domingo, 9 de novembro de 2014

Rússia Afasta-se Da Europa


As recentes notícias fazem-me pensar que a Rússia está a desistir da Europa. O que é mau para nós Europeus. A cooperação entre a Europa e a Rússia seria positiva, onde ambos suprimem algumas das suas mais importantes necessidades. A Europa necessita de energia e muita, pois é um velho continente onde muita coisa já foi explorada, onde a produção energética nos moldes actuais só pode conhecer um caminho, o declínio. A Rússia por seu lado, aspira a um ambiente mais europeu e quer importar tecnologia e know-how de modo a recuperar as suas variadas indústrias. Posso focar alguns projectos importantes entre europeus e russos, como a cooperação espacial, tanto a nível de foguetes como em sistemas GPS,  fabricantes automóvel estão na Rússia a recuperar as fábricas russas, o Sukhoi SuperJet onde países europeus estão envolvidos, etc.
 
A Rússia não quer da Europa apenas dinheiro pela venda da energia, as pessoas estão a esquecer-se que o mundo precisa de energia e a Rússia tanto pode vender à Europa como a outros. A Europa tem sido um cliente especial, mas parece que em breve vai descobrir que tudo tem um preço, as nossas opções têm um preço a pagar.
 
Há algo que a Rússia não vai aceitar e a Europa recusa-se a ver isso. A Rússia quer vender toda a energia que puder à Europa, mas esta não pode avançar lado a lado com estruturas militares para perto das suas fronteiras. A Europa não pode andar de mãos dadas com a NATO em direcção às fronteiras russas.
 
A questão ucraniana, e a participação europeia nesta, parece estar a fazer com que a Rússia esteja a alterar os seus planos de longo prazo. A Rússia vai deixar de olhar para a Europa, a Rússia vai virar-se para a Ásia. O que é mau, porque, tal como a Europa, a Àsia está sedenta de energia e lá está o maior consumidor do planeta, a China.
 
A Europa está a empurrar a Rússia para a China e isto é mau, muito mau e o preço destas opções iremos descobri-las na próximas décadas.


 

Rússia e China fazem segundo acordo para fornecimento de gás
 
Rússia e China assinaram os termos para um acordo de fornecimento de gás pela chamada rota ocidental, meses depois que os dois países selaram um acordo de US$ 400 bilhões em que Moscou entregará à Pequim 38 bilhões de metros cúbicos de gás por ano.

O memorando de entendimento foi assinado entre a russa Gazprom e a estatal chinesa National Petroleum Corporation (CNPC), afirmou o governo russo em comunicado.

Sob os termos do novo entendimento, a CNPC também vai comprar 10% de participação na russa Vankorneft, que é uma subsidiária da maior petrolífera russa, a Rosneft.
 
 
Com este segundo acordo de gás, a Rússia coloca em perigo o fornecimento de gás para a Europa. A Europa que sempre diz que quer aumentar a sua segurança energética, conseguiu alienar o seu maior fornecedor energético. É obra. As implicações disto são gigantescas. A Rússia avançou definitivamente para a política de ter vários clientes e vai fazê-lo mais rápido que a Europa que diz que quer diversificação de fornecedores. Embora eu esteja plenamente de acordo com a necessidade de termos diversos fornecedores, nunca, mas nunca à custa da Rússia. os níveis de energia europeus são demasiado grandes para alianarmos um fornecedor gigante mesmo à nossa porta.
 
A decisão foi tomada, e este segundo acordo, mostra a brutalidade da realidade. São investimentos muito grandes, são valores de fornecimento muito grandes.  Vai ser aberto uma nova rota, um novo pipeline (Altai).
 

 
Esta estrutura vai ser montada rapidamente e dentro de muito poucos anos vamos ter uma nova perspectiva energética. A China, o maior consumidor de energia do mundo, será o maior cliente, do maior fornecedor do mundo. A Europa empurrou a Rússia para os braços da China...
 
Implicações? muitas. O consumo energético crescente europeu não poderá ser colmatado pela Rússia, pois esta estará ocupada a fornecer a China. Russos e Chineses não vão usar o euro nem o dólar nas suas transações. Não existe países de trânsito, as ligações são directas. Não há espaço para porta-aviões, ou seja, estamos numa zona do mundo, em que os EUA dificilmente podem intervir, as rotas de grande controlo são as marítimas, por onde passa a maior parte do tráfego, mas estas ligações são terrestres e directas.
 
Energia? A Rússia fornece.
Dinheiro? A China tem.
 
Europa, o que fomos fazer?

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