segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Scholz Sem Opções


Ao que chegou a maior potência europeia. País com duas ligações directas com o maior fornecedor do mundo e anda a pedinchar pelo Médio Oriente.

Lembro-me muito bem, pois não foi assim há tanto tempo, que cada político que ia à Rússia, na sua declaração incluia sempre a preocupação com os direitos humanos no país.

Curiosamente nunca vejo os mesmos políticos terem a mesma conversa no Médio Oriente. Aqueles países devem estar muito melhores. Nem necessitam de reparos. As mulheres que o digam.

Seja como for, Scholz poderá estar um pouco acima de Biden na Arábia Saudita,


Mas Scholz...


Não tem hipótese, contra Putin.


O Médio Oriente está com muita atenção para estas jogadas entre os grandes. E a Arábia Saudita, tal como tenho assinalado no meu blogue, já teve grandes chatices com a Rússia e agora deixou-se de falar em OPEC. Agora fala-se de OPEC+. A Rússia.

Nos Emiratos a coisa repete-se.

Scholz está muito bem,



Mas Putin está imbatível.


E se dúvidas houvesse, basta ver a recepção feita a Putin. Vale a pena dar uma olhadela para ter a noção da recepção que foi preparada.

O príncipe foi esperá-lo ao aeroporto. E de seguida a recepção.

O vídeo é comprido, mas destaco os pormenores como o mesmo foi feito. Para impressionar. Atenção ao pormenor da escolta a cavalo, sensivelmente no minuto 3 e a  passagem de aviões com as cores da Rússia a partir do minuto 6.

Há com os Emiratos muitos acordos feitos e alguns estratégicos com a Rússia. Na minha opinião, a Rússia cresceu e muito aos olhos dos países Árabes, após a intervenção na Síria.

Só que por mais acordos que arranje, a Alemanha não consegue substituir as quantidades massivas de energia vindas da Rússia. E, volto a afirmar, mesmo que o consiga, não consegue obter a preços russos.

Opções? parar a Indústria.

VW may shift output from Germany over gas shortage

VW may shift output from Germany to countries with better access to gas.

Volkswagen Group could shift production out of Germany and eastern Europe if a shortage of natural gas persists, the latest sign that the energy crisis unleashed by Russia's invasion of Ukraine threatens to shake up Europe's industrial landscape.

VW said Thursday that moving production was one of the options available for it in the medium-term if gas shortages last much beyond this winter.

VW has major factories in Germany, the Czech Republic and Slovakia, which are among the European countries most reliant on Russian gas.

VW operates car factories in Portugal, Spain and Belgium, countries that host LNG terminals.

VW said it should be able to maintain production in the next 5 to 6 months if Germany continues to fill its gas reserves but rising energy prices and instability in supply chain networks present a risk to global production.

Suppliers at risk

Suppliers in energy-intensive areas such as glass and chemicals will not be able to shoulder the gas and electricity price increases for long, VW executives warned.

Though most car parts made in Europe are used by European plants, some are shipped to plants abroad. Just one missing piece can bring production to a standstill, as shown by the fallout from the semiconductor shortage of recent years.

If gas deliveries to Germany from Russia through the Nord Stream 1 pipeline do not resume, VW expects natural gas shortages from June of 2023.

[Link]

Curiosamente entre a visita de Schozl e as declarações da VW, nomeadamente sobre a preocupação das entregas de gás pelo Nord Stream 1, algo aconteceu.

Nord Stream 2 pipeline pressure collapses mysteriously overnight

The pipeline has been one of the flashpoints in an escalating energy war between Europe and Moscow since Russia’s invasion of Ukraine in February that has pummelled western economies and sent gas prices soaring.

Nord Stream 2’s operator said pressure in the undersea pipeline dropped from 105 to 7 bar overnight.

The Russian-owned pipeline, which was intended to double the volume of gas flowing from Vyborg, Russia, under the Baltic Sea to Germany, had just been completed and filled with 300m cubic metres of gas when the German chancellor, Olaf Scholz, cancelled it shortly before Russia invaded Ukraine...

[Link]

Um pormenor. Se uma nação não tem energia para produzir carros e aço, como é que vai produzir tanques para uma guerra...? 

Se calhar esta é uma das razões porque...

Germany’s Chancellor Has ‘a Lot’ for Ukraine. But No Battle Tanks.

Chancellor Olaf Scholz of Germany gets right to the point when asked why his country will not send battle tanks to Ukraine: It is “a very dangerous war,” he said.

Ukraine has made gains recently against Russia, which invaded the country in February, and has been asking the West for reinforcements. But Germany has declined to lead the way in sending that aid.

“We are supporting Ukraine,” Mr. Scholz said last week in an hourlong interview with The New York Times. “We are doing it in a way that is not escalating to where it is becoming a war between Russia and NATO because this would be a catastrophe.”

[Link]

Se a Europa não tem condições (nem energia) para ter a sua indústria a funcionar, como pode sequer pensar em entrar numa guerra...?

Vem aí coisas más.

Muito más.



Relacionados:

O Mal Estar Alemão

Portugal e Gás: O Desespero de Scholz

América: O Declínio III

Guerras Energéticas: Arábia Saudita Perde Braço De Ferro Com Rússia

8 comentários:

  1. Meu caro, revendo agora melhor o seu texto, realmente, e olhando para trás, isto parece andar tudo ligado. Lembra-se da greve dos estivadores em 2018 e a confusão que foi? O enfrentamento com a então ministra do Mar, mulher do Cabrita, que foi forçada a sair? Guerra essa entre sindicatos que houve logo em 2017 na AutoEuropa? O enfrentamento entre interesses políticos, uns mais para o B-E e outros mais para o P-CP?
    Como dizia, revendo agora a cronologia, há muita coisa antes de 2020 para o qual começo a ter uma outra visão e interpretação.
    Grata pelo seu blogue, pois tem sido dos poucos que, mais que teorias e sentires, traz informação concreta e fundamentada.
    mª r.

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    1. "traz informação concreta e fundamentada."

      Obrigado pelo reparo.
      Tem sido esse sempre o meu esforço sempre que coloco a público as minhas ideias.
      Sempre devidamente fundamentadas, ou pelo menos, faço por isso.

      Pois é algo que eu critico sempre que vejo notícias ou artigos de opinião.

      A ausência de suporte às afirmações feitas.

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  2. E por falar em recrutamento, nem de propósito:
    https://www.msn.com/pt-pt/noticias/mundo/est%C3%B3nia-chama-reservistas-para-exerc%C3%ADcios-militares/ar-AA12iTVP?ocid=msedgntp&cvid=d9ea0967f9184a48adf8ce147d604590
    "Estónia chama reservistas para exercícios militares"
    Mª R.

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    1. A situação dos países bálticos...

      Prognóstico reservado.

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  3. Depois de 3 sismos de magnitude 2-3 em 3 posições diferentes do NS 1 e NS 2, dá ideia que os nossos "aliados" parecem apostados em garantir que não há volta atrás na guerra pela hegemonia norte-americana. O palco está montado. E os desgraçados são os do costume...

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    1. Dado que o meu foco são conflitos energéticos, considero este evento uma situação gravíssima.

      A confirmar-se sabotagem (e tudo aponta para isso), a probabilidade de expansão do conflito acabou de aumentar.

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  4. Como bem diz, não temos recursos energéticos para sustentar a indústria em estado de guerra, mas os mesmos que estouraram hoje com os gasodutos e alimentam o vão esforço de guerra ucraniano, vão fazer de tudo para engordar à nossa conta. Como amigos assim, quem precisa de inimigos?

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    1. Infelizmente e como já tenho referido, da mesma forma que a Europa está a tentar ganhar tempo com a situação da Ucrânia, outros vão usar a mesma solução, só que desta vez atirando a Europa para a fogueira.

      A Ucrânia não está a chegar para abrandar a Rússia, é necessário algo maior.

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