O Tratado START (Strategic Arms Reduction Treaty), é um tratado muito importante que vem mudar o curso da corrida de quem teria mais ogivas nucleares e que estava a atingir patamares completamente alucinantes. Como podemos verificar pela imagem,
Este tratado impede que os arsenais nucleares aumentem. Podem ser modernizados, mas os números têm que ser respeitados.
Em 2011 entra em vigor o novo tratado START com mais uma redução importante, passamos de um valor de 6000 ogivas para 1550. Uma redução deveras importante, como qualquer redução para armas deste tipo, tanto para as armas como para as plataformas que as transportam.
New START Treaty
Under the treaty, the United States and the Russian Federation had seven years to meet the treaty's central limits on strategic offensive arms (by February 5, 2018) and are then obligated to maintain those limits for as long as the treaty remains in force.
Aggregate Limits
Both the United States and the Russian Federation met the central limits of the New START Treaty by February 5, 2018, and have stayed at or below them ever since. Those limits are:
- 700 deployed intercontinental ballistic missiles (ICBMs), deployed submarine-launched ballistic missiles (SLBMs), and deployed heavy bombers equipped for nuclear armaments;
- 1,550 nuclear warheads on deployed ICBMs, deployed SLBMs, and deployed heavy bombers equipped for nuclear armaments (each such heavy bomber is counted as one warhead toward this limit);
- 800 deployed and non-deployed ICBM launchers, SLBM launchers, and heavy bombers equipped for nuclear armaments.
New START limits all Russian deployed intercontinental-range nuclear weapons, including every Russian nuclear warhead that is loaded onto an intercontinental-range ballistic missile that can reach the United States in approximately 30 minutes. It also limits the deployed Avangard and the under development Sarmat, the two most operationally available of the Russian Federation’s new long-range nuclear weapons that can reach the United States. Extending New START ensures we will have verifiable limits on the mainstay of Russian nuclear weapons that can reach the U.S. homeland for the next five years. As of the most recent data exchange on September 1, 2020, the Russian Federation declared 1,447 deployed strategic warheads. The Russian Federation has the capacity to deploy many more than 1,550 warheads on its modernized ICBMs and SLBMs, as well as heavy bombers, but is constrained from doing so by New START.
Após terem chegado ao limite imposto pelo tratado em Fevereiro de 2018, no mês seguinte, Março de 2018, Putin faz o seu discurso onde anuncia as novas armas. Seis novas armas.
Duas delas estão aqui referidas, o Avangard e o Sarmat. O Sarmat é um míssil intercontinental de enorme dimensão pesando mais de 200 toneladas e podendo transportar até 24 Avangard, que possuem velocidade hipersónica.
Estas novas armas reduzem o tempo de chegada a território americano. O tratado não impede a colocação destas novas armas, apenas impede o número máximo de ogivas a plataformas. Os EUA não pensaram que a Rússia conseguiria ser mais rápida que eles no desenvolvimento de capacidades hipersónicas e agora estão interessados em que seja criado um acordo onde este tipo de armas seja especificamente tratada.
E porquê?
Porque é que este tratado ao contrário dos outros, não foi abandonado pelos EUA? Porque este tratado é de todo o interesse que seja mantido. Quanto menor for o nº de ogivas que o inimiga possua, maior são as chances de que o seu escudo antí-míssil funcione. Daí o terem abandonado o primeiro tratado que referi, o tratado ABM.
O problema é que se chegou à conclusão que o sistema ABM americano não conseguiu atingir a capacidade prometida de intercepção, tendo-se gasto centenas de biliões de dólares em mais de duas décadas e agora está praticamente anulado com a introdução de armas hipersónicas.
Os EUA ao verem-se numa situação bem mais perigosa, após verificarem que o seu sistema ABM não os vai proteger e o progresso das armas hipersónicas por parte da Rússia, avança com uma decisão ainda mais perigosa e que nos coloca num perigo extremo, principalmente a Europa. A saída do tratado INF, que deixo para último dos tratados que quero falar.
Entretanto, este tratado, que os EUA não abandonam, é suspenso pela Rússia este ano.
Putin pulls back from last remaining nuclear arms control pact with the US
Russian President Vladimir Putin said he is suspending his country’s participation in the New START nuclear arms reduction treaty with the United States, imperiling the last remaining pact that regulates the world’s two largest nuclear arsenals.
Putin made the declaration in his much-delayed annual state of the nation address to Russia’s National Assembly on Tuesday...
A situação está a ficar mortalmente séria. E não é por causa da Ucrânia.
P.S. As 6 novas armas anunciadas em 2018
De recordar que na altura, muita gente aludiu como fanfarronice, o anúncio destas novas armas. Que a Rússia não teria capacidade, que era discurso populista para consumo interno, que a economia deles iria desabar (uma vez mais) se tentassem ir por esse caminho.
Vamos dar uma olhadela às seis armas anunciadas:
- SarmatAnunciado como activo em Setembro de 2023
- AvangardAnunciado como activo em 2019
- Poseidon
Anunciado testes com sucesso em Junho de 2023 - BurevestnikAnuciado testes com sucesso em Outubro de 2023
- Zircon
Anunciado como activo em Janeiro de 2023 - Kinzhal
Quem em 2018, desdenhou o anúncio das novas armas, agora enfrenta a realidade. E a realidade é que os avisos russos são para serem tomados como sérios.
E estamos numa situação cada vez mais séria.
Posts anteriores sobre o assunto:
Os 4 Tratados Do Apocalipse
Os 4 Tratados Do Apocalipse II
Estes dois conflitos já nos mostraram que as guerras travam-se de maneira diferente e que não há exércitos invencíveis nem cidades inexpugnáveis . O próximo mito a cair será o dos porta-aviões ,se o conflito escalar tenho impressão que estes porta-aviões não voltam a casa !
ResponderEliminarA questão dos porta aviões é curiosa... Já nem sei muito bem se são realmente uteis hoje em dia, se são apenas show off. São alvos enormes e fáceis a abater contra um adversário de peso (Rússia por exemplo).
EliminarDiria que nesta zona do globo, é complexo um ataque a uma frota liderada por um porta-aviões.
EliminarMas já temos visto muitas coisas improváveis acontecer nos últimos tempos.
Algo que os EUA não podem ignorar.
Seja como for, diria que os EUA não podem usar os seus porta-aviões.
A não ser que a coisa saia fora de controlo.
A ignição de uma coisa mais séria, será a entrada dos israelitas na Faixa de Gaza.
Irá concerteza arrastar outros actores.
A partir daqui, interrogo-me onde é que isto poderá parar.
Será este acontecimento, entrada na Faixa de Gaza, o início do fim do petro-dalar?
EliminarNa minha opinião já começou. O conflito da Ucrânia e a aplicação das sanções acabou por dar um forte empurrão nesse sentido.
EliminarJá existe e está a crescer as transações em yuan para pagamentos de petróleo. Algo impensável há uns anos atrás.
Por acaso eté estou para fazer um post sobre este tema. A ver se o faço.
O Azerbaijão pode invadir a Arménia nas próximas semanas: o alerta de Blinken aos congressistas americanos
ResponderEliminarHistória de Pedro Falardo TVI
Já estamos na III grande guerra?
Tenho sérias dúvidas que o Azerbaijão pense em fazer tal coisa.
EliminarA Arménia está protegida pela Rússia.
Curioso esse alerta de Blinken.
Cheira-me é que o Azerbaijão já não está alinhado com os interesses americanos e querem acabar com o financiamento deles.
Parece-me que a Rússia não vai mexer uma palha pela Arménia, pois esta passou-se para o "outro lado". Pelo contrário, mantém boas relações com o Azerbaijão. A Arménia cavou a sua própria sepultura, por muito que isto nos custe.
EliminarParece-me prematuro essa evolução da situação.
EliminarA Arménia não abandonou a CIS (Commonwealth of Independent States).
E mais importante, não abandonou a CSTO (Collective Security Treaty Organization).
Um ataque ao Azerbaijão à Arménia implica uma resposta russa.
A Rússia não terá como fugir a isto se quer ser um estado que honra os seus compromissos.
Numa situação destas, o Azerbaijão não poderá intervir.
Agora se a Arménia sair destas organizações...
ResponderEliminarChina recebe líderes dos países emergentes que participam no fórum Faixa e Rota
O Presidente russo, Vladimir Putin, e representantes do governo talibã do Afeganistão são esperados em Pequim
Líderes de dezenas de países em desenvolvimento, incluindo Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, vão participar esta semana, em Pequim, num fórum que assinala o 10.º aniversário da Iniciativa Faixa e Rota...
https://www.msn.com/pt-pt/noticias/ultimas/china-recebe-l%C3%ADderes-dos-pa%C3%ADses-emergentes-que-participam-no-f%C3%B3rum-faixa-e-rota/ar-AA1ii4YL?ocid=emmx&cvid=45dd327c31c9482ec9e32d78a9f35c2a&ei=68
Um evento a ter em atenção.
Destaco a participação dos taliban. Curiosamente algo que está a ser trabalhado pela Rússia e China.
Diria que um projecto a muito longo prazo. Que talvez dê frutos e melhore as condições de vida daquela gente. Mulheres incluídas.
Infelizmente o mundo é movido com base no conflito e não na diplomacia.
EliminarQuando esses países que integram esse programa começarem a desenvolver-se e a terem meios de serem independentes, soberanos, e de escolherem com quem realmente querem estabelecer relações diplomáticas e comerciais (Ásia e África por exemplo), os EUA arranjarão forma de minar isso tudo e mandar para lá bojardas.
Não defendo guerras algumas, mas que será necessário que os BRICS+, e não só, formem uma cooperação militar parece-me mais que óbvio. Ter meios intimidadores é a melhor forma de meter os bullies em ordem.
os EUA arranjarão forma de minar isso tudo e mandar para lá bojardas.
EliminarTenha em mente que os EUA já estão a pagar de juros da sua dívida mais de 1.8 mil milhões de dólares por dia.
E a aumentar rapidamente.
Ou os EUA arranjam maneira de dar a volta a isto, ou vão começar a ter problemas de financiamento e não irá demorar muito a chegarmos a este ponto. E eu tenho muitas dúvidas que consigam dar a volta a isto.
O BRICS+ a meu ver ainda têm muito caminho a percorrer até pensarem em algo como uma cooperação militar.
No entanto ela irá naturalmente crescer à medida que o projecto cresce.
Se os EUA vão ter tempo para pensar nisso enquanto lutam para pagar os juros da sua dívida e manter o dólar no topo do mundo...
É o que vamos ver.
Rolls Royce despede até 2500 trabalhadores
ResponderEliminarA fabricante de motores para aviação Rolls Royce vai despedir até 2500 trabalhadores numa tentativa de redução de custos. Empresa tem um total de 42 mil trabalhadores
https://www.msn.com/pt-pt/noticias/ultimas/rolls-royce-despede-at%C3%A9-2500-trabalhadores/ar-AA1ikNvk?ocid=emmx&cvid=856ee3540f634c8e81ed7eca4ebb3e72&ei=16#comments
O tópico do sector da aviação civil é algo que estou há imenso tempo para falar.
Também é um post que tenho que acabar. Tem implicações estratégicas e globais.
Bem com a nossa TAP foi o que se viu... despedimentos já foram feitos e tanta coisa com a nacionalização e vão acabar por vender... resta saber a quem e por quanto
EliminarA TAP...
EliminarUm problema por muito tempo.
Após os conflitos Ucrania vs Rússia , Arménia vs Azerbeijão , Israel vs Palestina e alguns ( Muitos.) conflitos regionais em África , qual será o próximo ?
ResponderEliminarCom os conflitos actuais, já temos potencial que chegue para que a coisa descambe de uma forma muito séria.
EliminarVamos a ver o que virá aí.
ResponderEliminar"Sou a favor da transição energética. Não esta do ocidente. Vai ser uma catástrofe mundial"
Com o deflagrar da guerra entre Israel e Hamas, o impacto nos preços da energia já é bem visível. Agostinho Pereira de Miranda e Joaquim Ventura Leite, neste Negócios da Semana, respondem a como pode a Europa garantir o abastecimento de energia a preços que lhe permitam manter a competitividade neste novo cenário...
...Neste cenário, importa perceber como vai a Europa garantir o abastecimento de energia a preços que lhe permitam manter a competitividade da produção e das exportações...
https://www.msn.com/pt-pt/noticias/ultimas/sou-a-favor-da-transi%C3%A7%C3%A3o-energ%C3%A9tica-n%C3%A3o-esta-do-ocidente-vai-ser-uma-cat%C3%A1strofe-mundial/ar-AA1ivk63?ocid=emmx&cvid=15e339080948464db1980375a5cabec4&ei=9
Como é que a Europe pode manter a competitividade...?
Simples.
Não pode.
ResponderEliminarZelensky anuncia cimeira em Malta sobre plano unilateral de paz para a Ucrânia
"Informei o presidente, Biden, de uma grande reunião internacional sobre a Fórmula de Paz, que terá lugar em Malta este mês", disse Volodymyr Zelensky no seu discurso à nação esta quinta-feira à noite, publicado na rede social X (antigo Twitter).
"Os Estados Unidos apoiam a implementação da Fórmula de Paz", afirmou...
https://www.msn.com/pt-pt/noticias/ultimas/zelensky-anuncia-cimeira-em-malta-sobre-plano-unilateral-de-paz-para-a-ucr%C3%A2nia/ar-AA1iylvI?ocid=emmx&cvid=acff8f9230e642768255bdff2a57d802&ei=13#comments
Um plano unilateral de paz.
Palavras para quê...
Claro, está a perder protagonismo face ao conflito Palestino-Israel. Já ninguém se lembra da Russia-Ucrania...
EliminarSe ele não tiver as camaras viradas para ele, está lixado...será abandonado como tantos outros antes dele.
Acerca do programa da SIC é de relevar que não é a primeira vez nem será a última que Joaquim Leite afirma sem contemplações que a transição energética é uma falácia , mas isto não é nada de novo basta ler outros investigadores imparciais e estrangeiros dizem todos o mesmo . Acresce a esta outra falácia a do aquecimento do planeta quando entrarmos numa nova era glaciar não sei o que vão inventar ! O problema já todos sabemos qual é ,existe população a mais , a teoria malthusiana neste aspecto é capaz de estar muito actual !
ResponderEliminarUma pequena observação :" Putin instructs to patrol Black Sea with aircraft with Kinzhal missiles on board" não é por acaso no Mediterrâneo estão dois porta-aviões !
Sim, esse aviso dos Kinzhal, até estou a pensar em falar sobre isso.
EliminarQuanto à conclusão, a reindustrialização da europa sou muito pessimista, como sou para a Europa, porque, para além dos produtos agrícolas, somos dependentes das importações de todas as matérias-primas, e quando se trata de instalar uma fábrica ou uma indústria, a ecologia impede qualquer iniciativa, excepto quando os preços explodem !
ResponderEliminarEm conclusão, as doutrinas de Monroe, Truman, Wolfowitz, Brzezinski e os Think Tanks que se seguiram (ex NED) estão a revelar-se cada vez menos viáveis! O xeque-mate está no ar!
Este é o capítulo mais recente da história da ordem económica mundial, em que a liberalização dos capitais privados em detrimento do poder financeiro dos países do mundo conduziu à superioridade dos Estados Unidos em detrimento do resto do mundo.
Esta realidade geoestratégica e geopolítica assenta, nomeadamente, na extraterritorialidade do direito americano sobre o comércio internacional e no domínio do dólar como moeda de troca.
Esta violência monetária imposta a todo o mundo correspondia à globalização da economia em que as principais instituições financeiras, nomeadamente o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, funcionavam sob as ordens do poder americano.
No entanto, a hegemonia americana prestou-lhe um mau serviço, conduzindo a um certo número de crises internas, nomeadamente o enfraquecimento do tecido industrial que corresponde, em primeiro lugar, à emergência do Japão na indústria automóvel e à chegada de certos países aos sectores das novas tecnologias.
Mas a globalização desejada vai reconstituir as forças que actuam na economia mundial, na qual os países emergentes estão prontos a propor uma forma diferente de gerir a economia, na qual já não existe uma economia dominante.
Este grupo, conhecido como BRICS+, quer uma economia multipolar que ajude a desenvolver as diferentes partes do mundo, respeitando os direitos de todos.
A Europa encontra-se numa situação muito delicada porque se deixou arrastar pelos Estados Unidos na desindustrialização da sua economia e na sua participação em acontecimentos geopolíticos que não servem o seu crescimento.
Sim, temos muitos políticos na Europa que necessitam de ser escrutinados.
EliminarPorque optámos um caminho que não é do interesse dos europeus.
Temos políticos na Europa que estão a defender interesses de terceiros.