamente um despertar. Apercebemo-nos de que as nossas reservas militares se esgotaram rapidamente devido a anos de subinvestimento. Permitam-me que diga que sei que a opinião pública prefere pão a canhões, mas há anos que temos falta de investimento", disse Borrell.

O financiamento da Defesa na União Europeia, tem vindo a registar um crescimento contínuo desde 2014, o mesmo ano em que a Rússia anexou a Crimeia...




[Link]


Infelizmente, caminhamos para um 2023 extremamente perigoso para a existência da Europa.

Já há muito tempo que digo que a Ucrânia não tem saída, o seu destino está traçado.

Mas cada vez mais penso que a Europa, nós, vamos realmente ao fundo com eles.

O caos caminha em direcção da Europa e nós nem estamos a dar conta disso. E quando dermos, já deverá ser tarde para corrigir a trajectória.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

As 2 Faces Da Mesma Moeda




Vi há poucos dias na Euronews, uma pequena reportagem sobre Mariupol e sobre a sua destruição. Usaram para a reportagem imagens mais recentes sobre como ficou a cidade.

E uma vez mais, mostraram como nós europeus estamos a ser enganados. Pela nossa própria imprensa. A qual segue os interesses não sei bem de quem...

Deixo aqui uma imagem que representa bem o que a reportagem quis passar. A cidade está completamente destruída de acordo com as mais recentes (de Novembro) imagens de satélite.

Estranhamente, parece que nessas imagens de satélite não estão visíveis as reparações e as novas construções. 

A nossa imprensa constroi uma narrativa muito peculiar para quem quer estar informado e não tem tempo de vasculhar por si. Um bom trabalho de facto.


[Link]

Eu fui á procura de mais actualizações sobre as novas construções de Mariupol. E apercebi-me que o que estão a construir até é maior do que pensava. Estas imagens tiradas por drone dá para ter uma ideia da extensão.


Nesta imagem dá para ver lá ao fundo o que parece um edifício reparado. Todos os outros à volta estão escurecidos.


Aqueles prédios lá ao fundo, nunca me tinha apercebido da existência deles, e mais para trás vê-se guindastes.


Esta zona nova, aparenta estar a ser preparado para crescer mais, muito mais.


E... Mariupol tem energia. Ao contrário pelos vistos da maioria das cidades ucranianas.



De facto há muita coisa destruida em Mariupol. Mas também está a ser alvo de um construção/reparação brutal. Estas construções começaram há poucos meses.

A Rússia não está a canalizar toda a sua energia para a guerra. Há muito, mas muito mais que eles estão a fazer. E não nos é dito. É impossível imagens recentes de satélite não identificarem estas áreas.

É isto a nossa liberdade de informação. Somos o público mais bem informado do planeta.

E só nos mostram uma face da moeda.




Entretanto deixo um video sobre a ponte da Crimeia. Em 2 meses a Rússia reparou a ponte. E ainda se vê Putin, que como toda a gente sabe, sofre de vários cancros, alzheimer e cai constantemente das escadas, a conduzir e a falar ao mesmo tempo.

Para um homem que está concerteza prestes a entrar nos cuidados paliativos, a coisa é um feito.



P.S Fui surpreendido. Afinal Macron foi falar algo muito mais importante com Biden. Parece que já devem existir muitas luzes de alarme a disparar na nossa Europa.

Ocidente deve dar garantias de segurança à Rússia, defende Macron

Presidente francês dá a entender que o Ocidente deve começar a pensar em como responder à necessidade da Rússia em ter garantias de segurança...

[Link]

E na mesma altura temos Scholz a telefonar a Putin. Com a duração de 1 hora. Tiveram tempo para falar de algumas coisas.

Passa-se algo nos bastidores. E na Alemanha, parece que anda a passar-se muita coisa pelos bastidores.

Estamos a poucos dias do aniversário do ultimato russo.

sábado, 3 de dezembro de 2022

Guerras Energéticas: O Preço Do Petróleo Russo

 



E cá estamos. É oficial, foi definido o limite para a compra de petróleo russo, quase no limite da data que tinha sido definido a partir da qual entraria em vigor. A próxima 2ª feira. O que indica que há muito, muito receio que esta situação vá de novo fazer ricochete e bater na cara de nós, europeus.

European Union officials set Russian oil price cap at $60 a barrel

The European Union on Friday agreed to cap Russian seaborne oil prices at $60 a barrel, after several days of intense negotiations over an appropriate level.

The announcement comes after the G-7 group of advanced economies agreed in September to impose a limit on Russian seaborne crude and therefore constrain revenues the Kremlin makes from the commodity. However, details on how the cap would work in practice have been debated and hashed out since that point.

[Link]

É bom recordar que recentemente a Rússia foi colocada à prova numa guerra (de preços) semelhante com a Arábia Saudita. E a coisa correu mal, muito mal para a Arábia Saudita.

Eu acompanhei esse processo e sempre disse que a coisa iria correr mal para eles ao contrário (uma vez mais) do que se dizia na imprensa.

Vou novamente referir esta situação e será útil rever.

2016

Guerras Energéticas: Rússia Vs Arábia Saudita

Guerras Energéticas: A Ordem Das Coisas

2021

Guerras Energéticas: Arábia Saudita Perde Braço De Ferro Com Rússia

Ora, essa foi uma guerra que a Arábia Saudita forçou o preço para baixo de modo a fazer dobrar a Rússia.

Isto foi o que lhes aconteceu:



A Arábia Saudita quase que implodiu com os preços baixos. Mas a Rússia... apesar dos preços baixos, nem chegou a suar.

E não podemos esquecer que por esta altura a Rússia já estava debaixo de fortes sanções devido à Crimeia e além disso entrou também no conflito da Síria.

Agora chegou a vez da Europa (nós) querer experimentar até onde conseguirá fazer dobrar a Rússia.

Se a Rússia fez uma coisa destas a um produtor de petróleo, o que fará a uma Europa àvida de energia...?

E que aconteceu a este produtor de petróleo, a Arábia Saudita? Aliou-se à Rússia e surgiu a denominação OPEC+ (OPEC + Rússia)

E que a OPEC+ vai fazer agora? Vão fazer uma reunião amanhã...

OPEC+ to consider deeper oil output cuts ahead of Russia sanctions and proposed price cap

OPEC and non-OPEC oil producers could impose deeper oil output cuts on Sunday, energy analysts said, as the influential energy alliance weighs the impact of a pending ban on Russia’s crude exports and a possible price cap on Russian oil.

OPEC+, a group of 23 oil-producing nations led by Saudi Arabia and Russia, will convene on Sunday to decide on the next phase of production policy.

The highly anticipated meeting comes ahead of potentially disruptive sanctions on Russian oil...

[Link]

Parece-me que a destruição da economia europeia está ainda apenas no aquecimento.

A Rússia, essa, já está a aquecer:

Russia assembles ‘shadow fleet’ of tankers to help blunt oil sanctions

Russia has quietly amassed a fleet of more than 100 ageing tankers to help circumvent western restrictions on Russian oil sales following its invasion of Ukraine, according to shipping brokers and analysts.

Shipping broker Braemar estimates Moscow, which relies heavily on foreign tankers to transport its crude, has added more than 100 ships this year, through direct or indirect purchases. Energy consultancy Rystad says Russia has added 103 tankers in 2022 through purchases and the reallocation of ships servicing Iran and Venezuela, two countries under western oil embargoes...

[Link]

Estou muito curioso qual será a reacção oficial russa, suspeito que vão fazer o que têm dito, os países que alinharem nesta imposição vão deixar de receber energia russa, quem será o primeiro felizardo?



Vamos descobrir. E a guerra irá entrar numa nova fase. O Inverno chegou.




P.S. Tratado START 

A Rússia mandou os americanos à fava, à ultima da hora. Este é o último tratado que ainda existe. Todos os outros foram terminados pelos EUA. Desta vez é a Rússia que não está minimante interessada em negociar. E muito menos colocar a escrutínio as suas últimas armas...

P.S.2 Oferta Biden

Biden "estendeu" a mão, para que a Rússia pudesse sair do buraco em que está metido na Ucrânia (de acordo com muita gente).

A Rússia mandou os EUA à fava. Não há negociações. Há termos. E são russos.

P.S.3 O telefonema de Scholz 

Scholz telefona a Putin para dizer que tem que sair da Ucrânia...

E dizem que o telefonema durou uma hora.

Claro que não houve de certeza, conversas sobre os Nord Stream...

 P.S.4 A visita de Macron 

Macron quer uma atençãozinha no preço do gás americano. Não é possível. Vamos ter que nos aguentar. Podia ser pior, podiamos estar como os ucranianos...