terça-feira, 28 de maio de 2024

Portugal Pode Ser Alvo De Ataque Pela Rússia

 


Se eu alguma vez pensei em fazer um post deste género. Nunca imaginei algo semelhante. No entanto temos assistido a desenvolvimentos incríveis nos últimos tempos. E agora temos algo, que deveria de ser impossível ou pelo menos impensável.

Infelizmente, considero que já não o é. Vou passar a explicar.

Anda a circular na net que um drone português está envolvido nos ataques aos radares russos para conflitos nucleares. O drone em questão é o seguinte, falado recentemente na CNN.

Drones portugueses ajudam Ucrânia a destruir mais de mil milhões de euros de equipamento militar russo

 

Drone AR3

Equipamentos da empresa criada por ex-alunos do IST têm sido fundamentais para detetar as movimentações do exército russo a longas distâncias, bem como identificar potenciais alvos para serem destruídos

Entre os veículos enviados está o AR3, um drone de pequenas dimensões desenvolvido e fabricado em Portugal capaz de operar em ambientes saturados de instrumentos de guerra eletrónica e de fazer vigilância a longa distância. Altamente versáteis e com uma autonomia de 16 horas, estes drones têm permitido à Ucrânia detetar as movimentações do exército russo a longas distâncias, bem como identificar potenciais alvos para serem destruídos...

[Link]

Aparentemente, o drone foi utilizado para atingir estas instalações.


Mas que não chegou ao seu destino.

Dizem que é um drone AR3 e realmente parece. E que o alvo era novamente este radar:


Este radar faz parte de um sistema de radares que têm como função detectar mísseis numa guerra nuclear. Como se pode ver pelo mapa, a cobertura de cada um deles anda na casa dos milhares de Km's. E mais estão a ser construidos, um na Crimeia.


Estes radares nada têm a haver com a situação ucraniana. Estão desenhados para um outro tipo de conflito. Portanto se estão a ser alvo de ataque, poderá haver intenções bem mais sinistras. Ou a Ucrânia está a tentar efectivamente arrastar outros paises, ou há outras forças que estão interessadas em colocar problemas no sistema de aviso para ataques nucleares. Nenhuma das opções é boa.

A Rússia para situações em que sejam atacados alvos estratégicos e de natureza nuclear tem mão pesada, podendo a resposta ser nuclear.

Dado que a Rússia notificou oficialmente a Inglaterra e França sobre o que aconteceria, para ataques com mísseis em território russo, ou a entrada de contingentes militares. A Rússia iria ripostar, dentro ou FORA da Ucrânia.

Com este aviso oficial, a parada subiu imenso. Neste momento, caso seja usado um míssil inglês para atacar território russo, diria com 100% de certeza que a Rússia irá atacar algo inglês. E se calhar por isso é que ainda não vimos um míssil a ser usado apesar das "autorizações" para o fazer.

O grande problema sobre estas questões, é que a Rússia, a Inglaterra e a França, são grandes potências, nucleares, membros com poder de veto na ONU e apenas para referir isto.

Muita coisa poderá correr mal se tivermos por exemplo um míssil lançado para a Rússia e esta atacar instalações militares inglesas. E nem estou a falar de um ataque nuclear, "simplesmente" um ataque convencional com mísseis.

E é aqui que infelizmente, nós, Portugal, entramos.

Portugal é um alvo mais seguro, uma potência mais pequena no esquema das coisas, não nuclear, não é membro com poder de veto na ONU, etc, etc.

Portugal, como país fornecedor do drone em questão onde o mesmo foi usado para atacar território russo e tendo como alvo um radar estratégico para guerra nuclear, tem as condições para ter uma resposta dura por parte da Rússia. Até nuclear pela perspectiva deles.

Ao que saiba Portugal não foi notificado tal como a Inglaterra e a França foram. Mas se a situação com o drone é verdadeira, se Portugal for oficialmente notificado de que haverá uma resposta russa, caso novo drone entre por território russo adentro, Portugal é infelizmente um excelente candidato para mostrar ao mundo o que acontece quando alguém se mete com a Rússia. Porque a partir desse momento, a Rússia deixará de considerar Portugal como país neutro no conflito, Portugal será considerado  como um dos países envolvidos no conflito e será tratado como tal.

Até na distância, Portugal é um candidato ideal para represálias. Ao atacar Portugal, a Rússia irá mostrar a todos, que todos estão ao seu alcance apesar das distâncias.

Eu já tinha feito referência em pelo menos dois posts (Mais Um Passo Para O Precipício II, Mais Um Passo Para O Precipício V), que estamos ao alcance dos seus mísseis stealth que podem ser convencionais ou nucleares.

Um míssil destes, (convencional ou nuclear) servirá para a 
mensagem que irão querer passar a todos os envolvidos


E qual seria o alvo?

A empresa Tekever, que é quem fabrica os drones. E ao que percebo, localizada nas Caldas da Rainha.

E se de avião obriga que o míssil atravesse quase todo o território europeu para cá chegar, por navio a coisa é diferente.


Pode ser lançado pela frota do Mar Negro

Pode ser lançado pela frota do Mar Negro, componente que 
está junto à Síria

Pode ser lançado de um submarino que esteja no Atlântico

Ou seja,  a Rússia tem à sua disposição várias soluções para chegar a Portugal. E nem estou a falar dos novos mísseis hipersónicos. Gostaria de lembrar que em Janeiro deste ano, uma nova embarcação que foi armada pela primeira vez com mísseis hipersónicos, foi exactamente enviada para o Atlântico e passou ao lado de Portugal.

Rússia revela que fragata que passou na costa portuguesa testou capacidade de ataque de mísseis hipersónicos


fragata Almirante Gorshkov

O Ministério da Defesa russo revelou, em comunicado, esta quarta-feira, que a fragata Almirante Gorshkov testou a capacidade de ataque com mísseis Zircon com um alcance de mais de 900 quilómetros, avança a Reuters. 

Na nota, o ministério diz que a fragata executou uma simulação num computador sobre mísseis Zircon, projéteis hipersónicos com capacidade de alcançar alvos a mais de mil quilómetros. O “exercício de treino” decorreu na zona ocidental do Oceano Atlântico...

...Na semana passada, a Marinha portuguesa revelou que acompanhou a passagem de dois navios russos, que têm estado a atravessar águas perto de Portugal. Um dos navios foi justamente a fragata Almirante Gorshkov, que teve uma deslocação a oeste da ilha das Flores, no arquipélago dos Açores, até cerca de 1.300 quilómetros...

[Link]

E se pensarmos que a Rússia quer dar um exemplo do que pode acontecer na Europa, caso as coisas corram muito, mesmo muito mal. Deixo aqui uma simulação de um míssil nuclear de 250 Kt, que é o que o que leva um daqueles mísseis que está debaixo daquele avião lá acima.


Isto é uma simulação de uma deflagração nuclear nas instalações da Tekever. Deixariamos de ter Caldas da Rainha. Nesta simulação inclui ventos e nuvem radioactiva. Assinalei onde está a nossa base (Montreal) com os F-16.

Isto é pensar muito negativo. Isto é pensar no pior. Isto é pensar que não pode acontecer.

No entanto, há uns anos atrás nem acreditaria que pudessemos estar hoje onde estamos  e como estamos.

E no entanto, cá estamos.

Onde tudo pode acontecer.

Para reflectir.

Porque, confesso, não sei onde iremos parar.





P.S. Putin Avisa


Putin avisa Europa de "graves consequências" do uso de armas da NATO

O Presidente russo, Vladimir Putin, advertiu hoje a Europa das “graves consequências” se os países da NATO permitirem que a Ucrânia utilize armas ocidentais contra alvos em território russo.

Estes representantes dos países da NATO, especialmente na Europa, especialmente nos países pequenos, devem saber com o que estão a brincar”, afirmou Putin numa conferência de imprensa no final de uma visita ao Uzbequistão.

“Devem lembrar-se que, regra geral, são Estados com territórios pequenos, mas densamente povoados”, afirmou, citado pela agência espanhola EFE.

Putin insistiu que este é o fator que os países ocidentais “devem ter em conta antes de falarem em lançar ataques contra o interior do território russo”...

[Link]


Gostaria de realçar, a afirmação "países pequenos". O que só torna os meus pensamentos ainda mais sombrios.

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Os 4 Tratados Do Apocalipse IV

 


Bom, vou finalizar esta sequência de posts que comecei praticamente há um ano, pois considero que estamos a atingir um nível crítico em que a nossa própria existência poderá estar a ser posta em causa.

Suspeito que há nações que estão a equacionar tentar a sorte com a Rússia e isso vai arrastar-nos a todos. E o porquê deste acto desesperado? O últimato russo de Dezembro de 2021. Quando a Ucrânia capitular, a Rússia, como já tenho vindo a dizer, quer resolver o seu problema a bem ou a mal. E todos nós (através dos nossos políticos eleitos) mandámos em uníssono o ultimato à fava.

Os últimatos são um prelúdio para a guerra. E nós desvalorizámos a coisa. Agora... agora a realidade bate-nos á porta.

Vou então explicar a razão porque podemos todos acabar num futuro muito próximo num tipo de vida totalmente diferente da que conhecemos.

O Tratado INF (Intermediate-Range Nuclear Forces) entrou em vigor em 1987 e obrigou à destruição de mísseis baseados no solo ou mísseis de cruzeiro e que tenham capacidade para atingir alvos a mais de 500 Km's e a menos de 5.500 km's. Dito de outra forma, ficariam apenas os mísseis até 500 km, ou os mísseis a partir de 5.500 km's.

E onde andavam estes mísseis todos instalados? Na Europa. Porque para território americano estão reservados os mísseis intercontinentais (ICBM's) de ambos os lados.



Com a destruição de todos estes mísseis, diminui a possibilidade de ataques surpresa de ambos os lados. Diminui drasticamente a tensão no continente europeu.

Mas, com a queda da URSS, houve um desequilíbrio entre as superpotências. Os anos 90 foram o que todos conhecemos e a entrada do novo milénio trouxe novas decisões. Os EUA a meu ver consideram-se a única super-potência existente e pretende empurrar a Rússia para o seu canto. E para isso era necessário fazera alguns ajustes. Afinal, a Rússia podia não ser uma superpotência, mas em termos nucleares era de facto uma. E que continuava a ser a única potência deste mundo com capacidade de destruir a América.

Estes planos começam com Bush no novo milénio. Exactamente com a queda do tratado ABM, e que é necessário rever (Os 4 Tratados Do Apocalipse) para se fazer a ligação e compreender o que está em jogo.

Com o fim do tratado ABM, é possível abrir bases para sistemas anti-míssil. E essa decisão foi tomada em 2008, o ano da guerra na Geórgia. E onde? Na Polónia e a Roménia. São nestes dois países que ficam instalados os sistemas de lançamento. Curiosamente os que ficam mais perto de Moscovo...


Polónia e Roménia estão a uma distância interessante de Moscovo. Ambas as bases estão sensivelmente a distâncias semelhantes entre os 1300 e 1500 km's de distância.


Embora como base de sistema antí-míssil seja óbviamente perigosa para Moscovo, porque existe a possibilidade de intercepçao em caso de conflito nuclear, reduzindo assim a capacidade ofensiva russa, a coisa agrava-se e muito, a partir de 2014, o ano do Maidan, o ano da Crimeia.

Neste ano começam as primeiras alegações de que a Rússia está a quebrar este tratado. 

Que conduzem ao anúncio que iriam abandonar o tratado em 2018, sendo depois definitivamente abandonado em 2019.


E o que este tratado impedia? que pudessem existir mísseis entre os 500 e os 5.500 km's colocados em bases. Agora que foi revogado, o que pode ser usado nestas duas bases? mísseis não com as caracterísitcas de mísseis do sistema antí-míssil, mas sim mísseis ofensivos e nucleares.

Coloco um artigo que foi publicado no início de 2022, logo após o ultimato de Dezembro de 2021.


Putin’s Fixation With an Old-School U.S. Missile Launcher

Russia says the Pentagon’s European missile defense isn’t so defensive after all. Does it have a point?

When top Russian officials huddled before whirlwind arms control talks with the United States this week, they weren’t preoccupied with fears of a state-of-the-art futuristic U.S. weapons system being developed in a clandestine Pentagon laboratory...

Instead,... their minds were on a U.S. weapons system that was first deployed way back in the Reagan administration, on U.S. destroyers, to fire Tomahawk cruise missiles. 

The Mark 41 missile launcher, also known as the MK 41, has been fired more than 4,000 times since first entering service in the 1980s by the United States and its allies and over three decades has become the Defense Department’s weapon of choice for retaliatory strikes, used everywhere from Iraq and Syria to the former Yugoslavia. Now Russia is worried that it could be the next target. 

The United States also uses the MK 41 in a defensive capacity—as launchers to shoot down incoming ballistic missiles in mid-flight. The Pentagon has set up missile defense batteries, known as Aegis Ashore, on former Soviet turf in Romania and will soon do so in Poland. The Kremlin smells a U.S. cover-up. It fears the United States could covertly adapt the defensive batteries to fire Tomahawks into Moscow’s airspace. 

When we express concern about this, we are told, in effect: ‘Just trust us,’” Anatoly Antonov, the Russian ambassador to the United States, wrote in Foreign Policy last month...


Os russos, não estão preocupados com um míssil de cruzeiro Tomahawk de velocidade subsónica e que demora mais de uma hora a chegar a Moscovo.

Os russos estão preocupados é que quando os EUA tiverem mísseis hipersónicos, estes vão atingir o Kremlin em pouco mais de 7 minutos, considerando que conseguem ir a uma velocidade de 10.000 km's/hora, algo que se atribui aos mísseis hipersónicos actuais russos.

O que isto significa?

Moscovo está à beira de um ataque nuclear de decapitação, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano. Ou seja, sempre.

Toda a gente conhece a crise dos mísseis de Cuba. Os mísseis na altura, estavam a uma distância de sensivelmente 1900 Km's de Washington.



Além de ser uma distância maior, era apenas uma base, e na altura nem se falava de mísseis hipersónicos.

E quase tivemos uma guerra nuclear.

Queremos agora acreditar que os russos não farão o mesmo? A Rússia, a meu ver, já tomou uma decisão. Se vai haver uma guerra nuclear será nos termos deles, não vão ficar à espera de um ataque surpresa de decapitação.

Este tratado protegia a Europa de um holocausto nuclear. Eu até percebo a posição e interesse americano. Ter bases deste tipo tão perto da Rússia é uma importante mais valia e que lhes dão vantagem.

Agora o que eu não compreendo é o que a Europa ganha em ser palco de uma disputa nuclear entre duas superpotências.

O principal interessado (um dos principais interessados) deste tratado é a Europa. Como é que a Europa permitiu que os EUA o abandonassem? Como é que a Europa permitiu que bases deste calibre fossem colocadas em solo europeu?

Só tenho uma explicação.

Isto só foi possível com políticos europeus corruptos que em vez de olhar para a Europa e velar pela nossa segurança, venderam-se a interesses externos.

Dada a actual situação da Ucrânia, e sabendo todos nós que rejeitámos o ultimato russo de Dezembro de 2021, algures alguém estará a decidir o futuro da Europa.

A Rússia não vai sujeitar os seus homens a uma guerra na Europa. Se realmente nós quisermos ir para a guerra, esta será feita com mísseis.

E muito dificilmente não serão nucleares.

O problema é quem está a tomar decisões. Políticos europeus, ou políticos americanos? É que estes podem ser tentados.

Se a Ucrânia não chegou para pôr a Rússia de joelhos, talvez uma guerra na Europa a ponha.

Nós podemos ser os próximos ucranianos.

E nem vamos ver soldados russos. 

Estamos à beira de uma situação catastrófica se não forem encetadas negociações entre os EUA e a Rússia.






Posts anteriores:





P.S. Mais Navios Para O Mar Negro


A frota do Mar Negro vai ser reforçada. Ou seja, tal como venho afirmando, a capacidade ofensiva desta frota no lançamento de mísseis de cruzeiro mantém-se.

Foram lançados dois navios em simultâneo a 7 de Maio. A Rússia continua a demonstrar plena capacidade de contrução de tudo o que necessita.

The Zelenodolsk shipyard launches two new combat ships for the Russian Navy

On May 7, the Russian shipyard Zelenodolsk launched two new combat ships for the Russian Navy. One of the vessels is a Karakurt-class missile corvette (Project 22800), which will be named Typhoon, while the other ship is a patrol vessel (Project 22160) that will carry the name Viktor Veliky...




P.S.2 Mais Satélites Para O Espaço



A Rússia colocou vários satélites no espaço na semana passada. Pelo menos um deles é militar.

Uma vez mais, está demonstrado que a Rússia mantém plena capacidade de construir foguetões e satélites. E está enfiada num conflito e sanções draconianas.

Os EUA não estão nada contentes com a situação. Aparentemente o satélite militar está a perseguir um satélite militar americano.


Russia launches ‘space weapon’ in path of US satellite: Pentagon

US believes Russia’s recently launched satellite can inspect and attack other satellites in low Earth orbit.

The United States says Russia has launched a satellite that US intelligence officials believe to be a weapon capable of inspecting and attacking other satellites.

A Soyuz rocket blasted off from Russia’s Plesetsk launch site, about 800km (500 miles) north of Moscow, on Thursday, deploying in low Earth orbit at least nine satellites, including COSMOS 2576, a type of Russian military “inspector” spacecraft US officials have long condemned as exhibiting reckless space behaviour.

“We have observed nominal activity and assess it is likely a counterspace weapon presumably capable of attacking other satellites in low Earth orbit,” a spokesperson for US Space Command, part of the US Department of Defense, said in a statement on Tuesday.

Russia deployed this new counterspace weapon into the same orbit as a US government satellite,” it said.

COSMOS 2576 resembles previously deployed counterspace payloads from 2019 and 2022, the statement added, referring to past Russian tactics of deploying satellites close to sensitive US spy satellites.

The launch also included civilian satellites deployed to different orbits.

This mix of military and civilian payloads was totally unexpected. Never seen that before on a Russian launch,” said Bart Hendrickx, an analyst tracking Russia’s space programme.



Estamos a aproximar dum conflito de tal proporções que as pessoas simplesmente não compreendem. Imaginam uma Rússia a lutar com tanques dos anos 50.

Ainda antes do conflito escalar para uma solução nuclear, a Rússia já demonstrou que pode de forma convencional atacar satélites, que podem ser GPS, espiões, de comunicações, etc. Ou seja,Comunicações afectadas, GPS afectado, internet afectada. E só estou a falar da componente espacial.

As pessoas simplesmente não compreendem o que pode estar à beira da esquina para todos nós.

domingo, 12 de maio de 2024

A Ucrânia Violou Os Acordos De Minsk

 


Este post, vai ser um pouco diferente, pois envolve política portuguesa, que é algo que nunca estive minimamente interessado em falar. Mas ontem ao fazer zapping, cruzei-me com Joana Amaral Dias. Parei uns segundos, porque de facto, considero uma mulher bonita, confesso.

Entretanto, fala da Ucrânia. Resolvi ouvir o que iria dizer. E diz algo que, ainda não ouvi um político dizer (pode ser que me tenha escapado), a Ucrânia violou os acordos de Minsk. Isto deveria ser claro para as pessoas, principalmente porque foi corroborado pelos dirigentes europeus que participaram nos mesmos.

Estou a falar de Angela Merkel e Francois Hollande.

Angela Merkel disse que a intenção dos acordos era ganhar tempo tempo para a Ucrânia e Francois Hollande posteriormente veio a confirmar estas declarações.

Nunca houve intenção de cumprir com os mesmos.

Dito de outra forma, foi uma tentativa para ganhar tempo para que a Ucrânia fosse preparada para resolver a questão pela força.

Do lado da Rússia, enquanto não estivessem garantidas passagens alternativas do gás para a Europa, não avançavam. Pois o caos seria absoluto e toda a Europa seria prejudicada, incluindo países com quem a Rússia queria aumentar as suas ligações. Especialmente a Alemanha.

Os avanços atribulados para a conclusão dos Nord Stream foram falados aqui no blogue. E assim que foram concluídos disse que estavam reunidas as condições para uma implosão e desintegração do resto da Ucrânia tendo como possível desfecho uma guerra (Nord Stream 2: A Conclusão Dos Pipelines Para a Europa). 

Fui surpreendido com esta posição de Joana Dias. Tenho andado a pensar nas Europeias e que deveria haver politicos a dar murros na mesa, a exigir uma mudança de rumo e que se visse a Ucrânia por outra perspectiva. É que a Europa está cada vez mais próxima de uma guerra. Apesar de estarmos aqui, no jardim de Borrell, onde as bombas não caiem e os nossos filhos não são enviados para a guerra, esse momento aproxima-se. Estamos num caminho sem retorno

Neste momento, estamos à beira de um ataque a instalaçães militares inglesas. A ameaça é clara e directa. 

Russia threatens Britain with retaliation if involvement in Ukraine war deepens

Russia on Monday threatened to strike British military facilities...

... After summoning the British ambassador to the Foreign Ministry, Moscow warned that Ukrainian strikes on Russian territory with U.K.-supplied weapons could bring retaliatory strikes against British military facilities and equipment on Ukrainian soil or elsewhere...

... French President Emmanuel Macron repeated last week that he doesn’t exclude sending troops to Ukraine, and U.K. Foreign Secretary David Cameron said Kyiv’s forces will be able to use British long-range weapons to strike targets inside Russia ...

Russia’s Foreign Ministry summoned both the French and British ambassadors. It urged the British ambassador “to think about the inevitable catastrophic consequences of such hostile steps from London.”...

[Link]

A Rússia ameaçou de forma clara e directa os ingleses. Se a Ucrânia quiser arrastar outros países para o conflito, só terá que usar mísseis ingleses e lançá-los para território russo.

Não considero que a Rússia faça bluff. E depois de um aviso destes e de forma pública, podemos estar por dias para que uma catástrofe na Europa aconteça.

Estamos em território desconhecido e às porta duma guerra brutal na Europa.

E as pessoas não se estão a aperceber da gravidade da situação.





P.S. Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital

Joana Dias falou de mais umas coisas. E uma chamou-me a atenção. Chamou a atenção para a Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital nomeadamente o artigo 6º ([Link]). E disse que este artigo, "...Pretendia um controlo dos cidadãos que se distanciassem pura e simplesmente duma narrativa oficial...", isto "acordou-me". Afinal, ando há muito a dizer que está em curso uma narrativa oficial para a questão ucraniana que nem permite o debate. As pessoas são levadas a beber da narrativa oficial e nem se pode ver certas perspectivas.

Artigo 6º em 2021

Artigo 6º em 2022 

É preciso não esquecer que temos um canal barrado na Europa. Nós, que aparentemente temos a liberdade para fazer tudo, não podemos ver um canal. Está proibido.

O resto do mundo, pode assistir. O resto do mundo pode ver o que se diz de um dos lados e do outro.

Nós não.

A Europa já não é livre.

Foi tomada de assalto, por políticos corruptos que servem interesses obscuros.


quarta-feira, 1 de maio de 2024

América: O Declínio VI

 


No último post sobre o tema, tinha dito que pretendia falar dos ICBM's americanos e é sobre isto que vou então focar.

Os Minuteman (LGM-30) são os mísseis que estão actualmente ao serviço para uma guerra nuclear. São ICBM, mísseis balísticos intercontinentais lançados do solo, ou seja, estão posicionados em várias bases espalhadas por território americano.

Minuteman III (ICBM)

Este mísseis estão no activo desde os anos 70. Ou seja, têm mais de 50 anos de vida. E este é o pormenor que quero focar. Dada a sua idade, quantos estão verdadeiramente prontos para o seu derradeiro uso?

Em 2021, saiu uma publicação sobre o tema:

Further Exploration of the Minuteman III Life Extension

U.S. military officials, members of Congress, and other proponents argue that the service life of Minuteman III missiles cannot be extended. The USSTRATCOM commander, Admiral Charles Richard, recently said: “You cannot life-extend Minuteman III. . . . It is getting past the point of [where] it’s not cost-effective to life-extend Minuteman III. You’re quickly getting to the point [where] you can’t do it at all.”

[Link]

O problema da idade já é tema, como se pode ver por este artigo. Não podemos esquecer que a componente nuclear dos EUA posicionada em território americano é constituido por cerca de 400 silos de mísseis Minuteman III. 



Algures em território americano, estão 400 silos 
semelhantes a este.

É a principal força de ataque intercontinental e nuclear. Necessária para enfrentar a Rússia e uma China cada vez mais potente. Tendo isto em conta, vamos olhar para alguns dos testes que têm feito, para verificar a operacionalidade dos mesmos.

A nível de curiosidade, o que diz o site "missilethreat" sobre este ICBM:




[Link]


2011

Air Force Destroys Ballistic Missile After Launch Failure

The U.S. Air Force destroyed an intercontinental ballistic missile just after its launch early Wednesday (July 27) after a malfunction that prompted safety concerns, Air Force officials said.

The unarmed Minuteman 3 missile blasted off from Vandenberg Air Force Base in California at 6:06 a.m. EDT (1006 GMT) and suffered debilitating anomaly that forced flight controllers to terminate the rocket as it soared over Vandenberg's western launch range...

[Link]


2013

US Air Force nuclear missile unit fails safety test

The US Air Force unit that oversees a remote Cold War-era nuclear missile installation has failed a safety test, the Air Force has said.

The 341st Missile Wing at Malmstrom Air Force Base in Montana made "tactical-level errors" in an exercise, it said.

The exercise concluded on Tuesday was meant to test the unit's ability to operate safely, the Air Force said...

...The unit at Malmstrom is responsible for 150 Minuteman III nuclear missiles, about a third of the nation's land-based nuclear force...

[Link]


2018

Air Force Destroyed Unarmed ICBM in Test Gone Wrong: STRATCOM Chief

An unarmed Minuteman III intercontinental ballistic missile was destroyed in flight this week due to a safety issue, the head of U.S. Strategic Command said Wednesday.

"I have a full complement of ICBMs on alert," Air Force Gen. John Hyten said during his opening remarks at the 2018 STRATCOM Deterrence Symposium in Omaha, Nebraska.

However, on Tuesday there was a disappointing "episode" during a test launch, he said, referring to a failed test out of Vandenberg Air Force Base, California.

Everything was "perfect," Hyten said, until "somewhere in flight, we saw an anomaly, and the anomaly was going to create an unsafe flight condition, so we destroyed the rocket before it reached its destination. It was the smart thing to do."

[Link]


2021

Air Force aborts test launch of unarmed Minuteman III nuclear missile

The Air Force said Wednesday it called off a test launch of an unarmed Minuteman III nuclear missile at Vandenberg Air Force Base, California, after the weapon turned itself off during the final countdown.

The intercontinental ballistic missile, fired from an underground silo at the coastal base, “experienced a ground abort prior to launch,” the service said in a release...

...USAF will investigate the root cause of the problem. “There has not been an incident like this in recent memory,” Pampe added.

[Link]


2023

ICBM Test Failure Puts Nuclear Modernization Effort Into Focus

A recent failed Minuteman III intercontinental ballistic missile test has led to new concerns about the age of America’s land-based nuclear arsenal.

“It has served our country well and we will continue to depend on it to deter nuclear war until the 2030s, but this week’s test is a stark reminder that nothing lasts forever,” Rep. Mike Rogers (R-Ala.), Chairman of the House Armed Services Committee, said in a statement released on Nov. 3. “We must modernize our aging nuclear deterrent and replace the Minuteman III missile—as well as the rest of our nuclear enterprise—with modern systems.”... 

...The Pentagon is accelerating the Sentinel tasks to meet the operational goal by Sept. 2030, as part of the nation’s broader modernization initiative of all three components of nuclear forces—air, land, and sea...

...The Air Force also stressed its planning and operations of the project being significantly hindered by continuing resolutions. In October, the Air Force Nuclear Weapons Center said they face budget constraints that affect delivering necessary nuclear capabilities for daily deterrence due to these restrictions...

 [Link]

Nunca estivemos tão perto de um conflito nuclear como agora. Nunca. E por estes testes, onde ocorreram variadíssimos tipos de falhas, levantam-se questões sobre quantos dos 400 mísseis terão capacidade de cumprir o objectivo para que foram construidos. Os Minuteman, já têm mais de 50 anos, a sua subsituição para 2030, já daqui a 6 anos parece-me terrivelmente optimista, havendo já indicações de restrições de orçamento.

Se pensarmos que a Rússia lançou um ultimato em Dezembro de 2021, onde pretendem que fique resolvido uma série de questões de segurança e ao qual respondemos negativamente, temos que efectivamente contar que a Rússia assim que considerar a questão ucraniana resolvida, vai-se virar para os temas pendentes com os EUA e Europa.

E como está a Rússia actualmente? Está a avisar que está preparada para ir até às últimas consequências no que entende que são os seus interesses e linhas vermelhas.

No início de Março tivemos um teste e um aviso de Putin.

Day after Putin's nuke war warning, Russia tests nuclear ballistic Yars missile

Russia's defence ministry announced a successful test fire of a Yars intercontinental ballistic nuclear missile on Friday, reported news agency TASS.

Putin's nuke war warning

The test follows Russian president Vladimir Putin's warning against “increased Western involvement” in the Ukraine war, pointing towards the potential for a “global nuclear conflict.

Putin, in a two-hour speech, attacked Western leaders as reckless and irresponsible, cautioning about the real threat of a nuclear conflict that could lead to the “destruction of our civilisation”.

“We also have the weapons that can strike targets on their territory, and what they are now suggesting and scaring the world with, all that raises the real threat of a nuclear conflict that will mean the destruction of our civilisation,” Putin said.

[Link]

Putin, está a avisar. E eu considero que Putin não faz bluff. Os avisos, a meu ver, têm que ser levados a sério. Estamos a caminho de um possível confronto nuclear. Se não existir negociações sobre as questões levantadas, o próximo campo de batalha será em território da NATO (Europa). E ninguém verá exércitos russos a marchar pela nossa Europa fora. A guerra será feita de forma diferente.

E é nesta situação perigosa em que nos encontramos em que cada vez há mais dúvidas sobre o arsenal nuclear americano e a sua real capacidade em caso de conflito nuclear.

E os testes que têm falhado, ficam-se pelos Minuteman III? Não, tem havido algo muito curioso também. Os testes dos mísseis Trident, usados pela marinha britânica, ou seja, por submarinos, têm feito das suas.


Trident missile test fails for second time in a row    

 

The test firing of a Trident missile from a Royal Navy submarine has failed, for the second time in a row.

The latest test of the UK's nuclear deterrent was from HMS Vanguard and was seen by Defence Secretary Grant Shapps.

The missile's booster rockets failed and it landed in the sea close to the launch site, according to the Sun, which first reported the malfunction.

Mr Shapps said he has "absolute confidence" in Trident's submarines, missiles and nuclear warheads.

This is highly embarrassing for both the UK and the US manufacturer of the Trident missile.

British tests of Trident missiles are rare, not least because of the cost. Each missile is worth around £17m and the last test in 2016 also ended in failure when the missile veered off course...

[Link]


Portanto, algumas coisas importantes a reter sobre os ingleses. A componente nuclear resume-se a 4 submarinos armados com mísseis Trident.


E desde 2016, que os testes que têm efectuado para verificar a sua operacionalidade têm falhado, mais, o último teste feito pela marinha inglesa com sucesso, foi em 2012, ou seja, os ingleses estão há mais de uma década, mais concretamente 12 anos, desde o último teste efectuado com sucesso.

Será que isto dá confiança a alguém, de que os ingleses mantêm a sua capacidade nuclear intacta...?

E não podemos esquecer algo mais. Estes mísseis também são fabricados pelos americanos. O que demonstra a completa dependência inglesa dos americanos na esfera nuclear.

Numa altura em que cada vez mais é preciso demonstrar que se tem um sistema nuclear robusto, as dúvidas começam a surgir.

E estamos a falar da superpotência que está no topo da pirâmide.

Não deveria haver dúvidas.

Mas elas estão aí.



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América: O Declínio V




P.S. Sistema Anti-Míssil

Já que falamos de mísseis, vou fazer um pequeno reparo sobre os mísseis que são supostos serem a defesa de um ataque.


Two of Three Missile Defense Tests Fail

June 2021

Two out of three flight tests, which aimed to integrate the Patriot and Terminal High Altitude Area Defense (THAAD) missile systems, failed because of software problems, according to a U.S. Government Accountability Office (GAO) report published in April. 

The Patriot weapons system is an air and missile defense system that can intercept short- and medium-range ballistic missiles in their terminal stage at low altitudes. The THAAD system is a mobile ground-based system that can defend against short-, medium-, and certain intermediate-range ballistic missile attacks at the end of their midcourse and terminal flight stages, thereby allowing interceptors to engage their targets at higher altitudes than the Patriot system would allow.

The flight tests, conducted jointly in October 2019, February 2020, and October 2020 by the U.S. Missile Defense Agency (MDA) and the Army, were intended to support what the MDA called an “an urgent regional capability called Patriot Launch-on-Remote (THAAD).”..

[Link]

Sim, é assim que as coisas estão. 

Mal.