sábado, 13 de setembro de 2014

Ucrânia: Uma Punhalada Europeia Nas Costas


Presidente da Ucrânia, Viktor Ianukovitch, a Presidente da Lituânia,
Dalia Grybauskaite, o presidente do Conselho Europeu, Herman van
Rompuy, e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso

Esta foto é excelente para recordamos o assunto ucraniano. Esta foto foi tirada em Novembro de 2013, em Vilnius, quando a Ucrânia ainda não estava em guerra, quando o presidente era Viktor Ianukovitch, quando a Ucrânia tinha a sua integridade territorial intacta, quando não havia milhares de mortos, quando um avião civil não tinha sido abatido, quando várias cidades não estavam destruidas.
 
E o que se passava nesta altura? Ianukovitch não podia aceitar avançar com o acordo com a UE, devido à sua dependência da Rússia e esta não queria que o acordo fosse feito, devido às implicações futuras, como a adesão à NATO.
 
Como tal Ianukovitch recuou e não avançou com o acordo. Reacção da UE? é bom relembrar:

UE rejeita argumentos da Ucrânia para não assinar acordo de associação
 
O comissário europeu para o Alargamento, Stefan Fule, rejeitou, esta quinta-feira, os argumentos sobre os elevados custos para a economia ucraniana apresentados pelas autoridades de Kiev para não assinarem o acordo de associação com a União Europeia.
 
"As alusões aos eventuais enormes prejuízos para a economia ucraniana são infundadas e pouco convincentes", afirmou Stefan Fule, em declarações à agência russa Interfax, antes do início em Vilnius, Lituânia, da cimeira da Parceria Oriental da UE.

O comissário europeu admitiu ter dúvidas sobre a veracidade dos dados sobre os prejuízos que poderão provocar as medidas protecionistas que a Rússia ameaça impor se Kiev avançar com o acordo com os 28 Estados-membros.

"Ultimamente deparei-me com muitos números fantasiosos que interpretei como um sinal de pânico. Já no primeiro ano da aplicação preliminar do acordo de livre comércio, os exportadores ucranianos pouparam em taxas 500 milhões de euros e o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6,2% a longo prazo", salientou o representante comunitário.

Na semana passada, o governo da Ucrânia decidiu inesperadamente renunciar à assinatura de um acordo de associação e de um acordo de comércio livre com a UE.

A oposição acusou o governo de ter cedido à pressão da Rússia, que tinha claramente advertido Kiev das consequências comerciais de um acordo com a UE.
 

O primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, qualificou como "uma esmola para um mendigo" os 1000 milhões de euros de compensação que a UE ofereceu a Kiev.


Por sua vez, o presidente ucraniano, Viktor Ianoukovitch, afirmou, na terça-feira, que o país iria esperar por melhores condições antes de considerar uma eventual assinatura de um acordo. 

"Assim que atingirmos um nível que seja confortável para nós, quando coincidir com os nossos interesses, quando concordarmos sobre as condições normais, então poderemos falar da assinatura" do documento, disse então o chefe de Estado ucraniano, numa entrevista transmitida pelos canais de televisão do país.

O presidente ucraniano acusou a UE de usar esta oferta como um "rebuçado" para persuadir a Ucrânia a assinar um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), impondo uma subida dos preços do gás e do aquecimento para a população ucraniana e o congelamento dos salários e das pensões em troca de um empréstimo de 610 milhões de euros.

"Não seremos humilhados desta maneira. Somos um país sério
,

[...]
 
 
O que fez a União Europeia? EMPURROU, FORÇOU a Ucrânia, para uma situação insustentável. Hoje estamos a assistir às consequências da pressão europeia, sobre um país que estava debaixo de enormes pressões. Necessidades financeiras, pressão russa, pressão europeia, população dividida. A Ucrânia não estava em condições para cortar as ligações com a Rússia, a UE não oferecia garantias suficientes (dinheiro) para o país. A Ucrânia não podia abandonar o gás subsidiado, a UE não se ofereceu para pagá-lo. Resultado? A Ucrânia de hoje.
 
E agora depois de todo o mal feito à Ucrânia, o que decide AGORA a UE fazer?
 
Aplicação do acordo de livre-comércio entre a Ucrânia e a UE adiado para o final de 2015
 
O acordo de livre-comércio entre a Ucrânia e a União Europeia (UE), que deve ser ratificado na terça-feira pelo parlamento ucraniano, apenas entrará em vigor no final de 2015, anunciou hoje a Comissão Europeia.
 
A zona de livre-comércio era a principal medida económica prevista no acordo de associação entre a UE e a Ucrânia, assinado em junho. Até então, a Comissão tinha sempre assegurado que esta zona seria formada "rapidamente", mesmo de forma provisória, enquanto se aguardava a sua ratificação pela Ucrânia e pelos Estados-membros da União.

"Vamos adiar o acordo de livre-comércio para 31 de dezembro do próximo ano", declarou em conferência de imprensa o comissário europeu do Comércio, Karel De Gucht.

Hoje à tarde, este responsável reuniu-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Pavlo Klimkine, e com o ministro russo da Economia, Alexei Oulioukaev.
Por sua vez, o Presidente ucraniano, Petro Porochenko, afirmou em Kiev que o acordo de associação entrará em vigor a 01 de novembro, após a sua ratificação simultânea na terça-feira pelos parlamentos ucraniano e europeu.

Este acordo inclui em simultâneo uma componente política e outra comercial. Suscitou fortes críticas de Moscovo, que considera que a Ucrânia não pode dispor em simultâneo de laços comerciais privilegiados com a Rússia e a UE, como sucede atualmente.

"Isso permite-nos 15 meses para continuar as discussões (...) Chegámos a acordo para prolongar durante o mesmo período as medidas comerciais provisórias", que reduzem fortemente as taxas aduaneiras sobre certos produtos ucranianos com destino ao mercado europeu, explicou De Gucht.

Estas medidas provisórias decididas em março oferecem à Ucrânia importantes reduções dos direitos alfandegários numa série de produtos, permitindo segundo a Comissão uma poupança anual de 500 milhões de euros.
 
 
 
EU and Ukraine suspend trade pact
 
Ukraine and the EU are to delay the entry into life of a landmark free trade treaty for more than one year due to Russian concerns.
 
The trade pact was originally to enter into force on 1 November.
 
But following meetings between European Commission trade chief Karl De Gucht, Ukraine’s foreign minister, and Russia’s economy minister in Brussels on Friday (12 September) it will now be implemented on 31 December 2015.
 
Defending the deal, De Gucht told press it means Russia will not impose trade restrictions on Ukraine in the next 15 months.
 
...
 
Hundreds of people died in the “Euromaidan” revolution in February when Ukraine’s former leader decided not to sign it.
 
Thousands more died after Russia attacked Ukraine to stop it joining Western blocs.
 
One Ukraine-based EU diplomat told EUobserver the De Gucht news caused “shock, astonishment”.
 
He noted that European Commission head Jose Manuel Barroso and Ukraine president Petro Poroshenko had earlier the same day in Kiev spoken of ratifying the treaty on 16 September and implementing it on 1 November.
 
Barroso has on several occasions said Russia cannot have a veto on EU-Ukraine ties.
 
Referring to the De Gucht talks on Friday, he said they will “hopefully, [be] meeting some Russian concerns”.
 
[...]
 
 
 
Ou seja, agora que o caldo está entornado, é que a UE faz o que Ianukovitch fez há menos de um ano. O acordo não vai para a frente para já.
 
A Ucrânia de hoje é o resultado de uma política europeia desastrosa, feita por políticos arrogantes que acham que por serem europeus, são superiores, e que não precisam de ter em conta os interesses de outras potências.
 
Os danos são tão vastos, que ainda não se vislumbra como isto tudo vai acabar. O que é certo é que a Ucrânia, como país, está acabado e pode agradecer aos políticos europeus.

1 comentário:

  1. A Ukrania não deve só agradecer á Europa, mas também aos EUA, uma vez que controlam a Europa (onde está bem patente o caso do "Mistral").

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