Em Abril, tinha colocado um post (Rússia, A Votação Na ONU) sobre o "isolamento" da Rússia. Chamando a atenção de que a situação não é tão simples assim.
Esta questão torna-se de novo pertinente, com a questão dos referendos dos territórios ucranianos para a sua integração na Rússia.
Esta resolução agora foi levantada pelos EUA de forma a condenar a Rússia pelo referendo.
É claro que esta resolução não poderia ser aprovada porque a Rússia é um dos membros com poder de veto, todos sabem disso.
O interessante é ver como alguns dos 15 países, respondem.
India, China abstain in UN vote on Russia's 'illegal referendum'
Brazil, Gabon, India and China abstained on a draft resolution tabled in the UN Security Council which condemned Russia's "illegal referenda" and annexation of four Ukrainian territories and called for an immediate cessation of violence while underlining the need to find pathways for a return to the negotiating table...
... The resolution was not adopted due to Russia's veto. Albania, Britain, France, Ghana, Ireland, Kenya, Mexico, Norway, the UAE, and the USA voted in favor of the resolution, reports Hindustan Times.
The 15-nation UN Security Council on Friday voted on the draft resolution tabled by the US and Albania that condemns Russia's "organisation of illegal so-called referenda in regions within Ukraine's internationally recognised borders."
The resolution declares that Russia's "unlawful actions" with regards to the "illegal so-called referenda" taken on September 23 to 27 this year in parts of Ukraine's regions of Luhansk, Donetsk, Kherson, and Zaporizhzhya that are under Russia's temporary control can have "no validity" and cannot form the basis for any alteration of the status of these regions of Ukraine, including any "purported annexation" of any of these regions by Moscow.
The resolution failed to get adopted as Russia vetoed it. Of the 15-nation Council, 10 nations voted for the resolution while China, Gabon, India and Brazil abstained...
Este tópico é um pouco mais sensível, pois o referendo tem como objectivo apurar se vão ou não avançar com a anexação dos territórios que bate com a questão do respeito pela integridade territorial dos países.
E daí, ser na minha opinião, muito interessante ver quem se absteve. Ninguém esteve do lado da Rússia, o que é perfeitamente previsível, mas as abstenções...
A China continua a mostrar lealdade e apoio. Continuo a achar que a China é o maior aliado, apoiando de forma algo discreta mas com acções concretas. Nomeadamente a nível económico e não em questões militares.
A Índia é algo interessante. Ao manter-se neutro, confirma que não quer perder as ligações com a Rússia. Tanto a nível militar como a nível energético. E muito menos deixar a Rússia só com olhos para a China. Quem perde é os EUA, que tem tentado afastar a Índia dos russos, com pouco sucesso.
O Brasil... O Brasil é uma surpresa. Fiquei supreendido com esta abstenção. Nitidamente a questão do BRICS tem um peso maior do que previa. O Brasil não deu o seu apoio aos EUA, preferindo manter-se em "cima do muro". Os EUA não devem ter gostado. Os russos anotaram a coisa.
Curiosamente, dei início a este blogue em 2009 falando do Brasil e da Rússia. (Rússia vai entregar ao Brasil helicópteros de ataque este ano), focando a compra dos helicopteros MI-35 e ainda se falava na possibilidade do país adquirir Sukhois avançados, como o SU-35.
Mas a pressão foi muita, com os EUA irritadíssimos com Lula na altura que piscava demasiado o olho à Rússia.
Na altura os EUA reactivaram a sua 4ª frota em 2008, com o propósito de controlar a América do Sul. Afinal vários países nesta zona estavam a ficar muito simpáticos com a Rússia e a adquirar material militar a esta.
Fourth Fleet Sets Sail
The U.S. Navy officially reactivated its Fourth Fleet in Latin American and Caribbean waters on July 12, nearly six decades after it was disbanded. While the fleet’s goal involves humanitarian assistance and support for counternarcotics operations, its reactivation drew concern from some Latin American governments. With the goal of taming fears of U.S. military intervention in the region, the U.S. Navy reiterated their commitment on building regional relationships and what Chief of Naval Operations Adm. Gary Roughead described as the “interoperability” with partner navies and coast guard services...
Some Latin American leaders voiced their concerns over the new military initiative; Bolivian President Evo Morales and Cuba’s former President Fidel Castro speculated that the real intentions behind the fleet’s reestablishment involved exercising greater control over Latin America’s vast energy resources.
The United States responded with quick moves to quell such fears. After the administration of Argentine President Cristina Kirchner raised questions about the purpose of the fleet’s reactivation, U.S. Assistant Secretary for the Western Hemisphere Thomas Shannon traveled to Buenos Aires. During a joint press conference with Kirchner, he said that U.S. will inform Latin American countries on the fleet’s naval activities in a timely fashion, reports Mercopress.
During a speech at AS/COA’s Latin American Cities Conference in São Paulo last week, U.S. Ambassador to Brazil Clifford Sobel raised the fact that some had suggested the fleet could have more agressive purposes. “Let me be very clear. Let me use this forum to say it is not true,” asserted Sobel, saying the fleet will have no offensive capabilities.
Venezuelan President Hugo Chávez was among those who cataloged the Fourth Fleet’s activity in southern waters as a threat and ratified his support for the Council of Military Defense. However, his comments come as Venezuela appears prepared to step up its own weapons purchases. Chávez bought 24 Sukhoi air-fighters, an air defense missile system, and multiple attack and transport helicopters from Russia since 2005...
A nível de curiosidade, é na minha opinião que o Brasil foi impedido de adquirir os Sukhois SU-35, que penso que seriam a melhor opção pois faziam muito mais sentido adquirir para a dimensão do país, porque Chavez tinha comprado material russo avançado. Para os EUA era simplesmente demasiado perigoso ter a Venezuela e Brasil com armas sobre as quais não tinham nenhum controlo.
Também em 2022, foi anunciado que o Brasil ia retirar os MI-35, com os quais dei o mote de partida para este blogue.
Hum... em ano de eleições... e onde Lula pode voltar de novo?
Decididamente espera-nos algumas supresas nos próximos anos.
A Rússia está isolada...?
Não. Definitivamente não está. Por mais que se insista na nossa imprensa ocidental.
Nos entretantos, parece que os preços do petróleo vão subir (OPEP+ dixit) e parece que afinal o gasoduto NS2 pode ser reparado.
ResponderEliminarQuanto ao BR, pois... este país já estava predestinado a ser uma potência mundial desde que o nosso Dom João VI mudou a toda a corte PT para lá. Mas, outros valores mais altos se levantaram no hemisfério norte com o domínio do império EN que permitiu a ascensão de outro império, também inglês falante - EUA.
E como vê, mesmo com o Bolsan... BR decidiu pela abstenção. Pelos vistos já é indiferente quem seja o presidente.
mª r.
A possibilidade de reparação do NS2 é complicada.
EliminarE se o é tecnicamente, ainda por cima com a entrada do Inverno o mar torna-se mais complicado, politicamente é um verdadeiro imbróglio.
A Alemanha tem que expressar vontade de o reparar e utilizar. O que por si só já é complicado.
Se chegar aqui, é necessário o apoio dos países que têm nas suas águas os pipelines danificados, de modo a que as reparações sejam efectuadas.
Depois é preciso que se arranje embarcações especiais para este tipo de operações e que estão todas debaixo de sanções impedidas de tocar em pipelines russos, quem finalizou a construção foi a Rússia à custa do seu equipamento.
Se tentar usar o seu equipamento, mais desafios para ter autorizações.
Resumindo, se os Scholz quer gás russo, tem que se mexer e depressa. A quantidade de obstáculos é dantesco.
E no fim... se a ideia é ajudar os ucranianos e deixar de consumir gás russo...
Os alemães precisam de gás? Bem, os ucranianos estão a morrer.
Quem está em primeiro lugar?
Os russos vão estar simplesmente sentados e assistir ao que os alemães vão decidir.
Quanto ao Bolsonaro, como as coisas mudaram. Quando chegou ao poder, estava muito pouco receptivo à organização BRICS.
EliminarAs coisas foram mudando. É impossível, ou pelo menos pouco recomendável, que o Brasil vire as costas a esta organização.
Mais uma achega:
ResponderEliminarhttps://zap.aeiou.pt/submarino-nuclear-russo-com-6-poseidon-desapareceu-nato-em-alerta-500840
mª r.
Esse poseidon é uma arma muito assustadora.
EliminarUma arma nuclear automática com propulsão nuclear a andar sorrateiramente pelo mar.
Arrepia-me só de pensar numa coisa dessas em modo automático.
"A possibilidade de reparação do NS2 é complicada."
ResponderEliminarO NS1 e NS2 que foram afetados pela ação de sabotagem ficaram provavelmente inutilizados com o influxo de água do mar no interior dos gasodutos. Isso e qualquer hipótese de futuras negociações no curto e médio prazo entre alemães e russos. Estamos a ser atirados para a fogueira!
Houve umas declarações interessantes sobre o estado dos pipelines. A ver se faço um post sobre isso.
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