Tal como suspeitava, a história da "falta" de munições na Rússia era simplesmente para não se olhar para onde se devia. Para o arsenal da NATO.
Stoltenberg acaba por confirmar que a NATO está nas "lonas".
NATO reconhece urgência no apoio militar a Kiev antes de novas ofensivas
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considerou esta segunda-feira que a Aliança enfrenta uma "corrida contra o tempo" no envio de apoio militar suplementar à Ucrânia para permitir às forças ucranianas fazerem face às novas ofensivas da Rússia...
... os Aliados devem "continuar a fornecer à Ucrânia o que precisa para vencer e para alcançar uma paz justa e sustentável"...
... "É evidente que estamos numa corrida contra o tempo em termos de capacidades logísticas essenciais, como munições, combustível e peças sobressalentes, que têm de chegar à Ucrânia antes que a Rússia possa tomar a iniciativa no campo de batalha...
... Relativamente a munições, notou que "a guerra na Ucrânia está a consumir uma enorme quantidade de munições e a esgotar os 'stocks' dos Aliados", sendo que "a taxa atual das despesas com munições na Ucrânia é muitas vezes superior à taxa de produção atual" da NATO, o que coloca as indústrias de defesa dos Aliados "sob pressão", pelo que há que aumentar a produção ...
Agora começa a ficar claro, quem tem mais urgência para que esta guerra acabe e quem tinha planos para um conflito a longo prazo.
A desmilitarização já vai além fronteiras. A Rússia já não está a desmilitarizar a Ucrânia, neste momento já está a fazer o mesmo à NATO.
Estando nós presos à narrativa de que estamos ao lado da Ucrânia e que esta não pode perder, as dúvidas começam a surgir. Fomos mesmo nós que decidimos entalar a Rússia por meio de atrito? Deve haver gente que começa a suspeitar que há algo de errado no nosso "superior" plano.
Agora os europeus só precisam de fazer o que tem que ser feito para apoiar a sério a Ucrânia.
E como?
Mais impostos, menos pensões, baixa de ordenados, produzir menos para não gastar energia cara. Tudo para que se consiga desviar o dinheiro para mais tanques, drones, mísseis, chips, etc, etc.
E se o material que produzimos é muito bom, em termos de preço é mesmo muito, mas muito bom. Vamos precisar de desviar dinheiro a sério para produzir material de guerra. Novos hospitais...? Escolas...? Nada disso. Tanques, mísseis, drones... E temos que ser nós a construir porque...
Ucrânia: NATO pede à Coreia do Sul para aumentar ajuda
Jens Stoltenberg secretário-geral da NATO pediu que a Coreia do Sul intensificasse a ajuda à Ucrânia alegando que a mesma precisa urgentemente de mais munições para combater os militares russos...
... Mas as leis sul-coreanas impedem as vendas a nações em guerra, dificultando a entrega de armas à Ucrânia, à qual Seul forneceu já equipamento não letal e ajuda humanitária...
Ucrânia: Lula diz que Brasil não tem interesse em ceder munições para guerra
A Alemanha pediu ao Brasil que fornecesse munição de tanques para que Berlim as enviasse à Ucrânia, mas esse pedido foi categoricamente negado.
"O Brasil não tem interesse em passar as munições para que elas sejam utilizadas na guerra", afirmou Lula da Silva, durante uma conferência de imprensa no Palácio do Planalto, ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, o primeiro líder estrangeiro a fazer uma visita oficial ao país desde que o antigo sindicalista regressou ao poder.
"O Brasil é um país de paz", frisou Lula da Silva e, por isso, "não quer ter qualquer participação mesmo que indireta" nesta guerra.
Até nós não temos munições para alimentar 3 tanques...
Costa surpreende militares
... O Nascer do SOL voltou a confirmar que, conforme também noticiado na anterior edição, o Exército português não possui munições para acompanhar os Leopard 2 em operações de combate, dispondo apenas de material para a prática de exercícios. E por isso mesmo juntou-se a outros países numa operação conjunta de aquisição de munições reais, através de uma agência da NATO, desconhecendo-se a data de entrega da encomenda.
Isto é a organização militar mais poderosa deste planeta. Que para enfrentar indirectamente a Rússia, não tem munições suficientes.
A selva deve estar a olhar para este belo jardim que nós somos...
P.S.
A Rússia vai avançar com uma base naval no Mar Vermelho.
Autoridades militares do Sudão aprovam base naval russa no Mar Vermelho
... O acordo de construção e utilização de uma base naval no Mar Vermelho permitiria à Rússia ter até 300 tropas russas, e simultaneamente manter até quatro navios em simultâneo, incluindo de energia nuclear, no estratégico porto do Sudão, no Mar Vermelho...
Agora é olhar para os pontos de entrada dos porta-aviões americanos para o Mediterrâneo. Alguém não está concerteza feliz.
Post anterior:
Há Falta De Munições Mas... Não É Na Rússia
U.S. tells Ukraine it won’t send long-range missiles because it has few to spare
ResponderEliminar... The Biden administration has given its Ukrainian counterparts another reason for not sending them much-wanted long-range missiles: The U.S. is concerned it wouldn’t have enough for itself.
In recent meetings at the Pentagon, U.S. officials told Kyiv’s representatives that it doesn’t have any Army Tactical Missile Systems to spare, according to four people with knowledge of the talks. Transferring ATACMS to the battlefield in eastern Europe would dwindle America’s stockpiles and harm the U.S. military’s readiness for a future fight, the people said...
https://www.politico.com/news/2023/02/13/u-s-wont-send-long-range-missiles-ukraine-00082652
É simplesmente mau demais...
O seu post é claríssimo. É por isso que eu insisto neste ponto: O perigo da escalada não está do lado dos russos, mas do lado de quem vai faltando opções para impôr a tão desejada humilhante derrota, económica via sanções e militar via Ucrânia, aos russos. O desespero está todo do nosso lado.
ResponderEliminarSe ainda não leu, vale a pena ler este pequeno artigo de um historiador francês, Emmanuel Todd:
https://www.zerohedge.com/geopolitical/french-historian-world-war-iii-has-already-begun
...O perigo da escalada não está do lado dos russos, mas do lado de quem vai faltando opções...
EliminarExacto.
A coisa foi longe demais. A nossa retórica só permite um caminho.
Daqui a importância da guerra economia/energética.
A Rússia está a atacar a nossa qualidade de vida, que comparado com o resto do mundo é muito boa.
Este ano, isto vai sentir-se.
E a minha esperança para que isto não resvale demasiado é que os europeus se "cansem", que os governos comecem a cair pela austeridade que vão ter que começar a impôr, mais tarde ou mais cedo.
É claro (e infelizmente) que a guerra mundial já começou há muito.
ResponderEliminarComeçou por ser híbrida, em várias fases (política, económica via sanções, energética, cultural, etc.) Um dos pontos de viragem, e que é assinalado neste blogue, foi a reação dos RU no caso da Síria. As revoluções coloridas para mudanças de regime tiveram um pequeno revês a partir daí.
Em 2020 com a dita virose, entrámos na fase ante bélica. É ouvir um dos primeiros comunicados do presidente francês na altura "Nous sommes en guerre" . E não creio que fosse em modo de metáfora.
Em 2022, começou a fase bélica e pouco falta para declará-la oficialmente mundial. Pois com tanto país metido ao barulho, não sei porque é que têm receio de chamar os bois pelos nomes.
m.ª r.
...pouco falta para declará-la oficialmente mundial...
EliminarAinda estamos longe de uma guerra mundial no sentido clássico.
Com a evolução das armas e demografia, a acontecer terá que ser brutal em termos de destruição.
Vamos a ver se conseguimos evitar isto. É necessário tirar os pavões (políticos, politólogos, "especialistas"), etc, e dar lugar a gente que pense com dois dedos de testa.
Russia failing to ‘punch through’ despite 97% of army at war
ResponderEliminar...Russia has not been able to “punch through” Ukraine’s defences, despite almost all of its army deployed in the war...
... We now estimate 97 per cent of the Russian army, the whole Russian army, is in Ukraine,” Ben Wallace told BBC Radio 4’s Today programme...
https://www.independent.co.uk/news/world/europe/ukraine-russia-putin-nuclear-moldova-latest-b2282697.html
Absolutamente inacreditável.
Como é que chegámos a isto. Como é que as pessoas acreditam nisto. Como é que a Europa produz "informação" desta.
Há quem vá mais longe:
Eliminarhttps://www.msn.com/pt-pt/noticias/ultimas/r%C3%BAssia-pode-haver-sofrido-uma-derrota-esmagadora-na-ucr%C3%A2nia/ss-AA17vxoS?ocid=msedgntp&cvid=19d4b52e298b429882c117a97acb03ee#interstitial=1
Rússia pode haver sofrido uma derrota esmagadora na Ucrânia
De derrota em derrota, até à vitória final!
É simples. Foram todos estudantes na escola do Baghdad Bob. A sério, eles sabem que nunca vão sofrer consequências por isso dizem o que querem. Além disso, é dificil levar alguem a admitir algo que a sua existência ou posição depende em não admitir.
ResponderEliminarE nos entretantos, esta notícia tem passado despercebida:
ResponderEliminar"Comboio com produtos químicos descarrilou nos EUA: população teme qualidade do ar e da água
As autoridades garantem que os testes não mostram contaminantes no ar, nem na água. Porém, a população de East Palestine denuncia mortes de animais anormais e dores de cabeça"
Pois, tivesse sido noutro país e era a tragédia, o horror e o drama
Ao ler essa notícia tenho pena dos animais que perderam a vida.
EliminarTem estado a sair agora com mais força notícias sobre esse descarrilamento. Não parece haver muita vontade em noticiar a coisa como deve de ser...
EliminarOff-topic mas partilho consigo esta pérola...
ResponderEliminar“I strongly condemn Russia's reckless and unprovoked attack on Ukraine.
(Jens Stoltenberg, Feb 2022)
"The other thing I will say is that the war didn't start in February last year. The war started in 2014. And since 2014, NATO Allies have provided support to Ukraine, with training, with equipment, so the Ukrainian Armed Forces were much stronger in 2022, than they were in 2020, and 2014. And of course, that made a huge difference when President Putin decided to attack Ukraine,"
(Jens Stoltenberg, Feb 2023)
Sem mais comentários...
Eu reparei nessas declarações.
EliminarFantástico.
Mais que confirmado sobre as "boas" intenções com que foi ratificado os acordos de Minsk...