quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

À Beira Do Precipício

 


Bem, eu já há bastante tempo antecipava que a conclusão do Nord Stream 2 seria o último passo antes da Rússia começar a agir. Em todos estes anos, simplesmente tem reagido a certas acções, mas o dia chegou.

A Rússia está preparada para fazer valer os seus pontos de vista, agora, já, a bem, ou a mal.

Diria que estamos à beira do precipício se nós ocidentais e principalmente quem toma as decisões não perceber o que está em jogo.

Está claro para quem quiser perceber, o que vai acontecer se não resolverem a bem o que a Rússia pretende.

Em caso das negociações falharem, a Rússia vai usar a força para garantir que a Ucrânia não sirva de base de ataque americana. E não vai ficar por aqui. Quem já possui tal coisa é a Polónia. A Rússia está a indicar que vai atacar membros da NATO que estão perto demais da sua fronteira e que possuem mísseis ofensivos.

Para não haver um holocausto nuclear, o teatro de operações tem que ser na Europa. Portanto temos 3 opções:

  1. Entendimento com recurso a muito documento escrito para todos saberem o que lá está
  2. Ataque à Polónia que vai obrigar a invocação do artigo V. Não pode haver ataque aos EUA pela Rússia, nem dos EUA à Rússia. O palco será o europeu, a destruição será de cidades europeias. Mas de forma convencional.
  3. Conflito total nuclear. Onde tenho sérias dúvidas que os EUA sigam por este caminho, pois também não vão sobreviver, preferindo como na 2ª Guerra mundial, lutar no continente europeu, para desgraça mais uma vez dos europeus.

A meu ver, se não houver entendimento entre americanos e russos, vamos assistir uma nova guerra na europa com todos aqueles países que quiserem participar assim que os mísseis começarem a cair nas estruturas militares da Europa.

A extensão dos danos da Europa será da total responsabilidade dos europeus. Afinal são estes que estão a deixar que os EUA decidam o seu destino. As negociações vai ser feitas com a Rússia e os EUA. A Europa simplesmente vai ser informada ou sentir na pele, o que eles acordarem.

Penso que agora as coisas vão acelerar muito rapidamente e se o Ocidente não recuar, a Rússia vai empurrar usando a força. Queremos ir por este caminho? Espero bem que exista ainda alguém nas esferas do poder que compreenda que estamos mesmo a beira do precipício.

Alguns sinais das movimentações russas:
  • Abate de um satélite a mais de 500 Km de altura. Capacidade de fazer parar o sistema GPS
  • Abate de um drone por outro drone equipado com mísseis.
  • Submarino convencional no Pacífico dispara míssil e atinge alvo a mais de 1000 km. No Mar Negro estão seis submarinos semelhantes.
  • Rússia demonstra na ONU quem alinha com Nazis.


    Os únicos países que chumbam uma resolução da ONU anti-nazi são:
    EUA e Ucrânia.

    Ou seja, numa perspectiva russa, está mais que claro, o que anda nos corredores do poder ali para os lados da Ucrânia. E os russos não têm boa opinião sobre nazis.
  • Pipeline que atravessa a Polónia, deixou hoje de transportar gás russo.
  • Gás em direcção à China, aumenta drasticamente.
  • Preços do gás na Europa atingem novos recordes.

Vamos aproveitar bem este Natal. Porque o próximo, candidata-se seriamente a ser algo muito diferente. Principalmente para nós europeus. 

domingo, 14 de novembro de 2021

O Novo Caminho Marítimo Para A Índia

 


Centenas de anos depois, com o planeta já bem conhecido, alguém consegue consegue criar uma nova rota marítima com destino á Índia. 

Esta nova rota foge do controlo americano, pois tanto o canal do Panamá como o do Suez têm a mão pesada da marinha americana. Mas esta rota está sob o domínio russo e liga a Europa á Ásia com grande impacto geopolítico e que terei que explorar mais profundamente num futuro post.

Embora a imagem mostre como destino a China, isto só reforça a gravidade da situação se pensarmos em termos de abastecimento energéticos. A Europa encostada á Rússia, com acesso mesmo ali ao lado á sua energia e do outro lado, uma China e India ávidas por mais e mais energia.

Um mercado de 400 milhões (UE) vs 1.4 mil milhões (China) + 1.4 mil milhões (India).

Só, repito, só o crescimento da população da Índia nas duas últimas décadas, foi superior ao total da população dos EUA

Porque é que a Rússia vai oferecer a sua energia a um continente hostil e com um organismo militar (NATO) que é o principal inimigo, quando tem mercado ávidos e agradecidos por poderem receber energia e se possível a preços mais interessantes?

Nem estou  adicionar na equação o Japão e a Coreia do Sul, ambos importantes clientes, o Japão com uma necessidade urgente devido aos problemas com a energia nuclear e a Coreia do Sul que aposta na Rússia em vários sectores.

Portanto, enquanto a Europa vê os preços da energia a explodir, porque explodiram com os contratos que tinham com a Rússia e agora têm que lutar pelo seu quinhão de gás, a Rússia trata dos seus outros clientes com as novas soluções que arranjou, mostrando que a Rússia acabou com a sua dependência da Europa como cliente.

India receives first direct shipment of Russian LNG under long term contract

India received its first direct shipment of Liquefied Natural Gas (LNG) from Russia's Yamal LNG project over the last weekend.

The shipment was supplied by Russian gas company Gazprom under its long-term (20 year) LNG contract with GAIL NSE -1.00 % (India) Ltd, it was been learnt.The shipment travelled through the Northern Sea Route, Pacific Ocean and Indian Ocean to GAIL's Dabhol terminal...

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Um contrato por 20 anos. Na Europa? o que fizeram aos contratos da Europa? exactamente o contrário. acabar é a palavra de ordem, tal como o regozijo de muitos pela Polónia estar a acabar com o seu contrato. Neste momento o sorriso já será bem amarelo, ao fazerem bem as contas onde se vão enfiar.

Facing Shortage of Natural Gas China Receives Emergency Shipment of LNG from Russian Arctic

As natural gas prices in Asia as well as Europe have reached record highs, China continues to face domestic energy shortages especially in the mid-and downstream sectors for power generation and industrial use. The country now turned to the Arctic for additional supply receiving around 70,000 tons of liquefied natural gas (LNG) produced at Novatek’s Yamal LNG plant.

The cargo was delivered via Russia’s Northern Sea Route aboard a specialized ice-capable LNG carrier, the Vladimir Voronin.

...China and Russia have cooperated in Arctic energy development, especially natural gas at Novatek’s Yamal LNG facility - the region’s first LNG plant - for the past decade. China banks on the growing availability of the Northern Sea Route to serve as an import route for Russian natural gas over the next 30-50 years...

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Afinal, até há gás a ser entregue em sistema de emergência. Só que está a ir para outros clientes, neste caso a China.

Os chineses estão a investir somas megalómanas para obter energia russa. Ou seja, países como a China, India, Japão e Coreia do Sul (eu estou apenas a mencionar estes, porque são os 4 maiores importadores de gás do mundo) têm estado a observar o tratamento dado pelos europeus á Rússia e aproveitado a oportunidade para desviar a sua energia para eles. E com bastante sucesso. Com a preciosa ajuda dos europeus.

No caso da Coreia do Sul, o investimento tem sido muito sério. Os sul coreanos, apesar da pressão dos americanos, têm colocado os interesses nacionais á frente. E para garantir acesso a tanta energia, ofereceram tecnologia para construir as novas embarcações de transporte de gás líquido (ver post A Nova Frota Russa).

Agora, as novas embarcações também já são construídas também na Rússia...

Keel Laid for First Russian-built Arc7 LNG Carrier

Russian shipbuilder Zvezda Shipbuilding Complex on Tuesday held a keel laying ceremony for a new Arctic liquefied natural gas (LNG) carrier ordered by compatriot shipowner PAO Sovcomflot (SCF Group).

The newbuild is the lead vessel in a series of 15 carriers ordered from Zvezda for servicing the Arctic LNG 2 project. She is the first-ever vessel of such dimensions, cargo capacity and icebreaking capabilities to be constructed at a Russian shipyard...

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Os sul coreanos têm criado algumas ligações interessantes com a Rússia, como por exemplo a compra de helicopteros Kamov semelhantes aos que temos cá e têm várias dezenas deles. Parece não terem problemas em operar com eles. É um "mistério", como eles funcionam tão problemáticamente por cá...

Ou a vacina sputnik. Os sul coreanos preparam-se para serem dos maiores fornecedores desta vacina. Têm contrato de produção de centenas de milhões de vacinas, destinadas a exportação.

Enquanto a Europa ergue barreiras físicas e políticas para afastar a Rússia, esta desbrava novos caminhos em direcção á Ásia.

A Europa esqueceu-se da importância da energia e que ninguém faz nada sem ela. 

A Europa maravilhou-se com o gás americano para agora descobrir que não anda por estas paragens, porque a Ásia simplesmente paga mais.

Em breve, nós os europeus, vamos ter a consciência do que é necessário para que uma luz se acenda lá por casa. A começar pela carteira.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Guerras Energéticas: O Preço Das Opções Europeias

 


Como costumo dizer, uma imagem vale por mil palavras. O preço do gás este ano, simplesmente explodiu. A imagem mostra que entrámos em 2021, com valores a rondar os 20€. Em Outubro, os valores passam a barreira dos 100 €.

Energy crunch: Natural gas prices in Europe hit record 100 euros

...Energy prices are rising from the U.S. to Europe and Asia as the economy recovers from the global pandemic and people return to the offices. Europe is struggling to secure enough gas and coal ahead of the winter, with rising prices forcing some of industrial giants from fertilizer producers CF Industries to Yara International ASA and chemicals giant BASF SE to shut plants or curtail output...

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Estamos a falar de um aumento de 500% em menos de um ano. Se fosse gasolina e estivessemos a pagar 1 euro por litro no início deste ano, estariamos agora a pagar 5 euros por esse mesmo litro. Pois é, é nisto onde a Europa se enfiou.

E a Europa chegou a isto devido a todas as opções políticas absurdas que tem tomado nos últimos anos em relação ao fornecimento do gás russo.

A Europa (ou parte dela) atrasou ao máximo a construção do Nord Stream.

A Europa avançou com o terceiro pacote energético, tendo como principal objectivo impedir o crescimento das ligações energéticas com a Rússia.

A Europa deixou cair o South Stream, tendo a Rússia evoluido para o Turkish Stream.

A Europa mudou a estratégia dos contratos de longo prazo com a Rússia.

A Europa tem tentado forçar que a Rússia continue a utilizar os pipelines que atravessam a Ucrânia e a Bielorussia/Polónia.

A Europa gerou fantasias com o gás de xisto, 

A Europa contou com o gás americano.

Entretanto...

A Rússia completou os novos pipelines para abastecer a Europa que quer a energia dela. Nord Stream, Turkish Stream e o Nord Stream 2.

Mas devido ás políticas hostis da Europa para com a Rússia, esta deu início á sua diversificação da carteira de clientes. 

Nasceu o Power of Siberia e vem a caminho o Power of Siberia 2. A energia começa a ser desviada para o mercado asiático.

Mas não se ficaram por aqui. A Rússia também começou a investir no GNL (Gás Natural Líquido) e a cada ano que passa exporta cada vez mais por este formato. O destino... o mercado asiático.

E o gás americano onde anda? A ser também desviado para o mercado asiático.

A Europa, por opção própria, deixou de ter a exclusividade para ter a energia russa que está mesmo ali ao lado. A Europa agora vai ter que lutar (pagar) para ter energia russa.

A Rússia cumpre a entrega de energia que está contratada. O resto... vende a quem pagar mais,

A Europa quer mais gás russo? Tem que alterar as políticas que restringem o uso dos novos pipelines. 

Ponham os políticos a pensar no que fizeram numa sala sem aquecimento, quando estivermos no pico do Inverno.

A competitividade europeia está em risco, como pode a indústria europeia funcionar com valores energéticos destes? Muita gente seguiu os conselhos americanos, esquecendo que estes são produtores energéticos, ou seja, não vão ser afectados por este descalabro.  Quantos fábricas vão fechar na Europa e abrir nos EUA, devido aos custos energéticos na Europa?

A Europa necessita de políticos europeus que pensem nos interesses da Europa e não no interesse de certos aliados.

Chegou a factura (bem pesada) das opções políticas energéticas europeias.


domingo, 12 de setembro de 2021

Nord Stream 2: A Conclusão Dos Pipelines Para a Europa





Muito falei ao longo dos anos acerca dos novos pipelines e da sua importância para a Rússia e para a Europa. Vou colocar como referência aqui alguns dos posts para relembrar.

2009


2014



2017



2019


Em muitos mais artigos foi referenciado a importância destes novos pipelines. Há imensos anos que acompanho a guerra dos vários pipelines, alguns não chegaram a nascer.

A ligação energética á Alemanha é dos objectivos mais importantes e estratégicos para a Rússia. Foi agora conseguido. Pipeline concluido dias antes de Merkel sair de cena. Uma prenda de despedida.

Com este pipeline, muda todo o ambiente estratégico na Europa. Aproximam-se grandes mudanças, muitas delas com pontencial para serem violentas.

- Implosão e desintegração do resto da Ucrânia

A Ucrânia não conseguiu substituir o seu maior parceiro económico, a Rússia. Agora, deixa também de ser importante para o abastecimento da Europa. Já para não falar de mais perdas financeiras por ser um país de trânsito.

Empurrar o país para uma guerra com a Rússia, poderá ser um dos desígnios para algumas potências. Pouco mais se poderá fazer ali. Ninguém vai injectar dinheiro num país daquelas dimensões.

Penso que de uma forma mais pacífica ou menos pacífica, o país está à beira da sua desintegração. Parte ficará sob influência russa, a outra parte... vamos ver. Mas a Rússia estará mais perto da Polónia.

- Integração da Bielorússia na Rússia

Este país deixa de ter opções para se afastar da Rússia. Tal como a Ucrânia, deixa de ser necessário como país de transito para transporte de gás para a Europa. Ficando o país exposto a perigosas situações.

A Rússia avança e aproxima-se da Polónia.

- O ataque á Polónia

Com a quebra do tratado INF (Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio) pelos EUA sem consultar os aliados e a preparação para a colocação de sistemas ofensivos tão perto da Rússia, torna o país numa verdadeira ameaça para a Rússia.

Com o Nord Stream activo, a Alemanha deixa de estar dependente dos pipelines que atravessam a Polónia e a Rússia pode usar a economia para pressionar o país. A Alemanha vai beneficiar de descontos energéticos que a Polónia nem ousa sonhar para si. Haverá perda de competitividade e danos económicos.

Se de facto permitirem a colocação de sistemas ofensivos americanos, sem o acordo dos restantes membros da NATO, a Polónia ficará em risco extremo e estaremos a um passo da desintegração da NATO. Nestas condições o artigo V será questionado.

- O nascimento do Exército Europeu

Assegurado o abastecimento energético da Alemanha sem a dependência de países trânsito instáveis, está aberto a porta para a criação do exército europeu. Países como a Áustria que não fazem parte da NATO,  farão parte deste exército.

A estrutura militar europeia que irá defender os interesses europeus. Uma estrutura que irá ter uma palavra a dizer sobre as movimentações americanas em solo europeu.

Europa e EUA podem ser aliados. Mas na Europa prevalece os interesses europeus.

sábado, 29 de maio de 2021

Um Breve Olhar Para A Economia Russa IV

 


E a Rússia atinge os 600 Biliões de dólares em reservas. Ainda não aparece nas estatísticas de Maio nos sites que costumo consultar, mas a RT anunciou o que a barreira foi ultrapassada.

Penso que não estou enganado, quando afirmo que o país nunca tinha atingido tal valor.

É bom recordar que o primeiro destes artigos foi feito em Janeiro de 2016 e na altura os valores andavam nos 368 Biliões de dólares. 5 anos depois quase que duplicou este valor. Sanções, Crimeia, Síria, preços baixos de petróleo, nada afectou a constante crescimento das poupanças.

A Rússia entrou em 2021 com reservas económicas, com poder militar crescente, com a perspectiva de completar o Nord Stream 2 e estabelecer ligações mais profundas com a China.

2021 será possívelmente um ano de viragem, onde a Rússia deixa de reagir para passar a agir.

Entrámos no mundo multipolar, onde os EUA já não estão sózinhos no topo.

Vamos a ver se sobrevivemos todos a esta fase.




terça-feira, 12 de janeiro de 2021

América: O Declínio


Os meus posts ao longo dos anos têm focado essencialmente a confirmação de que a Rússia está a crescer a todos os níveis. Que mantiveram o conhecimento e pessoas capazes de o transmitir a novas gerações. Para mim comprova-se com o que tenho indicado nos vários sectores que tenho referido ao longo dos tempos.

Mas penso que está na altura de começar a olhar com mais atenção a outro país. Os EUA, a super-potência no topo do mundo.

Definitivamente algo não está a correr bem e começa a haver muitos sinais de um declínio anunciado.

Dívida


Se olharmos para o gráfico, há 20 anos atrás, a dívida rondava sensivelmente os 50% da dívida pública. Há uns 8 anos trás atingiu o patamar dos 100% e continua a subir. As estimativas apontam para o seguinte:


Que vamos ter um grande salto a partir de 2020 e a dívida vai acelerar. É este país que a cada ano que passa está cada vez mais endividado, quer estar no topo do mundo? Superioridade militar? Superioridade tecnológica? Eu acho que já começa a haver sinais de que não estão a conseguir manter o passo de corrida.

Armas hipersónicas


Simples, não as possuem e vão ter que investir rios de dinheiro, durante muitos anos. Não as têm, nem têm como se defender delas.

F-35



A produção do novo super avião foi suspensa sem data anunciada. Devido a centenas de problemas associados que continuam sem estar resolvidos. Mais rios de dinheiro para gastar.

F-35 Flies With 871 Flaws, Only Two Fewer Than Year Earlier

Lockheed Martin Corp.’s F-35, the fighter jet already being flown by the U.S. and eight allies, remains marred by 871 software and hardware deficiencies that could undercut readiness, missions or maintenance, according to the Pentagon’s testing office.

The Defense Department’s costliest weapons system “continues to carry a large number of deficiencies, many of which were identified prior to” the development and demonstration phase, which ended in April 2018 with 941 flaws, Robert Behler, the director of operational testing...

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Porta-aviões



O novo porta-aviões americano, que custou (e ainda está a custar) uma fortuna, não funciona. Estamos a falar da nova geração de porta-aviões americano. Foi entregue à marinha em 2017, mas simplesmente não funciona devido a muitos problemas que impedem a operação com aviões...

America’s Newest Carrier Isn't Very Good at Actually Being a Carrier

USS Gerald R. Ford has gone entire days without the ability to launch and recover aircraft...

...The extreme cost of ships ($13.2 billion), individual aircraft ($117.3 million), and high manpower requirements (4,600 sailors) is forcing many to consider if the aircraft carrier as the Navy currently envisions it is still a viable platform...

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Boeing


Bem, a Boeing arranjou mesmo a bonita com o 737. Fechou o ano com o cancelamento de 655 (!!) encomendas. É mau demais. É um prejuízo gigantesco e o modelo está acabado. Vão ter que construir um novo de raiz, não vejo outra forma. E isso vai demorar anos. Muitos. e exige muito dinheiro para investir. E para piorar ainda mais as coisas, tanto a China como a Rússia estão a lançar os seus modelos equivalentes ao 737. Com perto de 1000 encomendas. A Boeing vai deixar de vender a estes 2 países e sabe-se lá quantos mais. A Boeing ficou comprometida seriamente com a sua ambição de vender.

A Boeing entregou cerca de 60% menos aeronaves para clientes em 2020 do que 2019 e teve menos de um terço das entregas da rival Airbus, amargando o menor volume em 43 anos...

...Os pedidos Max cancelados, incluindo aqueles em que os compradores converteram para um modelo diferente, ficaram em 641. Considerando todos os aviões da Boeing, os cancelamentos somaram 655 encomendas.

Link


Há mais sinais de degradação americana, que ficarão para um próximo post. São vários os sectores que estão a colocar em xeque a superpotência(ainda?) actual.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Guerras Energéticas: Arábia Saudita Perde Braço De Ferro Com Rússia

 


A Arábia Saudita resolveu no ano passado enveredar por um jogo perigoso onde pensou que ao inundar o mercado com petróleo, iria fazer pagar à Rússia o facto desta ter recusado reduzir a produção. Os valores atingiram patamares negativos coisa nunca vista.

O Observador publicou um artigo em Março do no ano passado:

Coronavírus abre "guerra" entre Arábia Saudita e Rússia. Preço do petróleo com maior descida desde a Guerra do Golfo

...naquela que é a maior queda diária desde a primeira Guerra do Golfo. Tudo porque a Arábia Saudita, líder informal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), avançou para uma “guerrilha” de preços, depois de ter sido contrariada pela Rússia...

...Para já, o braço de ferro entre os dois maiores exportadores mundiais parece estar para durar...

...Os sauditas queriam que a Rússia acompanhasse o cartel do petróleo, que junta 14 países, no corte de produção em mais 1,5 milhões de barris por dia até ao fim do ano...

Link

Estamos em Janeiro de 2021 e o que aconteceu agora?

Saudi Arabia Will Cut Its Oil Production, Allowing Russia’s to Grow

OPEC, Russia and other oil major producers reached an unusual agreement on production quotas on Tuesday, with Saudi Arabia committing to reducing its oil production by one million barrels a day and Russia and Kazakhstan winning relatively modest production increases.

Finding that they were unable to head off Russia’s demand for a production increase, Saudi Arabia appears to have largely given in to preserve at least a semblance of unity.

“Instead of letting everything fall apart, the Saudis let the Russians have what they want,” said Bhushan Bahree, an executive director at IHS Markit, a research firm.

Russia will now be permitted to raise production by 65,000 barrels a day in February and by another 65,000 a day in March, bringing output to over 9.2 million barrels a day.

Link

Confirma-se que a economia russa não depende apenas da venda de energia. Esta é a principal componente, mas não é a única e essa componente perde peso à medida que outros sectores da economia crescem.

Podemos ver facilmente quem entre a Rússia e Arábia Saudita está realmente dependente da venda de energia, uma imagem vale por mil palavras:


Apesar dos preços baixos, das sanções, da pandemia, as reservas de dinheiro russas por incrível que pareça continuaram a subir.

A Rússia não ganhou apenas à Arábia Saudita. A Rússia ganhou a toda a OPEC e a qualquer produtor que a queira ameaçar.

E por falar em produtores, o impacto é terrível para os EUA, não só os seus produtores estão fortemente prejudicados, como o seu maior cliente de armamento está em sérios riscos. A Arábia Saudita vai deixar de gastar rios de dinheiro em armas americanas, pior, vai começar a comprar cada vez mais à... Rússia.