quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Mais Um Passo Para O Precipício IV


Estamos no final de mais um ano. No final do ano passado coloquei o post Mais Um Passo Para O Precipício III e vou de novo voltar ao tema.

Passado um ano a minha avaliação sobre este tópico é que a Europa está numa situação bem mais delicada hoje e a Rússia está com o seu potencial militar aumentado. 

Ou seja, a Rússia está a preparar-se para um conflito de enormes proporções caso se chegue a esse ponto. Os sinais estão aí, a sua economia está a lidar bem tendo em conta a situação e contexto que estão a passar, a capacidade militar está a aumentar, bem como a capacidade de produzir todo o tipo de armamento.

Foram entregues este mês 2 novos submarinos nucleares.


Um submarino de ataque da classe Yasen-M e um submarino estratégico para guerra nuclear.



De recordar que o único modelo de submarino que está a ser usado na Ucrânia é não nuclear da classe Kilo. Os outros modelos de submarinos estão para questões maiores e que todos nós sabemos quais são.

Ou seja, a Rússia adicionou à sua força naval, um submarino que transporta 16 mísseis intercontinentais Bulava, transportando cada um 6 ogivas nucleares hipersónicas modelo Avangard, ou seja, este submarino pode atacar de forma nuclear 96 alvos e um outro submarino de ataque com capacidade de 32 mísseis de cruzeiro hipersónicos Zircon. Que poderão ser nucleares ou não.

Mas não foram entregues apenas submarinos, também foram entregues navios de superfície este mês, dos quais destaco,

Uma nova fragata da classe Admiral Gorshkov,


O navio tem capacidade para transportar 16 mísseis hipersónicos Zircon, os próximos desta classe estão para transportar 32 destes mísseis.

Um navio Buyan-M,


Com capacidade de transportar 8 mísseis de cruzeiro kalibr.

Ou seja, só este mês, com esta 4 novas embarcações que a marinha russa recebeu, foi adicionado um potencial de 72 mísseis de várias classes.

Ou seja, desde que a guerra da Ucrânia começou, a Rússia colocou no activo várias plataformas sejam elas navios, submarinos ou aviões que combinados adicionaram um potencial de salvo em silmutâneo de centenas de mísseis de cruzeiro, hipersónicos e nucleares. E só estou a contar com o que foi entregue após a guerra começar.

Um outro pormenor que reparo é que a Rússia reduziu o nº de lançamento de satélites, apenas 19.

Está a cumprir com todas as suas obrigações com a Estação Espacial Internacional.

Lançou uma sonda para a lua que não correu bem.

Os restantes são militares ou têm aplicação militar, 12 lançamentos.

Tenho visto alguns (como José Milhazes) aproveitarem esta redução de lançamentos como uma degradação do sistema espacial russo.

Vejo exactamente o contrário. A meu ver, a Agência Espacial russa, está em stand-by para caso seja necessário, aumentar o nº de satélites militares no espaço. Eles têm a capacidade de lançamento, mas estão a guardar para o que vem aí. O que mais uma vez é muito mau sinal para todos nós.

A Rússia está claramente empenhada e focada em atingir os objectivos a que se propôs.

2023 foi mau?

2024 vai ser pior. E suspeito que vai ser muito pior para nós. A Europa vai estar numa situação cada vez mais complicada.



P.S. Mísseis hipersónicos americanos

Onde é que eles andam?

Pelos vistos estão com sérias dificuldades no domínio desta tecnologia.


Test Failures Put Hypersonic Program in Doubt

Further recent testing disappointments with the U.S. Air Force hypersonic boost-glide vehicle likely have solidified the official end of the program in fiscal year 2024.

The House and Senate versions of the 2024 National Defense Authorization Act zero out the Biden administration’s request of $150 million for continued research and development of the Air-Launched Rapid Response Weapon (ARRW) system.

Senate Armed Services Committee budget documents state that, “in light of testing failures and statements from Air Force leadership in support of the competitor program, the committee is concerned that continued testing at the scale originally planned in the budget request seems unlikely to deliver persuasive results.

The Air Force intended to begin procuring the weapon in 2023, but the program’s lackluster testing record in 2021 prompted the service to delay procurement.

On Aug. 19, the Pentagon conducted a test release of an all-up-round ARRW prototype missile from a B-52H bomber off the coast of southern California, but did not specify whether the test proved successful. After an ARRW system flight test in March, the Air Force did not detail its outcome until weeks later, when the service admitted it was unsuccessful.

The Army planned to field the ARRW system by the end of September, but now aims to deploy it by the end of the calendar year, which defense experts view as still unlikely.

The Pentagon’s hypersonic weapons effort stumbled again with the second cancellation this year of a scheduled test of the Army’s Long-Range Hypersonic Weapon (LRHW) system “as a result of pre-flight checks” on Sept. 6 at Cape Canaveral Space Force Station in Florida.

The string of failures and delays across the Pentagon’s various conventional-only hypersonic programs highlights the disorganization of the effort, which was founded largely to keep pace with Chinese and Russian hypersonic programs. Beijing and Moscow have both conventional and nuclear hypersonic programs.

There wasn’t a strategy during my time at the Pentagon,” Will Roper, the former Air Force acquisition chief, told The Wall Street Journal in September. “And from what I can see from the outside, there doesn’t appear to be one now.

[Link]

A situação é deveras surpreendente. Os EUA, a superpotência de topo é incapaz de chegar a bom termo na tecnologia hipersónica. A Rússia está claramente à frente, quando tem cada vez mais tipos de mísseis hipersónicos capazes de serem lançados por meios terrestres, navais e aéreos. Tendo mesmo usado em situações de combate.

Isto é um sério problema para os EUA. O domínio da tecnologia hipersónica é uma clara vantagem para quem a domina. E muita gente vai começar a questionar como é que os EUA estão tão atrás, demonstrando incapacidade de chegar a bom porto.

A ver vamos.


domingo, 17 de dezembro de 2023

Sukhoi SU-35 - Muito Mais Que Um Avião II

 


A visita de Putin aos EAU e Arábia Saudita teve vários tipos de recados para o mundo. A visita aconteceu quando estava a decorrer uma cimeira no país, a COP 28, onde delegações de quase todos os países estiveram presentes.



E como vai Putin para os Emiratos? vai com uma escolta de SU-35 armada até aos dentes. E faz isto porquê? Porque pode. O país tem essa capacidade.

Contam-se pelos dedos os países e aviões que possuem capacidade de realizar uma viagem de mais de 2000 kms armados, prontos para combate e sem reabastecimento.

A Rússia é um desses países, o SU-35 um desses aviões.

A viagem é surpreendente tanto nestes aspectos como noutros. Acho que é inédito o sobrevoo de outros países por uma escolta armada. Não me recordo de tal acontecimento. E ao que tudo indica, usaram o espaço aéreo de 3 países, Azerbaijão, Irão e claro, os Emiratos.



Os videos que foram disponibilizados pela Rússia também não são inocentes. Pretendem demonstrar capacidade e qualificações para o que estão a fazer.



Os SU-35 levantaram voo em formação e debaixo de  mau tempo. De certeza que muita gente reparou no pormenor.

O vídeo também mostra os aviões em voo, onde se vê os SU-35 armados a escoltar o avião presidencial.

E ao chegarem aos Emiratos, fazem um voo de formação. Armados. Por cima de um país, onde estão delegações de mais de uma centena de países. 

Que fazem eles? anunciam a chegada de Putin.



Uma recepção de monta para um presidente de um país "isolado". Ao lado decorre a COP 28, para todos verem bem como uns e outros são recebidos.

Por exemplo, para o caso do presidente da Alemanha, a recepção foi ligeiramente diferente.


O presidente da Alemanha ficou meia hora a aguardar que alguém o recebesse no aeroporto...

Germany's Steinmeier left waiting on tarmac in Qatar

Standing with arms folded at the doors of the airplane was probably not how German President Frank-Walter Steinmeier thought he would spend almost 30 minutes of his official three-hour visit to Doha...

[Link]

Foi no Qatar, mas não deixa de ser uma humilhação de monta.

Para percebermos como a Europa, o jardim de Borrell, começa a ser visto lá fora.

De seguida segue para a Arábia Saudita. Uma vez mais é escoltado pelos SU-35 e continuam armados. Mais um país que permite a coisa.

De notar que a saída é à noite e três dos SU-35 levantam em simultâneo. Tudo isto é uma mensagem de poder e de capacidade que não está a ser só transmitida à Arábia Saudita e Emiratos, é uma mensagem para o mundo inteiro.

Deixo aqui alguns registos de fotos e videos.








Bem, esta viagem, que tem muitas perspectivas de serem analisadas, acabou por ser também uma demonstração das capacidades do SU-35. Á vista de toda a gente e que pelos vistos será o avião que o Irão irá receber.

Os recados estão a ser dados, espero que exista gente do nosso lado que os perceba.

Porque a seguir à Ucrânia, o tema será a Europa.

Ou seja, nós.



Post anterior:

Sukhoi SU-35 - Muito Mais Que Um Avião


sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

O Discurso De Lavrov

 



Eu estava a aguardar pelo aniversário do ultimato que a Rússia nos lançou para fazer referência ao que foi dito e a importância do mesmo. Afinal é pelo o que está nesse ultimato a razão da guerra da Ucrânia e a razão pela qual caminhamos para que se alastre para a Europa, ou seja, a todos nós europeus. Vou colocar aqui excertos do discurso de Lavrov para que fique aqui registado para o futuro a razão de uma possível nova grande guerra na Europa e a possível destruição da Europa tal como a conhecemos hoje.

Penso que estamos definitivamente a caminhar para sermos o próximo braço de ferro entre os EUA e a Rússia. A Ucrânia não vai conseguir aguentar a enorme pressão a que está sujeita e sou da opinião que algures entre 2024 e 2025 haverá uma capitulação e a Rússia irá avançar para o próximo patamar. Remover o que considera ser uma ameaça para ela em território europeu. E ao contrário da questão ucraniana, não haverá tropas russas a entrar em solo europeu. Penso que a Rússia simplesmente se prepara para uma asfixia energética, conduzindo a um brutal ataque à economia europeia, puxando pela inflação e taxas. A haver uma brutal perda de qualidade de vida na Europa, muita coisa irá ser repensada no continente. E se isto não funcionar, teremos então algo de muito grave, como ataques a estruturas militares que a Rússia considera como um perigo existencial.

Sim, por esta altura estaremos em guerra. Mas, haverá um pormenor importante a considerar. Não haverá uso de armas nucleares. A Rússia porque não necessita, os EUA porque não é o seu território que está directamente ameaçado.

Tenho estado a pensar quais serão os alvos que a Rússia irá atingir se chegarmos a este ponto. E estou com ideias de fazer alguns posts sobre o assunto.

Quanto à Europa, continua em estado de negação, pensando que tal não é possível. Que a Rússia não se atreverá. E nem capacidade demonstra em fornecer munições à Ucrânia.

Estamos a ir a toda a velocidade contra um muro. E vamos alegremente até ser tarde.

Vou passar ao texto do discurso, para que se reflicta que a Russia está e tem estado a avisar do que poderá vir a acontecer. Nós fomos avisados.

Foreign Minister Sergey Lavrov’s remarks during the 30th meeting of the OSCE Ministerial Council, Skopje, November 30, 2023

...Acting within the military-political basket, participating states adopted a number of fundamental documents aimed at creating a Europe without dividing lines in the broadest sense of the term, and emphasising the unacceptability of enhancing one’s own security at the expense of the security of others. These documents include the Charter of Paris for a New Europe (1990), the Charter for European Security (1999), and the Astana Declaration (2010)...


Esta frase que coloquei a bold, considero a chave de toda esta situação e é por esta situação que a Rússia se prepara para atacar a Europa se não for corrigido o que entende por um  desiquilibrio de forças e uma ameaça à sua existência.

"A segurança de uns não pode ser à custa da segurança de outros."

Os EUA não podem usar a Europa como plataforma para colocar certos tipos de sistemas estratégicos que criam um tipo de ameaça que a Rússia não pode replicar. 

A Rússia tem estado a assinalar que não o vai permitir e que irá usar a força se necessário. Os politicos europeus estão a permitir que o continente europeu seja usado para medição de forças entre americanos e russos, o que conduzirá inevitavelmente à destruição do nosso modo de vida, para não dizer algo pior. Bem pior.


...Western political elites appropriated the role of rulers of humanity’s destiny and made a shortsighted choice in favour of NATO rather than the OSCE. They embraced a philosophy of containment, geopolitical zero-sum games, and the leader-follower logic. The bloc’s reckless expansion to the East, which started after the dissolution of the Warsaw Treaty Organisation, was a key component of this approach...

... NATO and EU member states have destroyed the military-political dimension of the OSCE. In 1999, NATO committed an act of an unabashed and violent aggression against Yugoslavia, a member of the OSCE and the UN. In 2008, in violation of UN Security Council Resolution 1244 and the principle of the inviolability of borders in Europe enshrined in the Helsinki Final Act, Kosovo was separated from Serbia without a referendum.

At the 2008 Bucharest Summit, NATO countries which are also OSCE participants tempted Tbilisi and Kiev with a promise of NATO membership... 

... he ordered Georgian forces to bomb the South Ossetian cities and to attack the positions of the peacekeepers stationed there with the consent of the OSCE. The United States was behind this provocation. Some time earlier, Washington launched a Georgia Train and Equip Programme which Saakashvili obediently carried out...

...I would like to once again remind you of the cynical confessions by former Chancellor of Germany Angela Merkel, ex-President of France François Hollande and ex-President of Ukraine Petr Poroshenko, who said that the purpose of the Minsk agreements was not to achieve peace in Ukraine, but to give the Kiev regime time to build up its military capability against Russia...

...At US prompting, NATO members blocked the entry in force of the CFE Treaty Adaptation Agreement and ignored Russia’s specific proposals to restore the viability of conventional arms control measures in Europe. The Americans buried the Open Skies Treaty and devalued many other fundamental documents aimed at building up trust in the area of security...


Este último parágrafo faz referência à queda dos tratados que nos protegem de um holocausto nuclear. Falta-me fazer o último, o tratado que considero que foi a gota de àgua para a Rússia e que forçou a tomarem a decisão que tomaram. A disposição de irem já para a guerra, caso as suas questões de segurança não sejam tidas em conta pela outra superpotência nuclear. A Europa aqui não tem uma palavra a dizer. Simplesmente sofrerá as consequências do que outros decidirem.

The genuine intentions of the Western politicians again revealed themselves when Washington and Brussels rejected Russia’s December 2021 proposals on legally binding security guarantees in Europe. They did not even want to talk to us

Aqui é feito a referência ao que considero um ultimato. Nós nem quisemos falar com eles.

On January 28, 2022, I sent a message to the foreign ministers of the US and other NATO countries. I asked them to interpret the commitments assumed at the highest level within the OSCE not to enhance one’s own security at the expense of the security of others, but nobody bothered to reply to my question. Instead, they sent us empty papers from the EU’s foreign policy service and the NATO Secretary-General to which this message was not even addressed. ...

[Link]

Os países receberam esta carta, Portugal incluido. Uma vez mais a Rússia queixa-se de respostas concretas à carta. Na altura, o texto da carta russa estava disponível (por opção russa) para quem quiser ler, mas a nossa resposta não (por nossa opção).

Muito diz sobre como os nossos políticos estão a tratar este assunto.  Estamos alegremente a caminhar para um confronto com a Rússia.

O discurso é mais que este excerto, mas aponto aqui aquilo que tenho vindo a chamar a atenção. Estamos em rota de colisão com a Rússia e nitidamente a meu ver, estes pretendem deixar para a posteridade, para ficar registado nos livros de história, que tentaram negociar.

Penso que vou começar a virar o foco do meu blogue para algo que nunca pensei que iria fazer. 

Os preparativos para a próxima grande guerra na Europa.


terça-feira, 28 de novembro de 2023

Sukhoi SU-35 - Muito Mais Que Um Avião

 



Eu estava bastante curioso se esta venda se iria concretizar devido às suas implicações. Estou a aguardar há mais de um ano e tinha mais ou menos alinhavado este post em Março deste ano, quando se dizia que iria avançar. Não se concretizou na altura, mas agora parece ser oficial.

O Irão vai ter caças modernos. Caças modernos made in Rússia.

Iran finalises deal to buy Russian fighter jets - Tasnim



Iran has finalised arrangements for the delivery of Russian made Sukhoi su-35 fighter jets and helicopters, Iran's deputy defence minister told Iran's Tasnim news agency on Tuesday, as Tehran and Moscow forge closer military relations.

Iran's air force has only a few dozen strike aircraft, including Russian jets as well as ageing U.S. models acquired before the 1979 Islamic Revolution.

"Plans have been finalised for Sukhoi Su-35 fighter jets, Mil Mi-28 attack helicopters, and Yak-130 jet trainers to join the combat units of Iran's Army," Iran's deputy Defence Minister Mehdi Farahi said.

[Link] 

Este avião é o topo de gama da oferta russa, tirando os caças de 5ª geração que ainda estão numa fase recente.

Existe sempre pressão de outras potências para que o mesmo não seja adquirido. Temos o Egipto que acabou por recuar na compra e estou plenamente convencido que se o Brasil não o possui, foi por uma enorme pressão americana. O processo de decisão para o Brasil comprar novos caças demorou anos e anos e anos. E acabaram por comprar um avião que não me parece interessante para o Brasil.

A Sukhoi está presente em países de grande dimensão, tal como a China e a Índia. E quem compra este tipo de avião, terá depois um vasto arsenal que pode aplicar. 

Este tipo de avião nas mãos dos iranianos é um grande problema na região. Por outro lado o Irão é cada vez mais, um parceiro importante para a Rússia e a China, tendo mesmo entrado para o grupo BRICS. Penso que deve ser um entendimento que o país tem que possuir armamento moderno dado as capacidades dos seus maiores potenciais oponentes. A Rússia e a China têem interesse no aumento da capacidade de dissuasão de um país que se situa numa zona estratégica e que se inclui tanto nos planos estratégicos da Rússia como da China.


Sukhoi russo

Sukhoi chinês

Sukhoi indiano




F-16 vs SU-30
(Comparar dimensões)


Sukhoi venezuelano




Além deste avião, pelos vistos também vão também receber os helicópteros MI-28.


MI-28

E tendo também já recebido alguns YAK-130 para treinar os futuros pilotos dos SU-35.

YAK-130


Sempre houve muita relutância ao longo dos anos em permitir que o Irão obtivesse armamento moderno. Mesmo a Rússia a meu ver, tem tentado gerir algum equilibrio sobre o que venderia.

Mas a questão ucraniana mudou toda a situação.

E ainda só estamos no princípio.

Vem aí muitas mudanças. Aguardemos para já a chegada destes aviões e o seu impacto na região.






P.S. Mais armas

A Força Aérea Russa recebeu mais um lote de aviões.

SU-34, SU-35 e em breve novos SU-57 (5ª geração).

SU-34

SU-57



E querem-nos convencer de que o país não tem dinheiro, chips e luta com pás...



quarta-feira, 22 de novembro de 2023

A Verdade Vem Sempre Ao De Cima


Surgiu um artigo no Wall Street Journal que realmente me fez pensar que começa a surgir na imprensa a constatação da dura realidade dos factos. O discurso que nos é imposto começa a gerar interrogações e há limites para o que se pode dizer para manter a narrativa em curso sem colocar no futuro a credibilidade do jornal em causa.

Colocar o que foi colocado neste artigo por exemplo há um ano atrás, seria considerado uma blasfémia e catalogado como pró-russo os autores, o jornal e tudo que rodeasse e de  que alguma maneira estivesse envolvido.

Mas agora já não é possível.Já não é possível virem com estórias semelhantes, quando se constata a dura realidade. A imprensa começa a acautelar o que diz e já permite certo tipo de declarações, constatações, conclusões. O Wall Street Journal é um excelente exemplo para imaginar o que virá por aí em termos de "notícias". Notícias um pouco mais perto da realidade...

It’s Time to End Magical Thinking About Russia’s Defeat

Russian President Vladimir Putin at a National Unity Day 

 ceremony in Moscow, Nov. 4. Almost two years after Russia’s 

invasion of Ukraine, Putin has reason to believe time is on his side.


As Russian President Vladimir Putin looks toward the second anniversary of his all-out assault on Ukraine, his self-confidence is hard to miss. A much-anticipated Ukrainian counter-offensive has not achieved the breakthrough that would give Kyiv a strong hand to negotiate...

...At the front line, there are no indications that Russia is losing what has become a war of attrition. The Russian economy has been buffeted, but it is not in tatters. Putin’s hold on power was, paradoxically, strengthened following Yevgeny Prigozhin’s failed rebellion in June. Popular support for the war remains solid, and elite backing for Putin has not fractured...

... The technocrats responsible for running the Russian economy have proven themselves to be resilient, adaptable, and resourceful. Elevated oil prices, driven in part by close cooperation with Saudi Arabia, are refilling state coffers. Ukraine, by contrast, depends heavily on infusions of Western cash...

...Putin can also look at his foreign-policy record with satisfaction. His investments in key relationships have paid off. China and India have provided an important backstop for the Russian economy by ramping up imports of Russian oil and other commodities...

...Putin does not feel any pressure to end the war or worry about his ability to sustain it more or less indefinitely...

[Link]

E a realidade é esta: A Europa é apenas conversa e promessas. Na hora de cumprir, falha à vista de todos.

União Europeia falha meta da entrega de um milhão de munições à Ucrânia 

Estados-membros longe do compromisso assumido: até agora, forneceram 300 mil munições das reservas nacionais e contrataram a produção de 120 mil obuses de 155 milímetros para entrega em 2023 e 2024.

Até agora, a União Europeia já enviou para a Ucrânia mais de 300 mil cartuchos de artilharia de múltiplos calibres, incluindo obuses e mísseis, mas a meta estabelecida na Primavera pelos Estados-membros de fornecimento de um milhão de munições no prazo de um ano, ou seja, até ao próximo mês de Março, vai ficar pelo caminho. “É seguro assumir que o milhão de rondas [de munições] não será atingido”, afirmou o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, esta terça-feira, em Bruxelas...

[Link]

O jardim de Borrell faz uma triste figura das suas capacidades à selva... 

Estando a caminho de dois anos de guerra, a Europa mostra incapacidade de ajudar a Ucrânia nas necessidades por ela requerida, esperando que os ucranianos consigam vencer de alguma forma com aquilo que lhes dão. E no entanto fomos nós que os empurramos para uma guerra contra uma super potência nuclear. E sózinha.


Em África, Scholz tenta conquistar África, acenando com euros, deitando um olho à energia...

Scholz promete 4.000 milhões em investimentos verdes em África até 2030

Isto não é sobre ajuda ao desenvolvimento segundo os desatualizados padrões de doadores e beneficiários, é sobre investimentos que são benéficos para ambos os lados", disse Olaf Scholz durante o fórum Compacto do G20 com África, que decorreu segunda-feira em Berlim.

No discurso, citado pela agência de informação financeira Bloomberg, o líder alemão exemplificou que "rumo à neutralidade climática em 2045, a Alemanha vai importar grandes quantidades de hidrogénio verde e uma grande parte virá de África"...

[Link]


E enquanto a Alemanha acena com dinheiro, a França sai de cena e a Rússia continua a avançar com os seus Wagner de uma forma mais contundente e sem esperar por 2030...


First photos of Wagner Group operating in Mali hit social media


The Malian army took back the town of Kidal from a coalition of Tuareg separatists known as the Permanent Strategic Framework for Peace, Security and Development (CSP) on November 14, with help from mercenaries with the Russian military contractor, the Wagner Group. The Wagner mercenaries allowed local people to take their picture – a first since the group was first deployed in the country in 2021. 

After a month and a half of fighting, the Malian Armed Forces (FAMA) took back the town of Kidal from the Permanent Strategic Framework for Peace, Security and Development (CSP) on November 14, with help from mercenaries with the Russian military contractor the Wagner Group...

[Link]

A este ritmo, a Rússia irá conquistar os corações de muitos países africanos. As potências ocidentais, vão ter problemas acrescidos neste continente.

As pessoas começam a ficar cansadas de ouvir falar da Ucrânia, agora já só pensam na inflação e taxas de juro de tal forma que até os trabalhadores do BCE reclamam.

Trabalhadores do BCE levam Lagarde a tribunal: querem aumentos salariais indexados à inflação

Em maio de 2022 Christine Lagarde recusou-se a indexar os salários dos funcionários à inflação galopante, num momento em que o BCE afirmava já querer evitar uma espiral inflacionista. Funcionários recorreram agora ao Tribunal da União Europeia..

O recurso à justiça europeia foi apresentado em 13 de novembro por cerca de 40 funcionários, apoiados pelo sindicato IPSO, com o objetivo de anular a decisão do BCE de conceder um aumento salarial de 4,07% em janeiro passado, quando a inflação na zona euro atingiu em 2022 mais do dobro (8,4%), de acordo com um documento citado pela AFP...

[Link]

Em 2024, uma das coisas a fazer para evitar a pressão na inflação é impedir a subida dos salários por esta Europa fora, algo que Lagarde já tem avisado.

As taxas de juro em 2024, vão quase de certeza continuar a subir.

E a inflação irá depender do que irá acontecer ao preço da energia.

Ninguém explicou aos europeus, o significado de entrar em colisão com a Rússia.

Ninguém explicou aos europeus que recebiamos energia e matérias primas a preços que nos davam vantagens.

Ninguém explicou aos europeus o preço que teriamos que pagar para fazer avançar a NATO para mais perto da fronteira russa.

Agora é tarde.

Os europeus vão começar a descobrir a verdadeira factura a pagar pelas decisões dos nosso politicos.

Afinal, A Verdade Vem Sempre Ao De Cima.

Estamos condenados.

Vamos entrar num período negro.





P.S Isolamento

A Rússia está tão isolada, esgotada e atolada na Ucrânia que é incapaz de produzir armamento.

Mas a verdade vem sempre ao de cima. E a verdade é que a Rússia até consegue avançar em novos projectos e dá-se ao luxo de mostrar armamento que pela narrativa ocidental é escassa tal como o helicoptero que está em exposição...

Em Dubai, Rússia busca clientes para o caça Su-57E e parceiros para o Su-75 Checkmate

 

A indústria de defesa russa volta a ter forte presença no Dubai Air Show 2023, uma das maiores feiras da indústria aeroespacial fora da esfera “ocidental”, onde pode expor os seus produtos a potenciais clientes e parceiros.

 

Como informa o Aviacionline, durante o primeiro dia do show aéreo, fontes do governo russo disseram estar interessadas em conseguir clientes para o Su-57E , a versão de exportação do caça russo de quinta geração, ao mesmo tempo em que procuravam parceiros interessados ​​para participar do programa de desenvolvimento do Su-75 Xeque-mate...


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Sanções? isolada? nada impediu a Rússia de se apresentar e até esteve em palco a sua equipa Russian Knights.


Estiveram dezenas de países presentes. E a Rússia não teve problemas em competir com outros fabricantes, como os EUA por exemplo...

Para reflectir.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Europa: Energia Precisa-se

 


Enquanto o Médio Oriente ferve, outros actores vão-se mexendo, tentando sair da situação em que se meteram. Meteram a eles e a todos nós. Estou a falar dos políticos europeus, nomeadamente neste caso de Macron e Scholz.

Como já tinha referido no post Europa: Uma Questão Nuclear, os principais fornecedores de urânio da UE são:

  1. Níger
  2. Cazaquistão
  3. Rússia

Ora, como é sabido, a França foi convidada a sair do Níger e não só. De forma resumida, a França está mesmo de saída de África.




E que faz? lembra-se de ir fazer uma visita ao 2º maior fornecedor de urânio da UE, o Cazaquistão.




O incrível é que Macron só se lembra de fazer uma visita depois de levar um pontapé de África, a primeira visita oficial só "acontece" agora.


French president in Kazakhstan on 1st official visit

French President Emmanuel Macron arrived in Kazakhstan on Wednesday on his first official visit to the Central Asian country.

Prime Minister of Kazakhstan Alikhan Smailov welcomed Macron at the capital Astana's airport, expressing confidence that the visit will bolster the bilateral strategic partnership, the Kazakh presidential press service said in a statement.

Macron is said to be seeking to expand the supply of uranium from Kazakhstan and Uzbekistan for French nuclear facilities.

France and the EU used to import uranium from Niger and Russia, but after a coup in the West African country, the new military administration stopped uranium supplies to Paris, whereas supplies from Moscow are under the threat of sanctions due to the war in Ukraine...


Agora é imaginar a posição negocial de um e de o outro, sabendo os dois bem quem está aflito na questão...

Mas não é só Macron que anda a passear. Dado que este levou um pontapé de África, Scholz vai lá tentar a sua sorte...



Gás e segurança dominam agenda de Scholz em África

Olaf Scholz esteve na Nigéria no domingo (29.10) e na segunda-feira (30.10) para discutir os golpes militares na região, mas também o abastecimento de gás. Berlim quer investir mais no continente e esta presença acrescida explica-se, em grande parte, pela necessidade de diversificar as fontes de abastecimento desde o início da guerra na Ucrânia.

Esta é a terceira viagem o chanceler alemão ao continente africano desde que assumiu o cargo, em 2021, e a segunda em 2023...



Scholz parece estar a gostar muito da selva de Borrell. Afinal, já é a 2ª vez que a visita este ano. Só por acaso claro.

E a Alemanha está a gostar tanto de África que além do chanceler, o presidente também foi a outros países africanos.

E por acaso, resolveu agora começar a pedir desculpas. O gás faz milagres...



Germany’s president has apologized for colonial-era killings in Tanzania over a century ago

Germany’s president on Wednesday apologized for killings under colonial rule in Tanzania more than a century ago as he met descendants of an executed leader of a revolt against German rule, and vowed to seek answers to questions about that era that leave Tanzanians no peace.

President Frank-Walter Steinmeier on a visit to Tanzania noted that many bones and skulls were taken to Germany from East Africa and ended up in museums and anthropological collections, and that they were largely forgotten after the end of the colonial era and two world wars.

One of those skulls could be that of Chief Songea Mbano, who was executed by the Germans in 1906.



As coisas fantásticas que os nossos fantásticos políticos fazem.

Depois das fantásticas opções e que nos lixaram e vão lixar muito mais.

É tudo realmente muito fantástico.



P.S. Médio Oriente

Está a ser surpreendente o facto do hamas ainda ter capacidade de lançar rockets para Israel. Possivelmente a questão vai-se levantar. Terá Israel mísseis suficientes para continuar a interceptar a este ritmo?

Podemos estar à beira de um enorme conflito onde outros actores estão a aguardar que o Iron Dome esgote o seu arsenal.

Vamos possivelmente descobrir em breve.