O ano de 2015 passou. Está na hora de dar uma olhadela à economia russa, agora que saiu uns dados que estava a aguardar. O colapso do barril do petróleo e as sanções atingiram fortemente o país. Estávamos em 2014 quando as coisas começaram a resvalar vertiginosamente. É bom recordar que final de 2014, esperava-se um colapso do país, da sua economia, do rublo, etc.
Vou dar um exemplo de um artigo que apareceu nessa altura no Observador, escrito por Edgar Caetano. Ele tem feito uns artigos interessantes, mostrando fontes, várias perspectivas, uns artigos equilibrados e em português.
Xeque-mate a Putin?
...Se, no início de 2014, o mundo se questionava até onde conseguiria ir a Rússia, depois da anexação da Crimeia, hoje a pergunta é outra: até onde pode cair um país – o maior do mundo – que está à beira do colapso?...
...Segundo Garry Kasparov, esta crise está a revelar as fragilidades de uma economia demasiado dependente dos petrodólares e de um sistema político nas mãos de um líder, Vladimir Putin...
...Nos últimos dias, pouco mudou além de o preço do petróleo ter furado alguns níveis psicologicamente relevantes. Foi o suficiente para instalar o medo nos mercados...
...“A Rússia está a viver uma crise cambial total”, diz Alexander Moseley, um gestor de carteiras da Schroders, em nota enviada ao Observador...
...“Putin navegou a onda dos preços elevados do petróleo nos anos depois de ter assumido o poder, mas não há dúvidas de que a economia em dificuldades está a começar a ter um impacto adverso na sua política...
...O Banco da Rússia já dissipou um quinto das respetivas reservas a tentar conter a queda do rublo nos últimos meses, sem obter sucesso duradouro até ao momento...
O ano de 2015 passou. E para supresa de muitos, o país não colapsou. Não colapsou, nem cedeu nas suas posições.
Apesar das condições económicas adversas, consegue ainda tomar a iniciativa na arena internacional. Em plena crise, toma uma atitude inédita, a entrada na Síria, para apoiar Assad e combater grupos terroristas. Um país, onde uma coligação liderado pelos os EUA, efectuava operações, eles entraram, e mudaram o curso da guerra que por lá anda.
De caminho, mostram a sua capacidade e os novos armamentos que possuem. De repente deixou-se falar das fracas capacidades militares convencionais russas. Muita gente dizia que só a componente nuclear salvava o país. Mas o que foi mostrado na Síria foi muito equipamento novo. A Rússia esteve a mostrar ao mundo, que mantém a sua capacidade de construir equipamento sofisticado. O know-how não foi perdido.
Mas vamos focar o último parágrafo que marquei a verde. As notícias nessa altura saiam em catadupa, sobre a sangria que pairava sobre as reservas financeiras que o país possuía. Muitas previsões foram feitas, que àquele ritmo em pouco tempo, as reservas deixariam de existir. Vamos então, passado um ano, ver a evolução dessas reservas.
Se olharmos agora, que passou um ano, podemos ver o quanto eles perderam de reservas financeiras. Sensivelmente 5% das mesmas. Também posso fazer umas previsões..., a este ritmo daqui a 10 anos, ainda têm metade das reservas que tinham em 2014!
Como é que um país, tão sensível às flutuações dos preços energéticos e debaixo de sanções, consegue não meter as mãos nas suas poupanças?
Talvez porque a sua dependência da venda de energia não seja assim tão grande como estão sempre a dizer?
Mais um dado interessante e que tenho acompanhado também por aqui. Com os problemas económicos, concerteza que pararam de investir no ouro, certo?
Errado.
A Rússia não deixou de comprar ouro. Também não começou a vender. Simplesmente continuou a acumular como se nada tivesse acontecido. A escalada é imparável e já tenho alguns artigos dedicados ao tema.
2014 tinha sido o ano em que a Rússia mais comprou ouro, 177 toneladas. Deixou de ser. 2015 sem os dados de Dezembro, já vai em 197 toneladas. Duma coisa não se livra, é o maior comprador de ouro no ano de 2015.
Como é que um país à beira do colapso económico, está a conseguir manter as suas reservas financeiras e continuar a comprar ouro como se não houvesse amanhã?
É claro que o país atravessa um panorama económico bastante adverso, mas se depende tanto da venda das matérias primas, como é que está a conseguir esta performance?
E se está a conseguir fazer isto nestas condições... o que fará com o barril novamente nos 100 dólares?
Excelente análise.
ResponderEliminarAcerca do tema:
ResponderEliminarhttp://www.bloombergview.com/articles/2015-11-26/putin-doesn-t-mind-oil-s-fall
Phi