De Certeza Que Está Tudo A Correr Bem?

 

As coisas não parecem estar a correr bem. Ou então eu estou a ver isto mal, muito mal. Porque de acordo com a imprensa, a Rússia está em sérias dificuldades com toda a pressão que o Ocidente está a causar e com a capacidade de resposta que a Ucrânia está a demonstrar.

Mas eu procuro dados estatísticos, declarações que vão saindo, e há coisas que não sei como se consegue "não ver", pelos opinadores e fazedores  de opiniões da nossa praça.

Vamos cá a ver, por exemplo os EUA, que vão ter eleições daqui a menos de um mês e onde me parece que Biden está muito, muito desconfortável com o que poderá sair dali:

US inflation rises more than expected in September

Consumer prices in the US rose more than expected last month in a sign that the inflation fight in the world's largest economy is far from over.

Inflation, the rate at which prices rise, was 8.2% in the 12 months to September, down from 8.3% in August.

Despite the fall, the figure was still higher than forecast.

Inflation in the US is being closely watched as the US central bank's efforts to tame the problem push up the dollar and global borrowing costs.

The rate is well above the central bank's 2% target and means the Federal Reserve is likely to continue to keep raising interest rates in an attempt to cool rising prices...

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Biden está obviamente em sarilhos, pois já se prevê mais subidas de taxas de juro, mais dinheiro e armas para a Ucrânia, mais aumentos e como se não bastasse, um paiseco como a Arábia Saudita tem o descaramento de o entalar, com os cortes de produção de petróleo anunciados da OPEC+, mesmo antes das eleições de Novembro e apesar do "aconselhamento" americano e não fazer nenhum tipo de corte.

Aborrecidíssimos, fazem declarações que são uma pérola. E às claras.

EUA acusam Arábia Saudita de apoiar Moscovo

John Kirby disse que os EUA não querem que nenhum Estado ajude Vladimir Putin na sua guerra à Ucrânia.

O governo dos EUA considerou hoje que a Arábia Saudita está a apoiar económica, moral e militarmente a Federação Russa com a sua decisão da semana passada, tomada no âmbito do OPEP+, de reduzir a produção de petróleo.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse durante um encontro com jornalistas que os EUA não querem que nenhum Estado ajude Vladimir Putin na sua guerra à Ucrânia, seja com apoio moral, militar ou económico.

"E a decisão do OPEP+ (grupo que junta os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo com dez aliados, como a Federação Russa) foi certamente apoio económico e diria que, inclusive, cai na categoria de apoio moral e militar, porque permite (a Putin) continuar a financiar a sua máquina de fazer a guerra", disse.

Os sauditas recusaram hoje as críticas que a "acusam de alinhar" contra os EUA, depois de a recente decisão do OPEP+ de reduzir a oferta petrolífera e afirmou que aquelas "não se apoiam em factos".

A decisão de reduzir a oferta petrolífera em dois milhões barris por dia, tomada na semana passada pelo OPEP+, levou a Casa Branca a anunciar que vai rever a sua relação com Riade...

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Há aqui um parágrafo interessantíssimo:

"O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse durante um encontro com jornalistas que os EUA não querem que nenhum Estado ajude Vladimir Putin na sua guerra à Ucrânia, seja com apoio moral, militar ou económico."

Isto bate exactamente na importância da votação da ONU, onde os EUA e nós, Europeus, tentamos demonstrar ao mundo inteiro o quanto a Rússia está isolada.

A Rússia curiosamente solicitou (e foi negado), que o voto fosse secreto. Porquê? porque exactamente pela postura que aqui claramente os EUA demonstraram. Quem se atrever a ir contra os EUA, irá certamente sofrer represálias.

Portanto, a votação da ONU não está a correr tão bem assim. A votação não é representativa da real opinião dos países, porque muitos não se atrevem a pisar a linha traçada pelos os EUA. E daí achar sempre interessante, não os que apoiam a Rússia, mas os que têm a coragem de se abster.

Votação da agressão contra a Ucrânia em Março

Votação da anexação de territórios ucranianos

A situação está igual, com muito pequenas alterações. Pesos pesados como a China e a Índia que muita pressão tem sido exercida para que não faça negócios com a Rússia, além de os estar a fazer, não condenam a Rússia.

A Arábia Saudita, condenou a Rússia nas duas votações, mas mesmo assim não escapa à ira americana. Isto porque não pode haver nenhum tipo de apoio, seja ele moral, militar ou económico.

O que mostra perfeitamente, que muitos países simplesmente votam sob coação e depois na realidade prosseguem com as suas relações com a Rússia.

Outro exemplo?

A Turquia, um membro da NATO, que alberga bombas nucleares americanas, votou contra. Há 2 dias atrás votou contra.

Hoje estamos assim:

Putin e Erdogan encontram-se. E o que nós europeus fazemos quanto isto? o mesmo que os americanos, pressão.

EU warns Turkey on ties with Russia ahead of Erdogan-Putin meeting

The European Union is concerned with Ankara’s continued policy of non-alignment with restrictive measures against Russia and increased trade and financial relations with Moscow, the European commissioner for enlargement said Wednesday...

Ankara has also decided to increase trade and financial relations with Russia … and signed a memorandum of understanding.” 

Ankara’s continued policy of not aligning with restrictive measures against Russia is of concern due to the free circulation of products, including dual-use goods, within the EU-Turkey Customs Union,” he added...

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Mais "advertências". Nós, que não conseguimos parar de comprar gás e petróleo aos russos, que recebemos gás russo via Turquia, vamos dizer a estes que não devem fazer negócios com eles.

E com quem Putin se encontrou no dia anterior?

Heads of UAE and Russia meet in St Petersburg days after OPEC+ cuts oil production

Russian President Vladimir Putin has met his United Arab Emirates counterpart in St. Petersburg.

The move comes days after OPEC+ decided to cut global oil production by two million barrels per day...

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O homem tem a agenda cheia. Imaginem se não estivessem isolados...

Curiosamente ninguém tem problemas com isto:

SpaceX capsule heads to the ISS with a Russian cosmonaut and NASA crew on board

 

A SpaceX rocket has blasted off from Florida, carrying the next long-term International Space Station crew: a Russian cosmonaut, two Americans and a Japanese astronaut. 

It’s the first time in 20 years a spaceflight carrying a Russian launches from US soil, in a show of ongoing cooperation in space despite tensions over the war in Ukraine...

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Será que alguém acha que esta boleia é porque estão com pena da cosmonauta que também deve estar a precisar de boleia e subnutrida como os soldados que andam na Ucrânia...?

Se calhar muita gente acreditaria que sim...

Palavras para quê, faz o que te digo, não faças o que eu faço.

E por falar em soldados subnutridos e as dificuldades crescentes da Rússia com a guerra e as sanções ocidentais, coloco aqui um excerto de um artigo que saiu no economist para reflexão:

As Europe falls into recession, Russia climbs out

These days Russians do not have much to boast about, so they take what they can get. Social-media trolls are posting videos, intended for European audiences, showing gas stoves left on full blast. What might cost hundreds of euros in Berlin comes to a few roubles in Moscow. The taunting is childish, but it hints at a deeper truth: the economic war between Russia and the West is at a delicate moment. While Europe teeters on the brink of recession, Russia is emerging from one...

...the recession has probably now come to an end. Many doubt official gdp data, but it is possible to get a sense of activity from a range of sources. Goldman Sachs, a bank, produces a “current-activity indicator”, which follows how economies are doing month to month. The data suggest Russian activity is livelier than in other big European countries (see chart). A spending measure produced by Sberbank, another bank, wobbled following the mobilisation decree but has since edged up. Output in the car industry, which a few months ago had practically fallen to zero, has also bounced back, suggesting producers have obtained supplies from outside the West. In dollar terms Russia’s monthly goods imports now almost certainly exceed last year’s average...

... In its recent forecasts, the imf upgraded Russia’s prospects for 2022. In April it thought that Russian gdp would fall by 8.5%. It now expects a decline of 3.4%. This is nothing to gloat about, but it is manageable. Indeed, the data suggest Russia will be able to maintain its military spending...

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Resumindo...

De certeza que está tudo a correr bem...?