terça-feira, 7 de julho de 2015

Europa Aumenta Dependência Energética Da Rússia II




Este artigo é uma continuação do artigo anterior e que foca o aumento da dependência da energia russa (Europa Aumenta Dependência Energética Da Rússia), o tema foi o Reino Unido, agora será a Alemanha.

A Alemanha, o motor da Europa, possui algo de muito valioso, um pipeline directo (Nord Stream) para o maior fornecedor energético do mundo,  a Rússia.

Quando foi acordado este pipeline, foi uma surpresa bastante desagradável para os países Bálticos e a Polónia. As relações destes países e a Rússia, não são nada boas, mas tinham uma segurança, para a energia russa chegar à Alemanha, tinham que passar por vários países trânsitos, estando a Polónia salvaguardada, podendo ter o seu quinhão de energia.


A decisão da Alemanha abandonar o nuclear, significou também a decisão de tornar-se mais dependente da energia russa, ou seja, as ligações entre a Rússia e Alemanha, teriam tendência a aumentar, algo que a Polónia nunca viu com bons olhos.

Alguns acontecimentos importantes, fizerem mudar a estratégia russa. O avançar da NATO para mais perto das fronteiras russas, gerou uma série de problemas com países candidatos à NATO, mas que ainda não tinham conseguido aderir. Neste caso a Ucrânia e a Geórgia. A Rússia não queria que estes países fossem para um bloco militar hostil.

Para agravar a situação, foi a decisão de basear o novo sistema antí-míssil na Polónia e Republica Checa. Agora já não era apenas o perigo da NATO, crescer um pouco mais. Agora os EUA, estavam a tentar diminuir a capacidade ofensiva nuclear da Rússia, colocando em perigo o equilibrio nuclear entre ambos.

Na minha opinião, foi devido a estes pontos que se decidiu eliminar os problemas dos países trânsito e diversificar as rotas energéticas. Com esta decisão, a Rússia aumenta a sua pressão sobre os países hostis/problemáticos sem prejudicar os países com que tem (e desja manter) boas relações.

Criando o Nord Stream, a Rússia diminui a sua dependência da Ucrânia, como país de trânsito e vai poder fornecer a Alemanha, mesmo que decida não vender energia à Polónia. Daí o grande alvoroço que os polacos tiveram com o acordo alcançado entre a Alemanha e Rússia. Se o pipeline tivesse ido para aprovação da UE, este não teria sido aprovado, vários países hostis à Rússia, mas dependentes da energia desta, nunca o teriam permitido. Mas estamos a falar da Alemanha.

Mas isto foi há uns anos e agora a realidade é outra, estamos a falar do periodo pós Ucrânia, tal como a conheciamos, a UE uma vez mais clama, por reduzirmos a dependência da energia russa. Conseguiu lançar o caos no South Stream, tudo aponta para deixarmos de depender da energia russa.

Pelo menos é assim que se fala, tanto pelos os políticos como pela a imprensa. Mas volto a insistir que devemos ver as coisas, não pelo o que se diz, mas sim pelo o que se faz. E o que se faz?

A Alemanha voltou a fazer novo acordo com a Rússia e o Nord Stream vai duplicar a sua capacidade. Ou seja, a Alemanha mostra algo contrário ao que se diz, a Alemanha considera a Rússia um fornecedor fiável e deu a à Rússia, um significativo aumento na capacidade política de fazer pressão a um outro membro da UE, bastante activo na situação ucraniana, ou seja, a Polónia. A Polónia que se tornou deveras hostil devido à situação do sistema anti-míssil, vai ter um grave problema de fornecimento energético.

Como se não bastasse a sua dependência de gás russo, a Alemanha aumenta também a sua dependência do carvão russo. Isto em pleno período de sanções económicas!

Germany Buys Most Russian Coal Since 2006 to Diversify

Germany imported the most coal from Russia in at least nine years, just as the European Union is trying to reduce its reliance on energy supplies from the former Soviet state.

Russian coal imports rose 6.6 percent to 12.6 million metric tons last year, according to data from the Federal Statistics Office in Wiesbaden, Germany. That’s more than a quarter of all foreign purchases. Total imports into Europe’s biggest economy also rose to their highest level since 2006...


Esta situação mostra claramente, que as relações entre importantes países europeus e a Rússia, não estão tão más como podem parecer. Infelizmente interesses externos estão a colocar muitos grãos de areia na engrenagem da relação Europa-Rússia.

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