segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Batalha No Espaço: A Preparação

 


Vamos olhar um pouco para cima, pois a situação não está a aquecer apenas cá em baixo. Hoje em dia, já não passamos sem satélites. As comunicações, o GPS, os mapas da google, são apenas uma pequena parte de todo o potencial do espaço.

Uma outra perspectiva, é a militarização do espaço. E queria fazer uma pequena chamada de atenção para se ver que há preparativos em todos os domínios possíveis de se travar uma guerra.

A colocação de objectos no espaço, está a bater recordes a cada ano que passa. Se recuarmos uma década, os aumentos de objectos colocados no espaço ronda os 1000%. Se por essa altura eram colocados menos de 200 objectos no espaço durante um ano, agora estamos próximos de 2000 objectos. É um crescimento brutal. E onde os EUA se destacam claramente. 

Com este ritmo de crescimento explosivo, interrogo-me onde estaremos dentro de uma década ou duas...



Claro que para se lançar tanta coisa no espaço, o nº de lançamentos também está a aumentar e 2022 vai ser um ano para se bater recordes. De novo. É que 2021 foi o ano com mais lançamentos de foguetões, com 135 enviados para o espaço. E neste momento, já se ultrapassou os 150 e o ano ainda não acabou.


Três nações se destacam. Os EUA, China e Rússia. São ao fim e ao cabo, as nações com capacidade de colocar homens no espaço, de contruir estações espaciais.

E são as 3 que estão a enviar mais satélites militares para o espaço. Como podemos ver pelo gráfico seguinte, a Rússia já triplicou o número de satélites militares enviados este ano relativamente ao ano passado. E 2022 ainda não acabou.



Podemos dizer que mais de 50% dos foguetões lançados pela Rússia este ano, são de carga militar. Mais, que a este ritmo, estão a lançar um a cada 3 semanas. E toda a gente sabe que eles não têm mísseis (e foguetões então muito menos) e que os chips são de máquinas de lavar loiça...

Agora, todo este equipamento que está a ser enviado para o espaço é por causa da Ucrânia? Não é. E basta ver que não são os únicos que se estão a preparar.


As nações que têm estado a lançar satélites militares este ano como se não houvesse amanhã, são as expectáveis para um conflito planetário.

No caso da Rússia, além da tecnologia hipersónica que está a aplicar em todo o tipo de mísseis, também tem aperfeiçoado o seu sistema anti-míssil, capaz de abater satélites.



Com uma velocidade de arranque verdadeiramente assombrosa, ainda por cima para um míssil destas dimensões, foi testado em finais de 2021 onde demonstrou que é capaz de abater um satélite.

Além disto, a Rússia tem neste momento satélites com capacidade de atacar outros satélites. Estando um deles neste momento a perseguir um satélite americano.

Kosmos-2558: Russia's killer satellite that could trigger Article 5

Two blips of light in the night sky, whizzing around the globe every 90 minutes, could be where Russia opts to clash with Nato over the Ukraine war.

The first blip you see, if you look up at the right place and time even with a naked eye, is an American spy satellite called USA-326, launched on 2 February into an orbit some 500km above the earth and likely capable of taking images as detailed as legible car number plates.


The second blip, which follows anything from a few seconds to 30 minutes later in a nearly identical orbit 50km lower, is a Russian military satellite called Kosmos-2558.

It was launched on 1 August from the Plesetsk cosmodrome in north-west Russia the moment USA-326 passed overhead, in what looked like an effort to gather information on the US surveillance probe...

... But Kosmos-2558's real mission might be more sinister than mere counter-surveillance, given its capabilities.

It can deploy a small, manoeuvrable subsatellite, armed with a projectile, that could catch USA-326 and shoot it down, two Russian dummy-runs of the same anti-satellite system showed in 2019 and 2017.

Russia also blew up one of its own satellites with a ground-launched missile called Nudol in a test in November 2021 — a display of space aggression just three months before invading Ukraine...


As pessoas, apenas vêem o que aparece na televisão. E na televisão apenas dizem que a Rússia está sem mísseis, sem chips, que as tropas estão desmoralizadas, que estão a perder terreno, etc, etc.

E não se apercebem da lenta armadilha que se está a desenrolar perante os nossos olhos. A capacidade de destruição que tanto a Rússia como os EUA são capazes de causar, é algo que não cabe na imaginação das pessoas.

As verdadeiras negociações não são entre a Ucrânia e a Rússia. É entre esta e os EUA. 

E mais ninguém.






P.S. Por falar em falta de chips na Rússia e que toda a gente sabe da coisa, será que toda a gente sabe da falta de chips nos EUA?

Palavras do presidente dos EUA, proferidas há poucos dias:

...Earlier this year, I went down to a Lockheed factory in Alabama, where they make Javelin missiles.  Guess what?  We were having trouble — we were having trouble supplying the Javelin missiles to Ukraine because they didn’t have the chips.  They didn’t have the computer chips.  To help defend themselves against Putin’s brutal and unprovoked war, we were sending these guys these Javelins...


Isto é tudo muito muito engraçado...

E claro, só está a afectar os Javelin, certo?

Certo...

4 comentários:

  1. O PortugueseMan não me levará a mal se lhe disser que estava à espera de um post seu sobre a mais recente visita de Olaf Scholz à China… junto com um grupo de CEO´s de topo. 😊

    “It is here that new centers of power are emerging in a multipolar world, and we aim to establish and expand partnerships with all of them.”

    A Rússia e os EUA podem ter uma capacidade bélica impressionante, e têm de facto, mas esta declaração do chanceler alemão, que é quanto a mim um esboço de realinhamento geopolítico e comercial, foi a explosão de uma bomba nuclear tática na cara de quem lhes sabotou o Nord Stream.
    Numa singela declaração, a Alemanha reconhece uma nova ordem mundial… Multipolar. E que o Ocidente, supostamente também a Alemanha, ainda que mais timidamente que as demais nações, combate em solo ucraniano! Ficando no ar o esboço de um futuro eixo Alemanha-China-Rússia, que seria uma realidade mil vezes mais desastrosa para a "democracia" do que a vitória russa em solo ucraniano, mas que os alemães precisam agora como única solução viável para a sobrevivência da indústria alemã, que ao contrário do que muita gente possa pensar tem prioridade sobre quaisquer ideais progressistas e até sobre o próprio projeto europeu.
    Curiosamente, se calhar por mera coincidência, já se começam a ouvir vozes de negociação e pacificação…
    Imagine só a Alemanha, e por isso a UE, virar-se um dia para Oriente e voltar as costas aos EUA e àquela ilha que fica ao largo do continente europeu... Seria o fim da "democracia"! 😊

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    1. "O PortugueseMan não me levará a mal..."

      É claro que não! aprecio a troca de opiniões e também o feedback, mais que não seja para verificar se vale a pena estar a colocar posts. :-)

      De facto o tópico da Alemanha era para ser um dos temas que estava para falar.

      Tenho alguns alinhavados, como o da Alemanha, do ouro, dos BRICS, da Argélia, do sector aeronáutico...

      Mas consomem-me algum tempo e não dá para todos. E às vezes opto por um que me esteja a dar mais vontade de "falar" naquele momento. :-)

      Agora quanto ao tópico Alemanha, eu estou ainda a aguardar por alguma evolução sobre a sabotagem e a acusação russa de que os ingleses estão envolvidos.

      A Alemanha está numa encruzilhada. Considero e sempre considerei que estavam a ser criadas importantes ligações entre a Alemanha e a Rússia. E não só energéticas. Basta ver quando a OPEL estava em dificuldades, nas mãos dos americanos (GM) a Rússia quis comprar, teve o aval da Alemanha e os americanos impediram a coisa.

      A guerra na Ucrânia só começou depois de concluídas as novas ligações de gás, de modo a Alemanha não ser afectada. A Rússia podia ter começado a intervir mais cedo, mas colocava em perigo muitos países europeus com quem quer ter relações.

      Se calhar, se soubessem como iria ser, não teriam esperado pela conclusão do Nord Stream 2.

      Seja como for, a "batalha" pela Alemanha continua.

      A Alemanha, como já tenho dito por aqui, tem que tomar decisões criticas. A Alemanha foi atacada no seu ponto mais fraco, a energia, e que vai destruir a sua capacidade industrial.

      Eles tomaram a decisão unilateral de injectar 200 mil milhões na sua economia para abrandar o impacto da sabotagem.

      Eles tomaram a decisão unilateral de fazer uma visita à China.

      E interrogo-me se vão tomar a decisão unilateral de abrir a linha que aparentemente está funcional do Nord Stream 2.

      Se fizerem isto... vai ser algo com repercussões na Europa, nos EUA e na Rússia.

      Está muita coisa a acontecer em simultâneo e está a ser difícil de acompanhar todos os tópicos que são a meu ver relevantes.

      Enfim, estamos a assistir em directo ao descer do pedestal da super-potência e a ter que partilhar o mundo com outras potências.

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    2. … “É claro que não! aprecio a troca de opiniões e também o feedback, mais que não seja para verificar se vale a pena estar a colocar posts. :-) …”

      Nem sempre comento os seus posts, por não ter nada relevante a aportar, mas são sempre aguardados com expectativa e muito apreciados pela informação, pertinência e fundamentação que entregam.
      No que me toca, a sua pena é o meu benefício. Muito Obrigada!
      m.c.g.

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    3. Apreciei a referência à fundamentação. É algo que me esforço muito para que tudo o que afirmo esteja devidamente fundamentado.

      Tenho muitas criticas quando vejo análises, artigos de opinião e mesmo notícias, que fazem certo tipo de afirmações sem base de suporte para as mesmas.

      E muitas vezes não existe, simplesmente porque estraga a narrativa que o autor quer fazer passar.

      Obrigado pelo feedback. :-)

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