terça-feira, 12 de janeiro de 2021

América: O Declínio


Os meus posts ao longo dos anos têm focado essencialmente a confirmação de que a Rússia está a crescer a todos os níveis. Que mantiveram o conhecimento e pessoas capazes de o transmitir a novas gerações. Para mim comprova-se com o que tenho indicado nos vários sectores que tenho referido ao longo dos tempos.

Mas penso que está na altura de começar a olhar com mais atenção a outro país. Os EUA, a super-potência no topo do mundo.

Definitivamente algo não está a correr bem e começa a haver muitos sinais de um declínio anunciado.

Dívida


Se olharmos para o gráfico, há 20 anos atrás, a dívida rondava sensivelmente os 50% da dívida pública. Há uns 8 anos trás atingiu o patamar dos 100% e continua a subir. As estimativas apontam para o seguinte:


Que vamos ter um grande salto a partir de 2020 e a dívida vai acelerar. É este país que a cada ano que passa está cada vez mais endividado, quer estar no topo do mundo? Superioridade militar? Superioridade tecnológica? Eu acho que já começa a haver sinais de que não estão a conseguir manter o passo de corrida.

Armas hipersónicas


Simples, não as possuem e vão ter que investir rios de dinheiro, durante muitos anos. Não as têm, nem têm como se defender delas.

F-35



A produção do novo super avião foi suspensa sem data anunciada. Devido a centenas de problemas associados que continuam sem estar resolvidos. Mais rios de dinheiro para gastar.

F-35 Flies With 871 Flaws, Only Two Fewer Than Year Earlier

Lockheed Martin Corp.’s F-35, the fighter jet already being flown by the U.S. and eight allies, remains marred by 871 software and hardware deficiencies that could undercut readiness, missions or maintenance, according to the Pentagon’s testing office.

The Defense Department’s costliest weapons system “continues to carry a large number of deficiencies, many of which were identified prior to” the development and demonstration phase, which ended in April 2018 with 941 flaws, Robert Behler, the director of operational testing...

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Porta-aviões



O novo porta-aviões americano, que custou (e ainda está a custar) uma fortuna, não funciona. Estamos a falar da nova geração de porta-aviões americano. Foi entregue à marinha em 2017, mas simplesmente não funciona devido a muitos problemas que impedem a operação com aviões...

America’s Newest Carrier Isn't Very Good at Actually Being a Carrier

USS Gerald R. Ford has gone entire days without the ability to launch and recover aircraft...

...The extreme cost of ships ($13.2 billion), individual aircraft ($117.3 million), and high manpower requirements (4,600 sailors) is forcing many to consider if the aircraft carrier as the Navy currently envisions it is still a viable platform...

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Boeing


Bem, a Boeing arranjou mesmo a bonita com o 737. Fechou o ano com o cancelamento de 655 (!!) encomendas. É mau demais. É um prejuízo gigantesco e o modelo está acabado. Vão ter que construir um novo de raiz, não vejo outra forma. E isso vai demorar anos. Muitos. e exige muito dinheiro para investir. E para piorar ainda mais as coisas, tanto a China como a Rússia estão a lançar os seus modelos equivalentes ao 737. Com perto de 1000 encomendas. A Boeing vai deixar de vender a estes 2 países e sabe-se lá quantos mais. A Boeing ficou comprometida seriamente com a sua ambição de vender.

A Boeing entregou cerca de 60% menos aeronaves para clientes em 2020 do que 2019 e teve menos de um terço das entregas da rival Airbus, amargando o menor volume em 43 anos...

...Os pedidos Max cancelados, incluindo aqueles em que os compradores converteram para um modelo diferente, ficaram em 641. Considerando todos os aviões da Boeing, os cancelamentos somaram 655 encomendas.

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Há mais sinais de degradação americana, que ficarão para um próximo post. São vários os sectores que estão a colocar em xeque a superpotência(ainda?) actual.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Guerras Energéticas: Arábia Saudita Perde Braço De Ferro Com Rússia

 


A Arábia Saudita resolveu no ano passado enveredar por um jogo perigoso onde pensou que ao inundar o mercado com petróleo, iria fazer pagar à Rússia o facto desta ter recusado reduzir a produção. Os valores atingiram patamares negativos coisa nunca vista.

O Observador publicou um artigo em Março do no ano passado:

Coronavírus abre "guerra" entre Arábia Saudita e Rússia. Preço do petróleo com maior descida desde a Guerra do Golfo

...naquela que é a maior queda diária desde a primeira Guerra do Golfo. Tudo porque a Arábia Saudita, líder informal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), avançou para uma “guerrilha” de preços, depois de ter sido contrariada pela Rússia...

...Para já, o braço de ferro entre os dois maiores exportadores mundiais parece estar para durar...

...Os sauditas queriam que a Rússia acompanhasse o cartel do petróleo, que junta 14 países, no corte de produção em mais 1,5 milhões de barris por dia até ao fim do ano...

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Estamos em Janeiro de 2021 e o que aconteceu agora?

Saudi Arabia Will Cut Its Oil Production, Allowing Russia’s to Grow

OPEC, Russia and other oil major producers reached an unusual agreement on production quotas on Tuesday, with Saudi Arabia committing to reducing its oil production by one million barrels a day and Russia and Kazakhstan winning relatively modest production increases.

Finding that they were unable to head off Russia’s demand for a production increase, Saudi Arabia appears to have largely given in to preserve at least a semblance of unity.

“Instead of letting everything fall apart, the Saudis let the Russians have what they want,” said Bhushan Bahree, an executive director at IHS Markit, a research firm.

Russia will now be permitted to raise production by 65,000 barrels a day in February and by another 65,000 a day in March, bringing output to over 9.2 million barrels a day.

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Confirma-se que a economia russa não depende apenas da venda de energia. Esta é a principal componente, mas não é a única e essa componente perde peso à medida que outros sectores da economia crescem.

Podemos ver facilmente quem entre a Rússia e Arábia Saudita está realmente dependente da venda de energia, uma imagem vale por mil palavras:


Apesar dos preços baixos, das sanções, da pandemia, as reservas de dinheiro russas por incrível que pareça continuaram a subir.

A Rússia não ganhou apenas à Arábia Saudita. A Rússia ganhou a toda a OPEC e a qualquer produtor que a queira ameaçar.

E por falar em produtores, o impacto é terrível para os EUA, não só os seus produtores estão fortemente prejudicados, como o seu maior cliente de armamento está em sérios riscos. A Arábia Saudita vai deixar de gastar rios de dinheiro em armas americanas, pior, vai começar a comprar cada vez mais à... Rússia.