sexta-feira, 27 de novembro de 2009

As Novas Brigadas Russas

Daguestão - Base da 33ª Brigada


Com as reformas militares em curso, onde está planeado a profissionalização e redução de efectivos, bem como o reequipamento com sistemas mais modernos, é interessante ver estas fotos de uma das novas brigadas que foram criadas, a partir das decisões feitas em 2006 por Putin. Esta brigada está localizada no Daguestão e considero interessante, pois já se ouve falar em profissionalização, mas ainda não tinha visto imagens de algo em concreto. A base foi construida de raíz para albergar esta nova unidade constituida.

A par com construção por parte da Rússia de novos equipamentos, tanto de vários tipos de aviões, como de vários tipos de navios, submarinos e tanques, isto é mais uma indicação de que existe algo a mudar, o dinheiro está a fluir e lentamente os resultados vão aparecendo.

A Rússia está a mudar a sua estrutura militar e iremos assistir a mudanças significativas na próxima década, que se irão notar tanto internamente como externamente.












quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Aumenta Cooperação Militar Entre A China E O Brasil

Ministros da defesa Liang Guanglie e Nelson Jobim em Beijing


Apesar das notícias estarem bastantes focadas com a visita de Obama à China, considero estes desenvolvimentos bastante interessantes.

Foi acordado entre ambos os países pelos respectivos ministros da defesa, o aumento da cooperação militar. Essa cooperação abrange àreas como treino de pessoal, formação e cooperação tecnológica.

Oficiais superiores dos três ramos das Forças Armadas vão passar a reunir-se regularmente a partir de 2010 o que parece indicar uma aproximação significativa entre ambos os países em questão militares.

Dado que estamos a falar de dois países BRIC, de dois países de grande dimensão, ambos estão a aumentar o seu poder a vários níveis (incluindo o militar) e estão a estabelecer laços energéticos muito significativos (Brasil como produtor e China como consumidor), este acordo entre ambos parece-me bastante importante.

O Brasil, a par com outros fornecedores energéticos tem estado a aumentar recentemente os seus investimentos na àrea militar, onde por exemplo se aguarda a decisão da compra de novos caças.

Encaro este entendimento entre o Brasil e a China, como algo de muito interessante e que merece acompanhamento no futuro.

Como verão estes acordos outros países, nomeadamente os EUA?

O que significará exactamente este aumento de cooperação militar? Qual o objectivo de ambos?

Esta notícia deve ser acompanhada de uma leitura de um post anterior:
China: Mais Um Passo Dado Para Receber Petróleo Do Brasil

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Rússia Não Confia No Irão, Central Nuclear Novamente Adiada



Rússia adia entrada em funcionamento de central nuclear no Irão

Moscovo, 16 Nov (Lusa) - O ministro da Energia da Rússia, Serguei Chmatko, anunciou hoje que a central nuclear de Busher, no Irão, não irá entrar em funcionamento até ao fim do ano, devido a razões tecnológicas.

"Esperamos resultados sérios até ao fim do ano, mas a central não entrará em funcionamento", disse Serguei Chmatko, frisando que "a Rússia continua a cumprir os seus compromissos perante o Irão".

Segundo Chmatko, os prazos de construção da central nuclear de Busher são determinados pelas condições tecnológicas e a entrada em funcionamento deve ser ligada à garantia de segurança.


link

Os anos passam e a situação não avança. A Rússia arrasta os pés para a venda do temível sistema S-300 e da central nuclear. Parece estarmos num impasse. Enquanto a Rússia pensar que o Irão quer usar a central nuclear para algo mais do que gerar electricidade, a Rússia não irá nem activar a central, nem fornecer o sistema S-300.


Técnicos russos na central

O Irão tem direito a usar energia nuclear para fins pacíficos, mas dado o país, a região e todos os problemas associados, se quer usar apenas nesse sentido, terá que mostrar um pouco mais de boa vontade.

A solução oferecida para que o abastecimento à central seja preparado num outro país, é uma boa solução e permitiria desbloquear o processo. Com o Brasil também se fez desta maneira, permitiu estabelecer confiança e anos depois passou a controlar autonomamente todo o processo.

Toda esta resistência por parte do Irão e com um presidente demasiado agressivo, implica movimentos cautelosos. Se o Irão estava a contar que a Rússia os iria ajudar a entrar no clube nuclear é melhor pensar de novo. Primeiro terão que mostrar boas intenções quanto ao nuclear.

E não o estão a mostrar.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Rússia Envia Novo Módulo Para Estação Espacial



Rússia retoma construção de segmento na ISS com envio de novo módulo

Moscou, 10 nov (EFE).- A Rússia lançou nesta terça-feira um novo módulo científico para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), com o qual retomará a construção do segmento russo na plataforma orbital após uma pausa de oito anos.

O foguete "Soyuz-U", que levou a nave de carga "Progress-M" ao espaço com o módulo "Poisk" (MIM-2), foi lançado às 12h22 (horário de Brasília) da base de Baikonur, no Cazaquistão, informou o Centro de Controle de Voos Espaciais (CCVE) da Rússia.

A nave com o módulo deve se acoplar à ISS às 13h43 (horário de Brasília) de quinta-feira em regime automático, mas os tripulantes da estação supervisionarão a manobra para realizar o engate manual caso haja algum imprevisto, segundo a agência "Interfax".

O módulo, que contém equipamentos para experimentos científicos, também ampliará a capacidade da ISS para receber outras naves, pois conta com um porto de acoplamento próprio, além de uma escotilha para as missões dos astronautas fora dos aparelhos.

A nave "Progress", que também leva à ISS 850 quilogramas de carga útil, entre equipamentos, alimentos e água, será desligada da ISS dentro de duas semanas.

Já o "Poisk", que será utilizado como um laboratório científico, será o quarto módulo do segmento russo da ISS a servir como porto de engate.

Valeri Lindin, porta-voz do CCVE, disse que a Rússia retoma assim a construção de seu segmento na ISS, após um intervalo de oito anos, motivado pela catástrofe com o ônibus espacial americano "Columbia", em 2003, pela conseguinte suspensão dos voos das naves por mais de dois anos; e pela falta de financiamento para o programa espacial russo no início da década.


segmento russo da Estação Espacial Internacional


Lindin antecipou que um módulo gêmeo do "Poisk", o "MIM-1", também russo, será enviado à ISS em uma nave americana em maio, e em 2011 será enviado outro laboratório espacial, o MLM polivalente.

A construção do segmento russo deve terminar com a integração em 2014 e 2015 de outros dois módulos científicos, além de geradores de energia, que permitirão à Rússia alimentar seus laboratórios por conta própria.

Segundo o programa inicial, a construção da ISS deveria terminar em 2010, para ser utilizada até 2015, mas as agências espaciais dos países participantes estudam atualmente a possibilidade de ampliar sua operabilidade em mais cinco ou dez anos.


link

Não deixa de ser interessante constatar que em plena recessão económica mundial, o programa espacial russo está bastante saudável graças ao financiamento recebido. A importância da Rússia na Estação Espacial Internacional torna-se crítica porque irá ser a única nação que pode transportar astronautas para lá. Para o ano os EUA deixam de poder enviar homens para o espaço, ficando a responsabilidade de manter a estação activa a cargo da Rússia, papel esse que estão a levar muito a sério.

E ao mesmo tempo que uma soyuz ruma ao espaço, duas rumam para o porto espacial europeu na Guiana Francesa, o que mostra a estreita ligação entre a Europa e Rússia nesta área. Em breve iremos ter notícias sobre este projecto feito a dois.

Merkel Não Ajuda GM, GM Precisa De Muito Dinheiro


Merkel avisa GM de que não vai ajudar a restruturar Opel

A chanceler alemã, Angela Merkel, deu hoje a entender que Berlim não vai ajudar a General Motors a reestruturar a filial europeia Opel, ao declarar que espera que o construtor norte-americano suporte o essencial dos custos da reestruturação.


A reestruturação da Opel só será efectiva "se a General Motors suportar o essencial dos custos com os seus próprios recursos financeiros", declarou a chanceler no primeiro discurso aos deputados do Bundestag desde que foi reconduzida nas funções.

Também é necessário que "a General Motors reembolse (à Alemanha) o crédito" de 1,5 mil milhões de euros concedidos à Opel para assegurar a sobrevivência da empresa, exigiu Merkel, que indicou "lamentar profundamente" a decisão do construtor norte-americano de conservar a filial europeia.

Enquanto vários dirigentes alemães já se tinham mostrado indignados na semana passada, a chanceler ainda não se tinha exprimido publicamente sobre a reviravolta da General Motors, que anunciou para surpresa geral que queria reestruturar a empresa em vez de a vender ao consórcio Magna/Sberbank.

As declarações de Merkel são uma clara mensagem para a General Motors, cujo patrão Fritz Henderson está hoje na Alemanha, não esperar apoios.

A GM considera que os custos da reestruturação da Opel serão de cerca de três mil milhões de euros, mas um estudo da Moody's citado pela imprensa alemã estima que estes poderão ser superiores a cinco mil milhões de euros.

A Opel, que passou por várias alterações no último ano, é considerada como estratégica pelo Governo alemão, que quer preservar os 25 mil postos de trabalho em jogo na Alemanha.

O governo norte-americano detém mais de 60 por cento do capital social da General Motors mas assegurou que não teve qualquer influência nesta decisão sobre a Opel, uma vez que não interfere na gestão da empresa.


link


Se a Alemanha mantiver esta posição, será interessante ver quem irá aparecer com as somas requeridas para manter a Opel. Qual será o construtor ou país que sabendo como a Alemanha está furiosa com esta situação, vai querer intrometer-se?

A GM conseguiu impedir a passagem para a Rússia, resta agora saber como vai conseguir manter a Opel.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

China: Mais Um Passo Dado Para Receber Petróleo Do Brasil


Petrobras financia US$ 10 bilhões com banco da China

São Paulo, 4 nov (Lusa) - A Petrobras assinou um contrato de empréstimo no valor de US$ 10 bilhões com o China Development Bank Corporation (CDB), informou nesta quarta-feira a petrolífera brasileira.

No fim do ano passado, a China ofereceu o empréstimo para a Petrobras investir na exploração de grandes reservas, recentemente descobertas no litoral da região Sudeste.

"Este financiamento tornou-se simbólico pelo valor financeiro envolvido e por representar uma nova fase de evolução das relações entre mercados de países em franco desenvolvimento", disse o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, citado num comunicado.

Em troca do empréstimo, a estatal garantirá a exportação de petróleo à China, principalmente o do tipo mais pesado, cujas refinarias locais têm dificuldades no processamento porque são tecnicamente preparadas para o óleo leve.

Após o início da liberação do empréstimo, entrará em vigor também o acordo de longo prazo de exportação de petróleo entre a Petrobras e a Unipec Ásia, subsidiária da chinesa Sinopec, um dos maiores produtores onshore da China.

O acordo incluiu a exportação de 150.000 barris de petróleo por dia para o primeiro ano e de 200.000 barris de petróleo por dia nos nove anos seguintes.

A negociação desse empréstimo foi um dos temas da visita do presidente Luís Inácio Lula da Silva à China em maio deste ano.


link


Depois de terem assinado um acordo no ano passado, eis agora um avanço concreto com a assinatura para um contrato de 10 Biliões de dólares, de modo a energia fluir para a China.

A China o 2º maior consumidor do planeta, avança velozmente na aquisição de novos fornecedores, porque tem uma "arma" irresistivel. Dinheiro, muito dinheiro. Assiste-se pelos 4 cantos do mundo a empréstimos a quem queira fornecer energia à China. E numa altura de recessão económica mundial, o dinheiro chinês está a fazer maravilhas. Em poucos anos, a China obteve vários fornecedores, muitos deles eram fornecedores americanos e começaram a desviar a sua produção para o Oriente.

Tudo isto é mau, muito mau para o ainda maior consumidor do planeta. 60% da sua energia é importada e vê o seu concorrente directo a obter cada vez mais contratos.

A China deu mais um passo que nega energia aos EUA, onde irão estes obter energia, nos volumes necessários, se mesmo os seus maiores fornecedores estão a virar-se para o Oriente?

Fontes:
Petrobras (PBR) Signs Agreement with Sinopec (SNP)

Espaço: Bush Abriu A Caixa De Pandora



A Administração Bush a meu ver cometeu vários erros e um dos mais graves foi a nova política de militarização do espaço. A nova doutrina que saiu em 2006 implica a militarização no espaço com o objectivo do domínio espacial e negar aos seus adversários o mesmo uso caso ponha em causa a sua supremacia. Isto está explicito no documento que além de toda a polémica gerada, gerou uma reacção por parte de outras nações que se sentem ameaçadas por esta nova doutrina.

Com as recentes declarações de uma alta patente militar chinesa, China terá força aérea com capacidade para operações espaciais, temos a indicação que a bola de neve começou a rolar. Os EUA deram inicio a esta situação e agora penso já não ser possível travá-la. Vão ser colocadas armas no espaço e pelo menos três nações vão investir nisto. Os EUA, a Rússia e a China.

Nos últimos anos tivemos já mostras do que anda a ser feito e merece ser relembrado. A ameaça americana em destruir os satélites europeus Galileo, caso estes sejam usados em conflitos por potências externas, sendo uma das causas do atraso do sistema GPS Europeu, os EUA querem ter controlo do sistema em caso de conflito. É uma situação inaceitável para a Europa, o sistema GPS europeu ao contrário do sistema americana é CIVIL e não MILITAR, o sistema é para ser usado sem interrupções, coisa que não acontece com o único sistema activo hoje. Os EUA reservam-se o direito de bloquear o sistema sempre que entenderem e isso é incompatível com o crescimento do uso do GPS no quotidiano das nossas vidas.

Com a saída do novo tratado em 2006, torna-se claro quem é o principal visado desta política. A China com a aceleração do seu agressivo programa espacial, que se tem notado bastante nos últimos anos.

A China "acusa" a recepção da mensagem americana e em 2007 destroi um satélite, demonstrando a sua capacidade em abater satélites.

Em 2008, os EUA "respondem" abatendo também eles um satélite.

Com isto deitamos por terra os esforços feitos até para não serem colocado armas no espaço e dos acordos para não serem desenvolvidas armas ASAT (armas antí-satélite).

Em 2009 uma outra potência mostra que também ela está preparada para a situação (sempre esteve a par com os EUA, mas havia um acordo entre ambos para não seguir por este caminho, além de um tratado que foi quebrado pelos os EUA, o tratado ABM), com a "colisão" entre um satélite americano e um russo. O satélite russo chocou com o americano e apesar das explicações oficiais e o facto de não ter sido feito muito "barulho" com a situação, o facto é que no programa espacial russo, inclui projectos onde satélites que estão lá em cima têm como função atacar outros.

Portanto podemos dizer que neste momento estas três potências já mostraram às outras que estão preparadas para o caminho que os EUA deram início.

Infelizmente o mundo está a tornar-se cada vez mais perigoso, com o incrementar do uso de armas mais sofisticadas e potentes.

Os EUA abriram as hostilidades no espaço. Quem as irá fechar?


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Suécia e Finlândia: Caminho Livre Para O Nord Stream



Depois do amargo sabor que a Rússia e a Alemanha tiveram com o caso da GM/Opel, vem uma excelente notícia para ambos e também para a Europa, foram quebradas as últimas barreiras para a passagem do Nord Stream.

Com a luz verde destes dois países, todo o percurso do Nord Stream está autorizado e de certeza que vão tentar acelerar ao máximo este processo de modo a haver uma nova via de comunicação energética entre a Europa e a Rússia.

Boa notícia para a Europa, mau sinal para alguns países...

Fontes:
Sweden, Finland okay Russia's Nord Stream pipeline
Baltic states still worry about Nord Stream pipe

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Opel: Estão Abertas As Hostilidades Entre Os EUA E A Alemanha



Opel: Berlim considera inaceitável atitude da GM

BERLIM, Alemanha — O ministro alemão da Economia, Rainer Brüderle, afirmou nesta quarta-feira que o "o comportamento da General Motors é absolutamente inaceitável", após a decisão da montadora americana de manter sua filial européia da Opel.

O ministro exigiu que a "General Motors revele mais rapidamente possível os seus planos de reestruturação" da Opel, que tem quatro fábricas na Alemanha. As declarações foram feitas antes de um conselho de ministros que será dedicado em grande parte para este assunto.

Brüderle afirmou que o anúncio da GM era "inaceitável para os seus empregados, faltando apenas oito semanas para o Natal, especialmente após eles concordarem em realizar reduções salariais".

Dado o ambiente econômico "melhorado", uma melhor "saúde financeira" e "a importância da Opel/ Vauxhall" para a sua estratégia internacional, a General Motors anunciou na quarta-feira que decidiu manter a Opel, após meses de negociação com a empresa canadense Magna, associada da russa Sberbank.

Nos últimos meses, a Alemanha exerceu forte pressão para que essa operação fosse realizada, o que permitiria, segundo Berlim, preservar mais empregos.

O governo alemão "vai recuperar o dinheiro do contribuinte", disse o ministro, fazendo referência ao empréstimo de 1,5 bilhões de euros concedido à GM Opel.


link

Como é possível depois das negociações terem chegado onde chegaram e agora a GM decidir que afinal mudou de ideias?

É simples. é o velho problema da guerra fria. O grande interessado, ou o grande vencedor desta venda é a Rússia. A Rússia ao investir na Opel vai importar know-how que considera critico para o desenvolvimento do seu sector automóvel.

E a Rússia obteve um apoio extremamente importante. A Alemanha deu o seu aval para passar a Opel das mãos americanas para as mãos russas e isto foi feito com Merkel que inclusive se "chegou à frente" dizendo explicitamente que queria o consórcio onde os russos participavam.

E não foi só isto que foi acordado. chegou-se a acordo com os empregados, salários seriam congelados e milhares de empregos seriam perdidos, mas a Opel não iria afundar com a GM. A Alemanha meteu dinheiro (1.5 biliões) para manter a Opel a funcionar até entrarem os novos donos. Foi considerada a melhor opção e de repente na fase final da negociação, a GM muda de ideias.

O que a GM quer, ou o que os EUA pretendem é negar passagem de tecnologia de ponta para a Rússia. Mas ao fazerem isto, pisaram o gigante europeu. A Alemanha já tinha decidido o que fazer para salvar a Opel e tratou das coisas.

Isto é uma afronta. Estarão os EUA em condições de entrarem num conflito económico sério com a Alemanha? E se estamos a falar da Alemanha estamos a falar da UE. Esta coisa da Opel pode tornar-se bem mais sério do que aparenta à primeira vista. A Alemanha tem muito músculo para mostrar quando fazem pouco dela.



http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2009/06/01/AR2009060100697.html

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Boeing 787: Um Pesadelo De Avião - Parte I



Eu gosto muito aviões. E dedico especial atenção a eles. No que respeita a aviões civis, acompanho com muito interesse três projectos. O Boeing 787, o Airbus A380 e o Sukhoi SuperJet.

Há dois anos atrás, escrevi um artigo bastante crítico sobre este avião e no início deste ano voltei a falar do projecto. Dado que saiu notícias sobre os resultados da Boeing e eu ainda não tenho nenhum artigo no blogue sobre este assunto, penso ser uma boa altura para escrever um pouco sobre o que acho deste novo Boeing.

Antes de mais, é importante realçar que no meu ponto de vista, este Boeing representa um pouco o estado em que os EUA se encontram, com muitos problemas e más opões tomadas, os anos vão passando e continuo a pensar exactamente o mesmo.

Apesar de gostar muito de aviões, sou muito crítico deste, ou da maneira como as coisas estão a ser feitas. Prometido como um avião revolucionário, onde hoje se pode dizer que toda a gente ouviu falar dele, tal a pressão mediática em cima dele. Mas tudo o que foi dito foi com o avião no papel, uma coisa é prometer, outra coisa é mostrar a coisa. Os pontos principais onde tenho críticas sobre este avião são os seguintes:

1 - Avião radicalmente novo. Aplicação de novos materiais usados, onde muita coisa ainda está em teoria, com muitas dúvidas sobre o comportamento do material.

2 - Pressa na entrega. Devido ao agressivo marketing feito e datas irrealistas, a Boeing está disposta a sacrificar tempo de testes, para cumprir prazos. A Boeing esquece-se da sua principal função que é construir aviões e não satisfazer accionistas que não querem ver as suas acções descerem. A credibilidade da Boeing poderá ficar sériamente em risco, com o que se tem feito com este avião.

3 - Além de resolverem fabricar um avião de construção radical, juntaram a isto um novo processo de fabrico que reparte a construção do avião pelos quatros cantos do mundo. A Boeing passa a estar dependente de várias empresas estrangeiras e nunca a Boeing fez tal coisa com os seus aviões.

4 - O modelo não reduz o número de aviões no ar. Eles argumentam eficiência em termos de combustível (coisa ainda a ser vista), mas não reduzem o tráfego. Isto o A380 faz. E eu sou da opinião que é necessário diminuir tràfego devido à saturação dos aeroportos. Demasiados aviões no mesmo sítio.

787 unsafe, claims former Boeing engineer

Este foi um artigo interessante que apareceu em 2007, onde é referido um engenheiro da Boeing que foi despedido.

"Boeing 787 Dreamliner 'could be unsafe'
BOEING'S new carbon-composite 787 Dreamliner plane may turn out to be unsafe and could lead to more deaths in crashes..."

"...The new plane, which is mostly made from brittle carbon compounds rather than flexible aluminum, is more likely to shatter on impact and may emit poisonous chemicals when ignited..."

"...The problem is all the unknowns that are being introduced and then explained away as if there is no problem,'' said Vince Weldon, a former Boeing engineer..."

"...We do an exceptional amount of testing,'' said Lori Gunter, a spokeswoman for Boeing's commercial plane unit. "Absolutely, these materials are safe. They are tested, they will be certified.''..."

"...Federal Aviation Administration (FAA) must find the 787 to be as crashworthy as aluminum planes..."

"...first test flight between mid-November and mid-December after a three month delay due to a shortage of bolts and problems programming the flight control software..."


Nós aqui temos a referência do atraso do 1º voo, e onde é indicado que em Novembro/Dezembro de 2007, já com um atraso de 3 meses se iria efectuar o vôo. Dois anos depois estamos exactamente no mesmo ponto, é suposto agora, após sucessivos adiamentos, o 1º vôo acontecer em Novembro/Dezembro de 2009.

"...The first 787 is due to be delivered to Japan's All Nippon Airways in May next year, meaning it will have at most six months of flight tests, much shorter than previous jetliner programs..."

"...Vince Weldon was sacked in July 2006 from his post as senior aerospace engineer at Boeing's Phantom Works research unit for "disputed reasons". He argues that "without years of further research, Boeing shouldn't build the Dreamliner and that the Federal Aviation Administration (FAA) shouldn't certify the jet to fly"..."

"...Weldon's allegations are detailed in a letter to the FAA, which claims:

The brittleness of the plastic material from which the 787 fuselage is built would create a more severe impact shock to passengers than an aluminum plane, which absorbs impact in a crash by crumpling. A crash also could shatter the plastic fuselage, creating a hole that would allow smoke and toxic fumes to fill the passenger cabin.

The recently conducted crashworthiness tests — in which Boeing dropped partial fuselage sections from a height of about 15 feet at a test site in Mesa, Ariz. — are inadequate and do not match the stringency of comparable tests conducted on a 737 fuselage section in 2000.

The conductive metal mesh embedded in the 787's fuselage surface to conduct away lightning is too light and vulnerable to hail damage, and is little better than a "Band-Aid."..."

"...FAA spokesman Mike Fergus confirmed earlier this week the 787 will "not be certified unless it meets all the FAA's criteria, including a specific requirement that Boeing prove passengers will have at least as good a chance of surviving a crash landing as they would in current metal airliners"..."

"...Indeed, if the 787 took to the air in mid-November, Boeing would have just six months to complete the flight test and certification program - compared to 11 months for the 777..."

Problemas e mais problemas para o Boeing 787. Após sucessivos adiamentos e várias explicações, no início deste ano, surge uma notícia bastante interessante, que me "obrigou" a escrever novamente sobre ele. A FAA (Federal Aviation Administration) ajusta as suas regras de modo a poder "passar" o 787. Se eu já sou muito negativo sobre este avião, isto deixou-me muito pessimista e perplexo por este cumplicidade por parte da FAA. Algo não está nada bem com este avião e com tudo o que gira à volta dele.

FAA to loosen fuel-tank safety rules, benefiting Boeing's 787

"The Federal Aviation Administration (FAA) has quietly decided to loosen stringent fuel-tank safety regulations written after the 1996 fuel-tank explosion that destroyed flight TWA 800 off the coast of New York state.

The FAA proposes to relax the safeguards for preventing sparks inside the fuel tank during a lightning strike, standards the agency now calls "impractical" and Boeing says its soon-to-fly 787 Dreamliner cannot meet.

Instead of requiring three independent protection measures for any feature that could cause sparking, the revised policy would allow some parts to have just one safeguard.

Boeing has worked closely with the FAA to make the change in time for the 787 Dreamliner, whose airframe built of composite plastic makes lightning protection a special challenge..."

O ano de 2009 não está a ser um bom ano para a Boeing, devido principalmente a este novo avião. Várias situações ocorreram que pioraram ainda mais a situação que serão analisadas no artigo seguinte.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Europa Mostra Que Confia Na Rússia Como Fornecedor De Energia

Encontro entre Putin e Berlusconi

Eu, em 2005, quando foi anunciado o negócio do Nord Stream entre a Rússia e a Alemanha, escrevi bastante acerca disso. Infelizmente na altura nunca pensei em ter um blogue e nunca pensei ir guardando o que fui escrevendo. Muitos dos artigos que escrevi estão perdidos. Alguns estou a recuperá-los pois anda estão acessíveis via net, outros nunca mais os vou ver com imensa pena minha. Apesar de saber qual a minha linha pensamento, gosto de me confrontar comigo próprio ao longo dos anos e ir verificando o meu raciocínio.

Hoje pretendo salientar que apesar da imprensa e alguns sectores políticos insistirem que a Rússia não é um fornecedor fiável para a Europa, a Europa considera e sempre considerou exactamente o contrário.

Mais uma prova disso é a visita recente de Berlusconi à Rússia para um encontro com Putin. Novas declarações saem a indicar que possivelmente o South Stream ficará pronto ainda antes do Nord Stream.

As coisas estão a correr bastante bem com a Itália e aqui gostaria de relembrar o seguinte. Estes projectos energéticos foram acordados com importantes dirigentes europeus com uma inclinação política mais favorável à Rússia. Schroeder, Chirac e Prodi. É sobejamente conhecido a relação entre estes e Putin na altura. Na altura estava Bush aos comandos e grandes divergências existiam entre os dois lados do Oceano. A "Velha Europa" não concordava com as opções americanas em várias esferas e a Putin soube estabelecer ligações e mostrar que havia futuro na nova Rússia em formação e a Europa. Em simultâneo os EUA estabeleceram fortes ligações com a "Nova Europa", criando barreiras entre a Europa e a Rússia.

Em resposta aos avanços militares por parte dos EUA, a Rússia avançou com a sua nova arma, a energética. A Rússia vai escolher os clientes a quem pretende vender energia e a Rússia quer vender à "Velha Europa" e assim nasceram os planos dos novos pipelines que vão ultrapassar todos os países problemáticos e fornecer energia a quem se pretende e a quem se pretende fornecer energia é de facto ao motor da Europa. O motor da Europa que é principalmente a Alemanha e França, não podem ficar reféns de opções políticas tomadas por alguns novos membros da UE, que escolheram a segurança económica da UE e a segurança militar dos EUA. Mas ao escolher a segurança militar dos EUA, colocaram em perigo a segurança energética do motor da Europa. Opções políticas têm um preço e este arrisca-se a ser bastante alto para alguns.

Apesar dos problemas que tem havido com o fornecimento de gás e os cortes, principalmente com a Ucrânia, muito foi falado, que a Rússia não era um fornecedor fiável.

1º Ministro Turco também participou na reunião via videoconferência

Apesar da saida de Schroeder, Chirac e Prodi e que foram substituidos por elementos mais conservadores, uma coisa é certa, as ligações entre estes e a Rússia foram reforçadas. E não será difícil encontrar notícias, artigos e análises, para cada entrada de um destes novos dirigentes, indicando que as relações com a Rússia iriam passar a ser diferentes. Não foram, porque independentemente de qual a côr política dos políticos à frente da sua nação, um político responsável sabe que em primeiro lugar está os interesses do SEU país e energia para um país é como o ar que respiramos, é essencial para a nossa sobrevivência. Pipelines directos com ligações ao maior fornecedor de energia do mundo é fulcral para o crescimento da Europa, para alimentar o motor da Europa.

Merkel, Sarkozy e Berlusconi sabem disso.

A "Nova Europa" vai muito possivelmente aprender o significado de segurança energética pela maneira mais dura.

A lembrar:
Nord Stream, Putin, Schroeder, 2005
South Stream, Putin, Prodi, 2007

Fontes:
Putin Sees South Stream Ready Earlier Than Planned
Putin to Berlusconi: South Stream May Be Ready before North Stream

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mais Uma Sabotagem Na Geórgia


Esta é quinta explosão em poucos meses. Desde junho, que os caminhos de ferro sofrem ataques. Este comboio que foi atacado (de acordo com investigações perliminares foi usado TNT), levava produtos petrolíferos para exportação.

A situação na Geórgia não é nada boa, o país está instável e para agravar a situação, é um país crucial para a passagem de pipelines ocidentais.

Estas explosões não auguram um futuro nada bom para o país, a Geórgia já tem problemas mais que suficientes internos e esta é mais uma acha para a fogueira.


Fontes:
Blast on Georgian railway derails cargo waggons
MIA: Blast Derails Cargo Train in Western Georgia

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Pipelines Russos Ganham Velocidade Em Direcção À Europa

Nord Stream já está a ser colocado

São várias as notícias que indicam que importantes desenvolvimentos estão a ocorrer com os dois novos pipelines russos (Nord e South Stream) em direcção à Europa.

South Stream

Turquia - Dá autorização para que o South Stream passe pelas suas àguas territoriais. Com esta autorização resolve o problema da passagem do pipeline por àguas ucranianas, pois este é o país que se quer evitar.

Bulgária - O novo governo arrastou a situação colocando em dúvida a capacidade de poder investir no South Stream e que iria dar uma resposta mais tarde, (a Bulgária é um dos apoiantes do Nabucco), a Rússia ao obter luz verde da Turquia, elimina a Bulgária da equação.

Sérvia - A Gazprom acordou ter um bloco maioritário e o pipeline irá passar pela Sérvia, também foi acordado criar um sistema de armazenamento de gás no pais.

França - Está para breve uma decisão se vão entrar no South Stream, a participarem significará um grande empurrão político ao pipeline.

Nord Stream

A Dinamarca oficialmente dá luz verde à passagem do Nord Stream pelas suas àguas territoriais. Isso já se estava à espera, pois tinha sido acordado este mês a duplicação do envio gás para a Dinamarca, dado que estes também são clientes do Nord Stream.

Apesar da imprensa insistir na questão da fiabilidade da Rússia como fornecedor de energia, o facto é que os actos valem mais que as palavras. A Europa avança para estes novos pipelines, aumentando a sua segurança energética, pois diminui o nº de países trânsito envolvidos. Por outro lado, os países que se envolveram em atritos com a Rússia, estão cada vez mais preocupados, estes novos pipelines ameaçam a sua segurança energética mas este é o preço a pagar pelas opções tomadas.


Fontes:
Russia, Serbia ink South Stream deal
Denmark OKs Nord Stream Pipeline Build Via Baltic Sea
Bulgaria ousted from Russia's South Stream pipe

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Líbia Vai Gastar Um Bilião de Dólares Em Armas Russas

Su-35 para a Líbia

A Líbia é mais um produtor de energia que começa a investir sériamente no upgrade ao seu armamento. Com o aumento da procura de energia por parte dos países mais industrializados, a agressividade tem aumentado, vários são os países que neste momento estão envolvidos em guerras de modo a obter o controlo dos recursos energéticos. Em resposta, os produtores que ainda não foram envolvidos em conflitos, procuram protecção com grandes investimentos em sistemas defensivos de boa qualidade.

Um dos grandes produtores de armas, tem estado a beneficiar desta situação. A Rússia que tem estado a modernizar o seu arsenal e a procurar aumentar as suas vendas no exterior, tem-se esforçado para mostrar que voltou a ser um fornecedor de armamento fiável e prova disso são as crescentes vendas a cada ano que passa. Além disso a Rússia tem um atributo importante que outros grandes produtores de armas não possuem. A Rússia também é um dos maiores produtores de energia, não estando neste caso, à procura de energia além fronteiras, o que transmite maior segurança aos países clientes. Podemos apontar um exemplo recente, o maior fornecedor de armas do mundo os EUA, colocou um embargo à Venezuela que é um dos grandes produtores de energia e um dos principais dos EUA, impedindo esta de fazer manutenção à sua força aérea que era constituida na sua maioria por aviões americanos. Impediu também a Espanha de vender navios, porque usavam alguns componentes americanos. Resultado, os EUA sem disparar um único tiro, colocaram a aviação venezuelana no chão. A reacção não se fez esperar e contratos foram feitos com a Rússia em tempo record. A entrega dos novos aviões também foi num espaço muito curto.

A Líbia parece prosseguir o mesmo caminho e juntamente com a Algéria, estão a criar uma verdadeira barreira defensiva do outro lado do Mediterrâneo. Com armas russas.

Nigéria: Rússia junta-se ao ataque chinês a um dos fornecedores dos EUA

A Gazprom chegou a acordo com uma das maiores empresas energéticas nigeriana, a Oando. A Nigéria possui as maiores reservas energéticas em Àfrica e é o 5º maior fornecedor dos EUA.

Em Julho já tinha sido negociados investimentos na ordem dos 2.5 Biliões de dólares e a possível participação num pipeline que leve gás à Europa. Mas com a entrada dos chineses(China "ataca" mais um fornecedor dos EUA), podemos assistir a uma resistência à viabilização deste pipeline.

O sector energético da Nigéria é dominado por empresas ocidentais tais como a Shell, Total, ExxonMobil e Chevron, mas agora temos a entrada de russos e chineses, tal como tem acontecido em outros países.

Fontes:
Gazprom in tie-up with Nigerian company
Oando Says Agreement on Nigeria Projects Signed With Gazprom

sábado, 17 de outubro de 2009

Ucrânia: O Preço a Pagar - Parte II

Com parte da Europa a parar e a arrefecer por falta de energia, era urgente pôr cobro à situação. A situação tinha que ser desbloqueada e mediação era requerida, porque Yushchenko e Putin estavam de costas voltadas.

Se alguma dúvida subsiste quanto à responsabilidade da Ucrânia desta situação, ela fica dissipada com o contrato feito. Ele é simplesmente arrasador para a Ucrânia. A Ucrânia iria pagar preço de mercado com desconto de 20% e o pagamento teria que ser mensal e a horas. Falha de pagamento trazia grandes penalizações. E isto seria apenas por um ano. Em 2010 seria a sério, ou seja passa a pagar o valor de preço de mercado na sua totalidade.

A Ucrânia, que se tinha recusado ao valor pedido pela Rússia de 250 dólares, iria passar a pagar 360 dólares. A Ucrânia estava a pagar 179.50 dólares em 2008 e teve um aumento de 100% em 2009! Embora o valor fosse sendo revisto de 3 em 3 meses e com tendência para baixar, nos 3ºs primeiros meses o aumento seria de facto 100% e depois disso estaria sempre longe dos 179.5 de 2008. E agora o contrato não permite uma falha sequer no pagamento e este teria que ser feito todos os meses. Um contrato duro.

Este ano o mundo está numa recessão económica grave e a Ucrânia com um abrandamento claro na sua economia, iria ter energia muito mais cara, o que iria arrasar com a sua indústria dependente do gás e barato. Este é o panorama para a realidade ucraniana durante o ano de 2009, os ucranianos vão sentir na pele as decisões do seu presidente. Nitidamente isto vai ter repercussões nas eleições presidenciais. As dificuldades sentidas em 2009 e saber que em 2010 o preço a pagar ainda será maior, vai sem dúvida ter impacto nos votos.

Dada a dureza do contrato e o significado disso para a indústria e economia do país (além do impacto da opinião pública) o governo mascara a situação. Apesar do aumento brutal, este não iria ser transmitido ao cliente final, que são as empresas e os ucranianos. O Governo iria pagar a diferença. As pessoas não sentiam o grande aumento, mas o governo estava a afundar-se em dividas. Depressa começaram a pedir ajuda e hoje tem empréstimos do FMI, do Banco Mundial e da UE no valor de Biliões de dólares de modo a poder pagar as contas do gás.

O valor da moeda caiu vertiginosamente e todos os meses a questão levanta-se, tem a Ucrânia dinheio para pagar a conta? Desde que vá recebendo os empréstimos. Entretanto para piorar ainda mais a situação, o FMI que está a fornecer o seu empréstimos por tranches impôe condições. O défice tem que ser controlado, a Ucrânia tem que refletir o preço da energia à população é à indústria. Dada a gravidade da situação económica, esta decisão seria arrasadora e impopular, deixando a 1ª ministra num dilema, aumentar os preços com todas as suas consequências e receber mais uns Biliões do FMI, ou manter os preços de modo a Tymoshenko ter hipóteses nas eleições presidenciais.

A situação actual da Ucrânia é favorável à Rússia. O principal objectivo é impedir a adesão à NATO e dada a situação económica e dependência de gás russo subsidiado, irá obrigar ao novo presidente lançar novas negociações, dando garantias de que não haverá adesão à NATO, a não ser que seja obrigada a pagar preços de mercado.

Infelizmente e mesmo que para o ano se venham a entender, a Ucrânia já tem um preço alto a pagar. Para a Rússia a Ucrânia representa uma ameaça à sua segurança pois mesmo que este novo mandato presidencial seja mais amigável com a Rússia, ninguém garante como seja o próximo.

Para a UE a Ucrânia também oferece perigos. A Ucrânia usa o seu poder de trânsito de energia para a Europa, ignorando as suas responsabilidades de pais de trânsito. E quando as coisas correm mal, é a Europa que tem que pagar com as suas reservas monetárias.

Portanto o objectivo principal tanto da UE como a Rússia é reduzir a sua dependência de tantos países intermediários. A resolução deste problema implica problemas acrescidos para a Ucrânia. A Ucrânia deixa de ser um problema para ambos, e a Rússia aumenta o seu poder de influência. Pode passar o gás a valor de mercado ou pode mesmo cortá-lo. No futuro, a UE não será afectada por isso, não tendo por isso pagar pelas opções políticas ucranianas.

Dado as suas dimensões e opções políticas, a Ucrânia é vista com suspeita pelos dois lados e se ainda vai tendo apoios, é porque ainda serve como país de trânsito.

A Ucrânia está entalada entre a Europa e a Rússia e nenhum dos dois terá pressa em criar amizades mais profundas. As más opções do presidente ucraniano, ditaram o preço a pagar por todos e por muito tempo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ucrânia: O Preço a Pagar - Parte I



Nunca os ucranianos imaginaram o que lhes estava destinado pelas opções tomadas na revolução laranja.

A aproximação ao Ocidente, a aproximação à Europa davam esperanças de algo melhor nas suas vidas, mas tudo tem um senão. E esse senão é que além de se querer aderir à UE, o presidente tinha um grande objectivo, o da adesão da NATO.

Aqui começam os problemas, a NATO é uma estrutra militar que a Rússia considera uma ameaça e a vizinha Ucrânia pretende aderir. As ligações militares são grandes entre a Rússia e a Ucrânia e este salto para o "outro lado", afecta consideravelmente o sistema de segurança russo.

Para agravar a situação, o presidente é bastante hostil para com a Rússia e com o apoio de muitos outros países, acelerou agressivamente a tentativa de entrar na NATO, tal como o fizeram os países Bálticos, a Polónia e a Rep. Checa e aqui começaram os problemas. A Ucrânia quer mudar para um bloco militar hostil à Rússia, mas continua dependente da energia desta. Pior, a Ucrânia vive com gás subsidiado pela Rússia.

Dado o caminho que a Ucrânia começou a percorrer, a Rússia reagiu e a sua resposta acaba por ser fulminante, a Ucrânia tem que passar a pagar o gás a preços de mercado, pois não faz sentido a Rússia apoiar um país que se está a tornar hostil.

Ainda assim o salto para preços de mercado não foi imediato, mas sim gradual, a cada ano o preço é revisto e este iria acelerar de modo a atingir o preço de mercado num periodo mais curto que o previsto.

A Ucrânia começou a reagir a este aperto, tentando impedir esta escalada de preços, pois a sua estrutura económica e industrial não consegue suportar estes custos energéticos. Ao longo dos anos a situação foi-se deteriorando, com aumentos, dívidas, ameaças e cortes de gás e que acabou por rebentar na entrada deste ano. Em 2006/2007 já tinha havido cortes onde o abastecimento a outros países europeus tinha sido afectado, tendo nessa altura a Rússia ficado com uma má imagem como fornecedor, porque a imprensa reportou básicamente a perspectiva ucraniana da situação, tendo com resultado a ideia de que a Rússia cortou o fornecimento à Europa.

No periodo de 2008/2009, a Ucrânia tentou repetir de novo a dose e deu-se mal. muito mal. Além dos valores em dívida e Ucrãnia recusou negociar o valor a ser aplicado para o ano de 2009, a Rússia baixou o valor pretendido pelo o seu lado, mas a Ucrânia oferecia um valor muito abaixo do que a Rússia pretendia. A Rússia lançou avisos à Europa e à Ucrânia de que iria haver novos problemas se a Ucrânia não saldasse as suas dívidas e se não fosse acordado o preço para 2009. Tendo o prazo expirado sem contrato acordado, preços de mercado foram aplicados e a situação rebentou. Os valores não foram pagos e o gás para a Ucrânia foi cortado. A Ucrânia passou a desviar o gás destinado para a Europa para consumo interno e ao mesmo tempo a dizer que a Rússia estava a cortar o gás para a Europa. Uma vez mais, a imprensa dava voz ao que saia da Ucrânia, e artigos por todo lado saiam dizendo, que a Rússia estava a cortar o gás à Europa, a Rússia não era um fornecedor fiável. Não se colocava em causa as responsabilidades da Ucrânia como país de trânsito.

Com esta pressão em cima da Rússia, (vários países afectados, imagem como fornecedor afectado e pressão via imprensa e via política) a Ucrânia, pensou repetir o feito e obter um melhor acordo para o ano de 2009.

Mas a situação não correu como o previsto. Desta vez a Rússia deu um murro na mesa e cortou todo o gás que transitava via Ucrânia (a maioria do seu gás) e só iria abrir depois de observadores independentes estivessem colocados em ambas as extremidades dos pipelines para mostrar o quanto estava a entrar na Ucrânia e quanto gás estava à saida do país. A Rússia fechou as torneiras, até ser pago o que lhe era devido. E se a Europa queria o seu gás, teria que verificar onde é que este se "perdia".

A Ucrânia ficou debaixo de fogo. A imprensa começou a interrogar-se se a culpa residia apenas na Rússia, a pressão recaia agora sobre ela e sobre a Europa.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

China "ataca" mais um fornecedor dos EUA



A China pretende adquirir 6 Biliões de barris de petróleo à Nigéria ou seja um sexto das suas reservas. Esta jogada por parte da China irá uma vez mais colidir com os interesses das companhias ocidentais e mais importante irá perturbar o fornecimento aos EUA, dado que a Nigéria é o 5º maior fornecedor deste país.

E o mais interessante desta jogada é que a China pretende adquirir 23 licenças que estão neste momento nas mãos de companhias ocidentais como a Royal Dutch Shell, a Chevron, a Exxon Mobil e a Total, portanto a China não só obtem mais petróleo para si, como ainda por cima desvia esse mesmo petróleo, pois este actualmente está a ser explorado por companhias ocidentais.

China seeks vast oil blocks in Nigeria
http://www.energy-daily.com/reports/China_seeks_vast_oil_blocks_in_Nigeria_999.html

Report: China moves in on Nigeria oil reserves
http://news.yahoo.com/s/ap/20090929/ap_on_bi_ge/us_china_nigerian_oil_1

China sovereign fund invests in Kazakh oil producer
http://www.energy-daily.com/reports/China_sovereign_fund_invests_in_Kazakh_oil_producer_999.html

Crude Oil and Total Petroleum Imports Top 15 Countries (EUA)
http://www.eia.doe.gov/pub/oil_gas/petroleum/data_publications/company_level_imports/current/import.html

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

França: Um Aliado Peso-Pesado Para Os Pipelines Russos

France eyes role in South Stream pipeline: Russia
France is eyeing participation in Russia's South Stream pipeline, seen as a rival to the EU-led Nabucco project for gas supplies to Europe, Prime Minister Vladimir Putin's spokesman confirmed on Tuesday.

French involvement in South Stream and another Russian-led pipeline project, Nord Stream, was addressed in talks between Putin and his French counterpart, Francois Fillon, in Moscow on Monday, spokesman Dmitry Peskov said...



France's GDF Suez to Acquire Nord Stream Shares by October

France's GDF Suez will by the end of October become a shareholder in the company building the Nord Stream gas pipeline under the Baltic Sea, Gazrpom's deputy CEO said on Monday...

http://www.oilandgaseurasia.com/news/p/0/news/5680

A confirmar-se estas notícias, a Rússia ganha um grande aliado para os seus pipelines, ficando assim envolvido dois dos mais importantes países da União Europeia. A Alemanha é o principal interessado do Nord Stream, pois vai ficar com acesso directo um fornecedor (Rússia) e a França vai diversificar as suas fontes, pois está muito dependente de fornecedores africanos. Apesar da imprensa insistir que a Rússia não é um fornecedor fiável, o facto é que cada vez vemos mais ligações com eles por parte da Europa.
Com estes dois pipelines vai ser diversificado o fornecimento russo à Europa. É bom para a Europa, mas é mau para os países bálticos, Polónia, Rep. Checa e Ucrânia. Todos estão dependentes da energia russa, e no que toca à Polónia e Ucrânia, são países transito que servem de ligação para o resto da Europa e que vão sofrer quando a Rússia possuir alternativas de escoamento do seu gás, sem depender destes países-trânsito que têm sido hostis para com a Rússia.
O mais interessante destas movimentações por parte da França é que elas têm impacto no pipeline Nabucco. Este pipeline não está a entusiasmar as duas grandes potências, e algumas das razões são a instabilidade política dos países envolvidos e as poucas garantias de que existe gás suficiente para alimentar o pipeline.

Gaz de France cancels Nabucco interest

French energy firm Gaz de France canceled its bid to become the seventh member of the construction team for the Nabucco gas pipeline, statements said...

http://www.upi.com/Energy_Resources/2008/07/22/Gaz-de-France-cancels-Nabucco-interest/UPI-66941216749964/

Nabucco removed from EU energy project list
Mention of the Nabucco gas pipeline has been deleted from a list of projects to be financed by a five-billion euro EU stimulus plan...EU officials confirmed yesterday that the pipeline, once considered a flagship EU venture, had disappeared from the list of energy projects to be financed under the plan.

The move was apparently made at the request of German Chancellor Angela Merkel, who insists that no public money should be spent on a project in which Berlin has little interest...
German Chancellor Angela Merkel recently confirmed her country's opposition to funding the flagship Nabucco gas pipeline project with European money, stressing that the problem is not financing but finding gas to feed the pipeline.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Nabucco: Um Pipeline Em Dificuldades


Nabucco


O Pipeline Nabucco pretende ser uma alternativa à Rússia, passando o gás por outros países. Este pipeline nasce com bastantes dificuldades, pois é um investimento avultado, atravessa países problemáticos, tem a concorrência dos pipelines russos e ainda mais grave não está garantido um fornecimento estável de modo a compensar todo o investimento que está a ser feito.

Pelo mapa pode-se ver rápidamente um dos problemas, este pipeline pressupõe ligações tanto à Geórgia como o Irão, ambos países que estão em "alta" devido às situações em que cada um está envolvido.

A juntar isto temos mais uns recentes desenvolvimentos, que em nada ajudam. O Turquemenistão anunciou que vão ser inaugurados em Dezembro dois novos pipelines, um para a China e outro para o Irão. O acordo para a China é o fornecimento de 40 Biliões de metros cúbicos/ano durante 30 anos. Este é mais um mau sinal para o Nabucco, pois o Turquemenistão é um dos países necessários para fornecer o pipeline europeu.

Dado os problemas de fornecimento do Nabucco, os investidores viram-se também para o Iraque. O Iraque dada a sua actual situação é tudo menos seguro. Um país instável, ocupado militarmente e com muitas interrogações sobre o seu futuro. Contar com fornecimentos estáveis ou contar com o que quer que seja daqui é um acto no mínimo irresponsável.

Mas mesmo tentando fazer acordos com o Iraque, não significa que sejam os únicos. De facto até a Rússia está a tentar recuperar parte do que tinha neste país em termos energéticos. E se ainda com os americanos no terreno, a Rússia já marca presença, não se sabe o que irá acontecer depois dos EUA sairem.

Uma coisa é certa, Nabucco é algo caro, depende de vários países fornecedores e de trânsito completamente instáveis e não oferece uma alternativa fiável ao fornecimento russo. Existem demasiadas incógnitas, tornando este pipeline um investimento de muito alto risco, não dando garantias à Europa de que pode ser uma solução com futuro.

domingo, 20 de setembro de 2009

Rússia e China investem 36 Biliões de dólares em projectos de petróleo na Venezuela

"Acordo para os próximos três anos é para exploração de jazidas na bacia do rio Orinoco por empresas de petróleo chinesas.
Hugo Chávez anunciou o acordo bilionário nesta quarta-feira, 16. A parceria com a estatal venezuelana do setor petrolífero, a PDVSA, deverá produzir 450 mil barris diários de petróleo cru. Recentemente a Venezuela fechou um acordo semelhante com a Rússia, este no valor de cerca de US$ 20 bilhões. As duas parcerias devem resultar em um aumento de 900 mil barris diários na produção venezuelana de petróleo.
Um dos objetivos de Chávez com esses acordos fechados com países mais simpáticos à sua “revolução socialista” é que eles garantam à Venezuela maior independência econômica frente aos EUA."



Esta é mais uma má notícia para os EUA, os avultados investimentos russo/chineses no 5º maior produtor mundial de petróleo e no 2º maior fornecedor de petroleo americano. Dado a importância que a Venezuela representa para o maior importador de energia do mundo, a Venezuela corre um perigo extremo.

A proximidade da Venezuela aos EUA, torna-o num dos melhores, mais seguros e eficientes fornecedores dos EUA mas a política de Chavez é vendê-lo á China. O que nós estamos a assistir é ao desvio da produção venezuelana de modo a aplacar a enorme e crescente sede do Dragão, o que irá afectar a exportação para os EUA.

Com investimentos tão avultados, a sua proximidade aos EUA e a importância da Venezuela para os EUA, torna-se urgente à Venezuela tomar medidas de protecção e torna-se urgente para quem investe tão grandes somas, fornecer o mais rápidamente possível meios de defesa, de modo a tornar o menos apetecível, um possível confronto militar com o objectivo da tomada de controlo do fluxo energético.

Também queria chamar a atenção sobre o que este artigo também mostra, a Rússia nestes tempos conturbados de recessão económica mundial, tem poder de investimento para se envolver em projectos de grande dimensão e deverá causar algumas surpresas quando passarmos este clima económico negativo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Venezuela adquire potente sistema anti-aéreo


S-300 PMU2


O sistema (S-300) que foi referido a possibilidade de estar a ser enviado para o Irão pelo o navio Arctic Sea, foi adquirido por Chávez. Este é considerado um dos melhores sistemas de defesa anti-aérea do mundo e vai aumentar consideravelmente a capacidade da Venezuela em repelir ameaças externas.

Com as crescentes necessidades energéticas, temos estado a assistir nos últimos anos a um incremento verdadeiramente significativo de aquisições militares por parte de países produtores. Estes sentem a necessidade de aumentar as suas defesas de modo a proteger as suas riquezas naturais.




Os vários módulos do sistema


Chávez, dado a proximidade da Venezuela aos EUA, os problemas entre ambos os países e o facto de estar a mudar lentamente a sua produção para a China, acrescenta vários factores de risco para o país. A Venezuela adquiriu recentemente 24 aviões russos topo de gama em virtude dos EUA terem negado manutenção aos F-16 da Venezuela e agora adquire um temível sistema anti-aéreo de fabrico russo. O que para o qual contribuiu também o facto dos EUA terem reactivado a 4ª frota dedicada à América do Sul e ao anúncio da abertura de 7 bases americanas na Colômbia.


Para complementar este sistema, adquiriu também os sistemas anti-aéreos Pechora 2M e o Buk M2 .




Pechora 2M




Buk M2


Com este pacote a Venezuela vai gastar 2.2 Biliões de dólares, dinheiro que a Rússia vai conceder a crédito. Apesar de ser uma soma considerável, (como é regra geral as aquisições militares), o histerismo e o sensacionalismo por parte de muita imprensa de modo tanto a vender notícias, como para alinhar em idealismos políticos, omite o mais importante que é perceber o que significa estes gastos, comparados com outros países na mesma região, como a imagem abaixo mostra e como se costuma dizer, uma imagem vale por mil palavras.

Além dos sistemas defensivos, foram adquiridos mais 2 sistemas de modo a modernizar algumas àreas.



Smerk





T-72


Estas aquisições por parte da Venezuela e as aquisições por parte do Brasil, desenham um novo panorama na América do Sul. Venezuela e Brasil caminham para um tipo de potência militar que esta zona do globo não conhecia. Se a sofreguidão pela energia fôr demasiado por parte dos grandes consumidores, estes terão problemas acrescidos caso queiram intervir militarmente. Mais, com a Mercosul a crescer, podemos assistir à criação do braço armado desta organização, caso se veja o crescimento da ameaça externa.


Este é mais um passo, mais um sinal dos tempos perigosos que se avizinham, os países grandes consumidores de energia à medida que esgotam as suas reservas internas, viram-se cada vez mais para o exterior. Os países que possuem grandes reservas de energia, são cobiçados por esses devoradores e investem em armamento para tornar caro qualquer investida pensada.


Uma pessoa esfomeada faz coisas impensáveis, até onde irá um país na mesma situação?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Renascer da Indústria Aeronáutica Civil Russa


Hoje foi dado um passo histórico para a indústria aeronáutica civil russa, com o aparecimento do Sukhoi Superjet 100 numa das maiores feiras internacionais, o Le Bourget 2009 air show em França. O dia de hoje representa o culminar dos esforços da Rússia em entrar neste mercado difícil, e que está dominado por um punhado de países.


Sukhoi SuperJet 100

A Rússia tem neste momento um legado pesado, com todos os problemas que surgiram com o desmoronar da URSS, que afectou grandemente toda esta indústria e que tanta má publicidade gerou nos anos 90. Hoje, a maior luta que a Rússia enfrenta é corrigir a imagem que tem aos olhos do mundo. Este é um mercado exigente onde não são permitido falhas e a Rússia tem que mostrar que está à altura do desafio.

A Rússia começou a mostrar que estava sériamente empenhada em recuperar esta indústria com a criação de uma companhia que englobasse todos os construtores de aviões existentes. A UAC (United Aircraft Corporation) criada em 2006 por Vladimir Putin, inclui a Sukhoi, Mig, Tupolev, Beriev, Ilyushin e Yakovlev. De todos estes, a companhia mais saudável é a Sukhoi com os seus aviões militares, todos os outros lutam para se manterem à tona e só graças a encomendas governamentais é que conseguem sobreviver, pois não conseguem exportar em quantidade suficiente.


A Rússia possui vários modelos civis de aviões, mas dada a desintegração da URSS, as dificuldades económicas e falta de rumo a nível político, deixou toda este sector (como tantos outros) em sérias dificuldades. Metodologias diferentes, atrasos tecnológicos, motores desactualizados, dificuldades em fornecer manutenção e opções políticas ditaram a morte a quase todos os construtores com perda de know-how e pessoal especializado.



Ilyushin Il-96-300

A Rússia possui uma gama completa de aviões, sendo o Ilyushin Il-96 o maior da oferta, parecido com o modelo da Airbus A340 que a Tap possui. Mas todos estão com problemas de penetração de mercado, pelas razões anteriormente apontadas. A nova aposta da Rússia, passa por envolver parceiros ocidentais com credenciais no mercado e absorção de novas tecnologias em àreas que têm um atraso significativo. Destaco três projectos onde se vê esta estratégia aplicada.

Dos três o mais importante é sem dúvida o Sukhoi superjet, que é um projecto novo e que foi aplicada de raiz esta estratégia. Italianos, franceses e americanos participam no projecto, o que dá suporte à imagem de um avião que vem da Rússia. Os italianos com a Alenia Aeronautica, participam com 25% no projecto e com eles foi criada uma holding a "SuperJet International" em que os italianos detêm 51% do capital e que irá dar o suporte/manutenção e credibilidade que o avião necessita. Os motores são franceses da Snecma, desenvolvidos para o projecto e a Boeing irá apoiar principalmente nas acções de marketing e leasing.


Beriev BE-200

O Beriev BE-200, é um avião de combate às chamas e luta num nicho de mercado onde não existe muita competição, mas sofre o mesmo problema de todos os modelos russos, o facto de ser russo. A Rússia "atacou" a Europa com este avião, onde inclusivé tentou fornecer Portugal com dois destes aviões, mas até à data apenas conseguiu vender os helicópteros Kamov (o que já foi positivo) e apenas está a conseguir alugar os aviões na época de incêndios e penso que só será decidido algo, depois das eleições. Apesar de em Portugal não ter conseguido ainda vingar, a Rússia conseguiu o apoio da EADS (European Aeronautic Defence and Space Company) e o avião tem o suporte desta gigante estrutura que dá uma grande credibilidade ao avião. A Grécia será muito possivelmente o primeiro cliente na Europa.

Beriev BE-200 (cockpit)

Por fim temos o novo motor da Aviadvigatel, o PS-90A2, o mais eficiente e moderno que possuem, porque foram usados componentes não russos, componentes esses que a Rússia tem um atraso significativo e não conseguem ser competitivos no mundo actual.

Aviadvigatel PS-90A2

A estratégia actual da Rússia assenta na procura de parceiros ocidentais para responder às seguintes necessidades:

  1. Credibilidade/marketing ao avião
  2. Absorção de novas tecnologias, de modo a colmatar as actuais lacunas e efectuar um salto tecnológico.
  3. Absorção de novos métodos de fabrico mais eficientes, de modo a aumentar a produtividade/competitividade.

Devido a esta estratégia e o facto de quererem relançar este sector, temos assistido a várias frentes de ataque, apoio financeiro a companhias russas que adquiram aviões russos, tentativa da Aeroflot em adquirir uma companhia de aviação europeia e o recente anúncio da ordem de compra de 30 Sukhois SuperJet por parte de uma companhia da aviação Húngara a Malev, este é uma compra interessante porque esta companhia foi comprada este ano por um banco estatal russo. O que mostra a determinação com que a Rússia tenta dar o pontapé de saída para um sector tão importante como o é o sector da aviação.

Tupolev TU-334

Hoje as cartas foram lançadas, daqui a uns anos iremos ver se realmente conseguiram ou não.