sexta-feira, 16 de setembro de 2022

O Mal Estar Alemão

 


A questão alemã é sempre algo que não podemos perder de vista. É uma das grandes potências que está na Europa e com demasiadas ligações com a Rússia para o gosto de alguns.

Também não podemos esquecer, que para a Rússia, a Alemanha é uma das nações com quem eles não querem perder ligações.

Não é por acaso que a Alemanha passou a ter acesso directo ao gás russo, não por 1, mas por 2 novos pipelines, o Nord Stream 1 & 2.

Ou como a Alemanha teve acesso à ferrovia russa para transportar equipamento militar para o Afeganistão sempre que necessitou.

A Alemanha sempre resistiu à pressão para que desistisse de ter estes novos pipelines, apesar da pressão enorme feita pelos americanos que tudo tentaram para que não fossem concluídos. Mas não podemos esquecer que foram. Ambos existem e o que impede o funcionamento de ambos, são simplesmente opções políticas e que nada impede que num futuro breve ou menos breve sejam usados. Tal como uma torneira que tenhamos em casa. Pois o importante está lá. A ligação fisica, esta, está montada e pronta.

A Alemanha, com toda a sua capacidade industrial e baseada em gás em grandes quantidades e barato é um dos maiores prejudicados neste braço de ferro entre russos e americanos. Ter em mente que para mim, este conflito na Ucrânia é apenas a ponta do iceberg de um conflito muito maior que está em curso. 

Houve uma situação em Janeiro que me chamou a atenção de que realmente nem todos concordam com o caminho e decisões  que o país está a tomar.

German navy chief Kay-Achim Schönbach resigns over 'ill-considered' Ukraine-Russia comments


The head of the German navy resigned late Saturday after coming under fire at home and abroad for comments he made on Ukraine and Russia, that were widely circulated online.

Vice-admiral Kay-Achim Schönbach said during a visit to India on Friday that Ukraine would never regain the Crimean Peninsula, annexed by Russia in 2014. He also questioned Western views over Vladimir Putin's intentions regarding Ukraine, adding that the Russian president deserved "respect".

By late Saturday, Schönbach had asked for his dismissal, saying he wanted to prevent further damage resulting to Germany and its military from his “ill-considered statements".

In a statement, the German navy said the defence minister had accepted Schönbach's resignation and appointed his deputy as interim naval chief...
Em Janeiro, já a situação estava ao rubro e dias depois, a Rússia manda as cartas aos países europeus, Portugal incluído, tenho havido uma resposta conjunta pela UE a 10 de Fevereiro e a 24 começam as hostilidades.

Agora, meses depois do início do conflito, quando já se vê que vai ser muito mais demorado, que vai entrar pelo Inverno adentro, que os custos serão muito, mas muito maiores que o previsto no início, temos mais sinais de desagrado.

No mês passado, a Alemanha diz que não tem stock para enviar mais armas para a Ucrânia e quem o diz é a ministra dos negócios estrangeiros, alguém que de certeza não deve ter gostado de ter feito esta declaração, pois nitidamente a sua inclinação é de dar todo o apoio à Ucrânia.

‘Germany’s military stocks are not enough to send more weapons to Ukraine’


Germany cannot send more weapons to Ukraine from its own military stocks, because it is already facing serious equipment shortages, Foreign Minister Annalena Baerbock said late Wednesday.

“We would like to support Ukraine militarily with everything we have. But unfortunately, in the current situation, we have an absolute deficit in our own stocks,” Baerbock told public broadcaster ZDF.

She said her government is having talks with German defense companies to produce military equipment specifically for Ukraine, which would include defensive weapons and advanced air defense systems.

The top German diplomat acknowledged that this process is likely to take longer than anticipated, and most of the shipments would not be possible before next year.


É claro que declarações destas não cairam nada bem a muita gente. Nada bem. A questão fica e a qual não consigo descortinar facilmente, é quem (ou quantos) na Alemanha estão a tentar fazer com que a Alemanha não prossiga pelo actual caminho, o qual eu considero destrutivo para o país e com impacto significativo no futuro da Europa.

Estamos em Setembro, quando muitos sinais de stress estão a ser enviados por vários sectores industriais alemães e estando em curso a "contra-ofensiva" ucraniana, a qual, suspeito, ainda vamos ouvir falar muito e temos mais uma alta patente militar a dizer coisas incómodas.

Germany’s top military chief gives ‘stunningly poor’ assessment of strength of Russian army



Eberhard Zorn says Russia still has ‘uncommitted capacity’ and that it will not have ‘personnel problems’ if Kremlin orders mobilisation ...

Germany’s top military chief has been criticised for a “stunningly poor analysis” of the Ukraine war, after he claimed that Russia was capable of opening a second front against Nato...

“[Vladimir] Putin is capable of” opening a second front, Germany’s most senior military commander told Focus magazine, saying that Kaliningrad, the Baltic Sea, and the Finnish border were all possible points of attack...

... In the same interview General Zorn also appeared to question the significance of the territorial gains made by the Ukrainian army over the past weekSaying that he “would be careful” to describe it as a counter-offensive, he described the Ukrainian advances as “counter attacks that can be used to win back places or individual sections of the front, but not to push Russia back on a broad front”.

He also expressed doubt that Ukraine could sustain a counter-offensive, saying that they lacked the manpower.

General Zorn further insisted that the German army could not give more weapons to Ukraine, saying that “all that we have given, we need it back”.

“For effective deterrence, we need the appropriate forces. Our partners are counting on us,” he insisted.


Interrogo-me se também se irá resignar nos próximos dias. 

O que estamos a ver são altos responsáveis militares a dar opiniões completamente contrárias às opções política tomadas.  Serão os únicos? e serão apenas neste país onde as interrogações se colocam? duvido.

É claro que já está debaixo de fortes críticas, incluindo da imprensa, de "especialistas" e "opinadores" que estão muito atentos a quem se atreva a fugir da narrativa oficial.

Destaco a rápida resposta americana, utilizando para isso um militar que já não está no activo, mas que esteve presente na Europa.


General Ben Hodges, commander of US forces in Europe between 2014 and 2017, said the claim showed “stunningly poor analysis of Russian capabilities that unfortunately reflects much of the German ‘elite’ thinking”.

Finland alone would crush Russian forces” while “Lithuania/Poland would smother Kaliningrad in a week,” General Hodges wrote on Twitter...

Estamos cada vez mais perto de verificar a opinião dos americanos sobre as verdadeiras capacidades militares russas, isto porque foi feito agora uma ameaça directa aos americanos que poderá significar uma escalada vários níveis acima.

Russia Warns of Red Line if the U.S. Provides Long-range Missiles to Ukraine

The White House press service reports that the United States intends to supply Kyiv with weapons for combat operations on the southern and eastern fronts in the future, including advanced missile systems. 


In response, Maria Zakharova, the spokesperson for Russia’s Ministry of Foreign Affairs, said on Sept. 15 that “if the United States decides to supply Ukraine with longer-range missiles, they will cross the red line and become a direct party to the conflict.”
Zakharova also stressed that Russia reserves the right to “respond adequately” in the event of a U.S. decision to supply Ukraine with longer-range missiles...

[Link]

Para os desejosos de ver a NATO a dar finalmente uma coça à Rússia, devem estar extasiados a ver que o dia se aproxima.

Fica apenas um aviso:

Não vão ver do sofá e não será como nos filmes de Hollywood.

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