domingo, 15 de janeiro de 2023

Há Falta De Munições Mas... Não É Na Rússia

 



Tem havido inúmeras notícias sobre a falta de munições (bom, pela notícias há falta de tudo incluindo os famosos mísseis que teimam em aparecer para contrariar a narrativa).

No entanto o que pretendo focar é mesmo a questão das munições.

Penso que um dos primeiros sinais de stress sobre munições, surgiu com as notícias em Novembro de que os EUA estava em negociações com a Coreia do Sul para comprar munições.

US plans to buy 100,000 rounds of artillery ammo from South Korea for Ukraine

The US intends to buy 100,000 rounds of artillery ammunition from South Korean arms manufacturers to provide to Ukraine, a US official said, as part of a broader effort to find available weaponry for the high-intensity battles unfolding in Ukraine.

As part of the deal, the US will purchase 100,000 rounds of 155mm howitzer ammunition, which will then be transferred to Ukraine through the US...


Esta notícia chamou a atenção. Os EUA estão a querer comprar munições no estrangeiro...?

O que se passa?

O que se passa, é que os EUA enganaram-se ao fazer as contas. Basta ver as afirmações de general americano em Março:

Russia about 10 days away from exhausting ammo, manpower: Former US Commander

Former US commanding general of the United States Army Europe, Lieutenant General Ben Hodges said on Monday that Russians are about 10 days away from reaching the “culminating point” . Once they reach there, the US commander said, the Russian troops will be "forced to stop their assault on Ukraine due to a lack of resources"...


Os EUA ficaram convencidos que isto iria ser uma guerra rápida, dado a "fraqueza" da Rússia. É assim que uma super-potência nuclear avalia outra...

De Março a Novembro, as certezas esmoreceram. O raio dos russos estava a gastar munições como se não houvesse amanhã. Todos os dias.

No inicio deste ano temos a seguinte declaração:

Russia Spends 20,000 Artillery Shells Per Day, Production Cannot Keep Up With Such Rates – Ukraine's Intelligence Chief

Daily spending of artillery ammunition by the russian army in Ukraine is roughly 20,000 rounds per day, said Kyrylo Budanov, Head of the Defense Intelligence of Ukraine on national television. But it becomes harder by day to keep up this rate, as the russian military industry cannot produce more shells that quickly, and the stocks are running low.

"The russians did not calculate that the war would last for a certain period of time...


De facto alguém não calculou o quanto poderia durar esta guerra, mas não foram os russos. 

Eu já tinha chamado a atenção para isto num post anterior (O Ataque À Polónia IV), o que os EUA encomendaram à Coreia do Sul daria para 5 dias ao ritmo da Rússia. Estamos há meses nisto e começa a ficar dificil esconder quem está com verdadeiros problemas de munições.

Navy secretary says US can’t maintain support for Ukraine if weapons makers don’t ramp up production

Navy Secretary Carlos Del Toro warned Wednesday that continued support for Ukraine will be difficult if weapons makers don’t ramp up production in the next six to 12 months. 

The comments came on the sidelines of the Surface Navy Association conference in Arlington, Va. Del Toro was asked to respond to remarks by Adm. Daryl Caudle, commander of U.S. Fleet Forces Command, that the U.S. Navy may ultimately have to decide between arming itself or the Ukrainians

Del Toro said the Navy wasn’t "quite there yet," but argued that the supply chain would be stressed if the conflict goes on for another six months...

Bem, alguém já começou a fazer análises e a coisa começa a ficar clara, clara no rico embróglio onde nos enfiaram a todos.

Rebuilding U.S. Inventories: Six Critical Systems

As the United States transfers massive amounts of weapons, munitions, and supplies to Ukraine, questions arise about the health of U.S. inventories. Are inventories getting too low? How long will it take to rebuild those inventories? An earlier CSIS commentary identified those inventories that are at risk as a result of transfers to Ukraine. This commentary continues that analysis by examining inventory replacement times. Most inventories, though not all, will take many years to replace. For most items, there are workarounds, but there may be a crisis brewing over artillery ammunition...



Uma imagem vale mil palavras. Basta ver o que foi fornecido à Ucrânia e o tempo que demora a repôr. E ainda nem fizemos um ano de conflito.

Do lado da Rússia? cada vez vemos sair mais navios, mas mísseis, mais submarinos, mais bombardeiros estratégicos, mais...

A Rússia está a fazer aquilo que disse que ia fazer no início do conflito, desmilitarização e desnazificação.

A coisa já extravasou as fronteiras ucranianas.

A Rússia está já está a atacar os stocks da NATO.

Para quê?

Para prosseguir com o seu ultimato de Dezembro de 2021.

A Rússia prepara o terreno para vir falar connosco...

7 comentários:

  1. "A Rússia prepara o terreno para vir falar connosco..."

    As duas explosões (palavras do Major-General Agostinho Costa) que destruiram parte de um gasoduto em território lituano já devem ter sido umas primeiras palavrinhas:

    [“Houve sons inesperados, parecia que aviões estavam a voar a baixa altitude”, descreveu em entrevista à LRT Radio Gintautas Gegužinskas, o mayor do distrito de Pasvalys.]

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    1. Duas explosões...?

      Quando e onde deu essa análise do Major-General Agostinho Costa?

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  2. Se não me falha a memória, foi no passado sábado na CNN Portugal.

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    1. Também referiu que o incidente aconteceu numa data importante para as relações russo-lituanas e que se comemora na Lituânia - Dia dos defensores da liberdade (13 de Janeiro).

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    2. Encontrei. Veja a partir do minuto três:

      https://cnnportugal.iol.pt/videos/podemos-estar-a-ver-nascer-um-movimento-subversivo-na-lituania/63c2a0770cf28f3e15c74aba

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    3. Exelente! poupou-me tempo precioso!

      Obrigado.

      Desconhecia o pormenor de ser duas explosões.

      Então é praticamente certo que foi sabotagem.

      Muito, muito interessante.

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