segunda-feira, 20 de julho de 2015

Programa Espacial Americano Aumenta Dependência Da Rússia





Este artigo será uma continuação do Sanções: Faz O Que Te Digo, Não Faças O Que Eu Faço onde chama a atenção para a dependência americana da Rússia no sector espacial. O que pretendo com este novo artigo é realçar que essa dependência está a agravar-se e não parece haver solução para os próximos tempos.

Neste momento os EUA dependem da Rússia, para levar os seus astronautas para o espaço, como também depende para levar os seus satélites militares. Ou seja, neste momento só colocam os seus astronautas e alguns dos seus satélites, porque a Rússia o permite.

Isto mostra, que a Rússia ainda possui alguns trunfos na manga, ou seja capacidade de resposta a certos tipos de sanções que possam ser activados. Impedir os astronautas americanos de aceder à Estação Espacial Internacional, seria deveras embaraçoso. Da mesma maneira, ficar impedido de lançar os seus satélites militares, é, além de embaraçoso, uma falha grave na segurança nacional.

Após a falha do Space X, com a explosão de um foguetão 2 minutos após o lançamento e que iria reabastecer a ISS, fez lembrar estas coisas de foguetões, não é apenas desenhar um e lançá-lo. Este tipo de empreendimentos exige somas muito avultadas e muitos percalços pelo o caminho. E não é por ser uma empresa privada que as coisas vão andar melhor. Privado ou não, os contractos são estatais e esta empresa privada está dependente de dinheiros públicos.

Mas a questão aqui é outra que quero chamar a atenção. Após a explosão deste foguetão, temos declarações do senador John McCain que mostra a frustração e impotência de não poder afastar a dependência russa.

Saiu um artigo no The Wall Street Journal, que levanta as questões, o imbróglio, onde o programa espacial americano está metido. Não foi escrito por um curioso na matéria, foi escrito pelo General William Shelton, e que deixo aqui um excerto da bibliografia:




Gen. William L. Shelton is Commander, Air Force Space Command, Peterson Air Force Base, Colo. He is responsible for organizing, equipping, training and maintaining mission-ready space and cyberspace forces and capabilities for North American Aerospace Defense Command, U.S. Strategic Command and other combatant commands around the world. General Shelton oversees Air Force network operations; manages a global network of satellite command and control, communications, missile warning and space launch facilities; and is responsible for space system development and acquisition. He leads more than 42,000 professionals assigned to 134 locations worldwide.

Até Agosto de 2014 este foi o seu posto, e basicamente o que defende é que não se pode deixar de comprar os motores russos, enquanto não existir alternativa viável, os EUA terão que depender da Rússia, como podemos ver pelo o artigo:


National Security After the SpaceX Explosion

Congress’s demand to cease using Russian engines may leave the military dependent on unproven rockets.

The explosion of an unmanned SpaceX rocket after liftoff at Cape Canaveral in Florida on Sunday was a graphic reminder of why U.S. national space policy requires that there be two independent means of launching satellites for national-security missions: in case one launch system fails. 

...Critics who are unhappy about the use of Russian rocket engines for national-security launches have campaigned to get SpaceX involved in those missions. But the failure of its Falcon 9 version 1.1 rocket should give everyone pause about jettisoning a dependable arrangement vital to U.S. security...

Current U.S. space policy is implemented by buying both the Atlas V and Delta IV rockets from the United Launch Alliance, a joint venture of Lockheed Martin and Boeing. Both rockets have a 100% success record—83 launches without failure.

Yet Congress is on the verge of passing legislation—the fiscal 2016 National Defense Authorization Act—that will put U.S. space policy at considerable risk.

The problem arose last year from attacks on United Launch Alliance as a monopoly and for using Russian-made engines on its rockets...

Today the Atlas V lofts two-thirds of all national-security satellites. The first stage of the rocket is powered by the Russian-produced RD-180 engine...

...before any new company can compete for national-security launch contracts, it must pass a rigorous certification process to ensure its rocket or rockets are reliable.

SpaceX is the first company to complete the certification process for its Falcon 9 Version 1.1 rocket—the one that failed on Sunday...

...the fiscal 2015 National Defense Authorization Act, which became law last December, banned using the Russian-made RD-180 beyond the remaining few engines already under contract. The purported rationale is to uphold Russian sanctions and avoid rewarding the country’s bad behavior in Ukraine and elsewhere...

The December legislation also mandated that a new American rocket engine be ready by 2019...Many experts are dubious about this timetable. Yet even if United Launch Alliance can meet the deadline, it will run out of RD-180 engines well before its new rocket is ready...


...Once United Launch Alliance runs out of RD-180 engines and Delta IV production stops, the only available rocket for most payloads will be SpaceX’s uncertified Falcon 9 Full Thrust...


Resumindo, temos uma data, 2019 para ter uma alternativa aos motores russos, mas essa data está a ser colocado em causa, por alguém de que sabe do que fala e ainda só estamos em 2015. Os EUA vão ter que comprar mais motores à Rússia até 2019 e ainda vamos ver a partir daí, quantos anos mais serão necessários.

Dado que o General retirou-se no ano passado, vamos ver o que diz o novo comandante:


Air Force: RD-180 replacement timeline tight, could limit competition

Pentagon and Air Force officials Friday warned lawmakers that a congressional push to limit the use of a Russian-made rocket engine, and the development of a U.S.-made alternative, is likely to extend beyond the 2019 deadline.

Gen. John Hyten, commander of Air Force Space Command, told the House Armed Services Committee that the Senate Armed Services Committee's push to stop all use of the Russian-made RD-180 engine, which is used on national security payloads, is "aggressive."

United Launch Alliance, SpaceX, Orbital ATK, Aerojet Rocketdyne and Blue Origin – told the committee earlier Friday that they could get their rockets ready by the 2019 deadline. However, Hyten warned, those rockets would still need to be certified, and launch systems would need to be adjusted to work with the new rockets, adding years until a new launch system would be ready.

Even a copy of the RD-180 engine built to drop in to a ULA Atlas V would take years to develop by accounting for even minor changes in engineering, said Lt. Gen. Samuel Graves, commander of the Air Force Space and Missile Center. There would be modifications to launch vehicle structures, fuel systems, heat shields, thrust vector control and throttling, all adding time to an already tight deadline. 

...You cannot simply drop in a replacement rocket engine without extensively re-engineering the entire launch system."...

Michael Griffin, the deputy chair of an RD-180 Availability Risk Mitigation Study, said the Senate's action is "too abrupt," and does not allow the Pentagon to wean itself off of the Russian engine...

While Senate leaders, especially Armed Services Committee chairman Sen. John McCain, R-Arizona, are anxious to completely stop the use of the RD-180, House lawmakers were more accepting to the need to keep some of the rockets available to keep assured access to space.

The Senate Armed Services Committee's version of the fiscal 2016 National Defense Authorization Act limits the Pentagon's amount of Russian RD-180 rocket engines to nine...

...The Air Force wants to be able to buy 14 more of the engines to be able to cover launches until 2022...


Resumindo, o actual comandante, partilha a mesma opinião do anterior, não existe actualmente alternativa aos motores russos e é necessário garantir a sua aquisição. Mais, o actual comandante coloca em causa o prazo de 2019, duvidando que exista alternativa por essa altura.

Podemos ver isso claramente, pelo o que é pedido. É autorizada a compra de mais 9 motores russos, mas a Força Aérea pretendo 14 motores. Isto para cobrir os lançamentos até 2022!

Ou seja, as sanções à Rússia foram criadas em 2014 e foi no ano passado que começou esta polémica. Um ano depois, descobrimos que o prazo para 2019, não é realista e que pelo menos até 2022, não haverá alternativas credíveis, 8 anos depois de ter sido decidido aplicar sanções à Rússia!!!

Mas se isto só por si já é bastante grave, o que aí vem é bem pior!

Estes motores estão a ser construídos exclusivamente para os Estados Unidos, existindo aqui também uma dependência russa na sua venda. E se os EUA estão à procura de uma alternativa, a Rússia também está e ela chama-se China.

A China indicou este mês que está interessado no motor que a Rússia constrói para os Estados Unidos, para uso no seu programa lunar.

Ou seja, os EUA podem não ter 8 anos para encontrar uma alternativa, pois a Rússia já encontrou um novo cliente. A China.

O preço da "brincadeira" na Ucrânia, mostra-se cada vez mais elevado.

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