sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Europa Mostra Que Confia Na Rússia Como Fornecedor De Energia

Encontro entre Putin e Berlusconi

Eu, em 2005, quando foi anunciado o negócio do Nord Stream entre a Rússia e a Alemanha, escrevi bastante acerca disso. Infelizmente na altura nunca pensei em ter um blogue e nunca pensei ir guardando o que fui escrevendo. Muitos dos artigos que escrevi estão perdidos. Alguns estou a recuperá-los pois anda estão acessíveis via net, outros nunca mais os vou ver com imensa pena minha. Apesar de saber qual a minha linha pensamento, gosto de me confrontar comigo próprio ao longo dos anos e ir verificando o meu raciocínio.

Hoje pretendo salientar que apesar da imprensa e alguns sectores políticos insistirem que a Rússia não é um fornecedor fiável para a Europa, a Europa considera e sempre considerou exactamente o contrário.

Mais uma prova disso é a visita recente de Berlusconi à Rússia para um encontro com Putin. Novas declarações saem a indicar que possivelmente o South Stream ficará pronto ainda antes do Nord Stream.

As coisas estão a correr bastante bem com a Itália e aqui gostaria de relembrar o seguinte. Estes projectos energéticos foram acordados com importantes dirigentes europeus com uma inclinação política mais favorável à Rússia. Schroeder, Chirac e Prodi. É sobejamente conhecido a relação entre estes e Putin na altura. Na altura estava Bush aos comandos e grandes divergências existiam entre os dois lados do Oceano. A "Velha Europa" não concordava com as opções americanas em várias esferas e a Putin soube estabelecer ligações e mostrar que havia futuro na nova Rússia em formação e a Europa. Em simultâneo os EUA estabeleceram fortes ligações com a "Nova Europa", criando barreiras entre a Europa e a Rússia.

Em resposta aos avanços militares por parte dos EUA, a Rússia avançou com a sua nova arma, a energética. A Rússia vai escolher os clientes a quem pretende vender energia e a Rússia quer vender à "Velha Europa" e assim nasceram os planos dos novos pipelines que vão ultrapassar todos os países problemáticos e fornecer energia a quem se pretende e a quem se pretende fornecer energia é de facto ao motor da Europa. O motor da Europa que é principalmente a Alemanha e França, não podem ficar reféns de opções políticas tomadas por alguns novos membros da UE, que escolheram a segurança económica da UE e a segurança militar dos EUA. Mas ao escolher a segurança militar dos EUA, colocaram em perigo a segurança energética do motor da Europa. Opções políticas têm um preço e este arrisca-se a ser bastante alto para alguns.

Apesar dos problemas que tem havido com o fornecimento de gás e os cortes, principalmente com a Ucrânia, muito foi falado, que a Rússia não era um fornecedor fiável.

1º Ministro Turco também participou na reunião via videoconferência

Apesar da saida de Schroeder, Chirac e Prodi e que foram substituidos por elementos mais conservadores, uma coisa é certa, as ligações entre estes e a Rússia foram reforçadas. E não será difícil encontrar notícias, artigos e análises, para cada entrada de um destes novos dirigentes, indicando que as relações com a Rússia iriam passar a ser diferentes. Não foram, porque independentemente de qual a côr política dos políticos à frente da sua nação, um político responsável sabe que em primeiro lugar está os interesses do SEU país e energia para um país é como o ar que respiramos, é essencial para a nossa sobrevivência. Pipelines directos com ligações ao maior fornecedor de energia do mundo é fulcral para o crescimento da Europa, para alimentar o motor da Europa.

Merkel, Sarkozy e Berlusconi sabem disso.

A "Nova Europa" vai muito possivelmente aprender o significado de segurança energética pela maneira mais dura.

A lembrar:
Nord Stream, Putin, Schroeder, 2005
South Stream, Putin, Prodi, 2007

Fontes:
Putin Sees South Stream Ready Earlier Than Planned
Putin to Berlusconi: South Stream May Be Ready before North Stream

Sem comentários:

Enviar um comentário