quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Guerra Na Europa: Alemanha Ferida De Morte

 



Tenho estado a pensar no que aconteceu, há anos que acompanho a evolução energética, este blogue sempre se focou na importância da energia e o seu impacto geoestratégico/político e quanto mais penso mais acho que estamos perante um cenário catastrófico. Para a Alemanha e a seguir para todos nós europeus.

Arranjei mais um mapa para tentar explicar a minha visão e o porquê de considerar a situação catastrófica.


Este mapa mostra a capacidade europeia de receber gás natural líquido e os pipelines vindos da Rússia. Como se pode ver claramente a capacidade máxima de recepção de GNL na Europa, como um todo, é de 169.38 Bmc. Só os 2 Nord Stream têm a capacidade de 110 Bmc. Que neste momento ao que entendo, pode no máximo ser transportado 27 Bmc, porque parece que uma das linhas do NS2 não foi afectada. E mesmo isto não tenho a certeza.

Ora, podemos também ver no mapa que o pipeline Yamal que passa pela Polónia está sem passar e não se prevê que volte a passar. Na Ucrânia, estou convencido que muito em breve vai deixar de passar.

O mapa indica os países que têm capacidade de receber GNL e estão marcados a azul. A Alemanha não tem. E todos os países na Europa Central sem acesso ao mar, não podem naturalmente ter.

A Alemanha não tem gás suficiente para o Inverno e não tem como o receber de forma autónoma. A Alemanha terá que restringir o gás para a Indústria ou a sua população vai sofrer. Ou de outra forma, a Alemanha tem que parar de produzir seja o que for.

Alguém decidiu acabar com a Alemanha tal como ela existe. Sendo a Alemanha um dos pilares da UE, podemos estar a falar do fim da UE e do fim do euro, para não falarmos da hipótese cada vez maior dos países europeus serem arrastados para a guerra.

Outubro possívelmente será um mês crítico para se ver o que vai acontecer. Vamos já assistir amanhã ao reconhecimento por parte da Rússia da integração dos novos territórios.

A partir de 1 de Outubro, a guerra vai tomar outros contornos (e muito mais violentos), porque a Ucrânia estará numa perspectiva russa, a atacar solo russo.

A Alemanha vai ficar em dificuldades em breve, mas se calhar até isto será um pormenor caso a guerra se alastre.

Entretanto a inflação na Alemanha, já está em aceleração e ainda não está reflectido a sabotagem dos gasodutos.

Inflação na Alemanha atinge valor mais elevado em 70 anos

A inflação na Alemanha atingiu os dois dígitos em setembro, algo inédito desde a criação do euro, tratando-se do valor mais elevado em 70 anos. O índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) subiram 10,9% face ao mesmo mês do ano anterior, ultrapassando as previsões dos analistas e o valor registado em agosto, 8,8%. Já o índice de preços no consumidor (IPC) registou um aumento de 10%...


Tenho estado a aguardar declarações de Scholz específicas acerca da sabotagem, mas pelo que vejo, ainda não disse nada e nem imagino como deve estar os bastidores. Alguém atacou e condenou a Alemanha a uma morte lenta. Há decisões críticas a tomar.

Espero estar enganado mas esperam-nos tempos muito difíceis.

E a Alemanha, e se calhar outros países, vão ter que tomar decisões em breve. Decisões de vida ou de morte.




P.S - Aquele mapa lá em cima, estava a guardá-lo para um post, onde iria indicar que a Rússia não tem necessidade de enveredar pelo nuclear, mesmo contra a Europa. Por cada terminal GNL naquele mapa, 2 mísseis hipersónicos. Não são precisos muitos e não deverá haver nenhuma arma disponível que os possa interceptar.

Não podemos esquecer, que ao contrário dos EUA e Rússia, a Europa está esgotada energéticamente. Alguns mísseis e a Europa ficaria num caos tal é a sua dependência de energia vinda do exterior. 

Mas estes pensamentos ficarão para um próximo post, mais perto do lançamento novo navio a propulsão nuclear que a Rússia possivelmente vai ainda lançar este ano com capacidade de levar não uns 8 como os actuais que têm estado a actuar na Ucrânia e no passado na Síria, mas uns 80 mísseis hipersónicos.

É olhar para o mapa e imaginar um navio destes a passar pela costa europeia.

11 comentários:

  1. O mapa é deveras interessante. Além deste cenário bem complicado que afecta toda a UE, temos aí Nuestros hermanos em clara vantagem, e não sei se já reparou, eles já nos pressionam, agora é através da água. Ou seja, além de toda esta complicação, este cantinho à beira-mar plantado pode vir a ter novamente sérios problemas com o nosso único vizinho.
    Não sei se sabe, mas depois do episódio com o líder da Frente Polisário que criou um grande mal-estar entre ES e Marrocos (este último quer reaver Ceuta, Melila e até as ilhas Canárias), agora esta Frente virou-se para PT e tem já saído algumas notícias em que esperam que o nosso país consiga mediar este conflito em modo suspenso.
    A coisa está a complicar-se aqui para os nossos lados e em várias frentes.
    mª r.

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    1. Sim, há várias situações que se estão a agravar e muita coisa vai depender das mudanças que se avizinham e prometem ser grandes. Muito grandes.

      A entrada do Mediterrâneo todo ele poderá ficar em ebulição, tal a importância do mesmo.

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    2. Muito sinceramente, esta é a pior altura para termos problemas com os nossos vizinhos, como se não bastasse tudo o que já temos. Seria lamentável que voltássemos a um confronto mais directo.... Melhor seria tentar uma espécie de join force ibérica, no sentido estratégico e geopolítico. Já temos problemas que cheguem, mas infelizmente, parece que não.
      mª r.

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    3. Esse mapa também mostra uma coisa interessante. A Espanha é de longe o país que mais bem preparado está para receber GNL. De longe.

      Umas das perspectivas que podemos analisar é que agora que a Espanha tem alternativas sérias ao gás argelino, as coisas azedaram com estes.

      Mas parece-me que os espanhois não contaram com a instabilidade que pode acontecer no GNL que ao contrário dos pipelines, os navios podem (e são) desviados para quem pagar mais.

      A Argélia tem muitas ligações com a Rússia e está a ser armado por estes.

      E Marrocos tem ultimamente recebido sérios apoios dos americanos.

      Tenho aqui no blogue uns posts sobre isso. Pesquise por Marrocos ou Argélia.

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    4. "Muito sinceramente, esta é a pior altura para termos problemas com os nossos vizinhos..."

      Acho que com a gravidade de situações com potências de maior envergadura, acho que algumas coisas vão ficar em banho maria. Penso que vai ser deitada alguma água na fervura.

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    5. Eu sei ;-) e já os li, mas isso não parece alterar o possível aumento de tensão na nossa península. Insisto, é de lamentar que tal cenário seja possível.
      Outra questão, talvez seja somente impressão minha, mas tem havido uma aproximação de cariz geopolítico entre o Norte de PT e Galiza. Será que estão a preparar alguma?
      Isto está a ficar muito complicado e confuso.

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    6. "...Será que estão a preparar alguma?..."

      Penso que não. Poderá haver quem pense em algo mas... daí a haver algo... Não vejo a coisa assim.

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    7. Deus lhe ouça. Agora lembrei-me de uma coisa, se a capacidade industrial da Alemanha for pelos ares, como vai ficar a AutoEuropa? O que será da margem Sul sem aquela empresa? Já para não falar do seu peso na nossa economia, agora que o turismo levou um grande tombo.
      mª r.

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    8. Diria que numa fase inicial, será muito interessante para a AutoEuropa, porque as empresas alemãs vão tentar desviar a produção para onde podem numa tentativa de diminuir o impacto.

      Depois...

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  2. Parece que a Alemanha já decidiu quem foi o culpado:
    Edição Bloomerg online
    "Germany Implies Russia to Blame for Damage to Gas Pipelines
    German Economy Minister Robert Habeck implied that Russia is to blame for explosions that caused extensive damage to the two Nord Stream gas pipelines in the Baltic Sea, in the clearest statement yet by a European leader implicating the Kremlin."

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    1. Diria que haverá muita gente no governo que não quer dizer, nem ouvir falar de outra hipótese.

      Mas para mim, o que importará, é uma declaração oficial de Scholz sobre o assunto.

      Porque quando isso acontecer, podemos dizer que a Alemanha terá que responder a um acto de guerra praticado por esse país que Scholz anunciar.

      Estamos a assistir a algo grande, muito grande.

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