Confesso que não gosto muito de notícias com origem em fontes anónimas, pois é uma forma de as fabricar, mas o teor desta notícia faz-me pensar se terá algo de verdadeiro na sua origem pois eu penso que algo parecido esteja a ser "cozinhado" e faz sentindo ser entre Putin e Merkel. Qualquer que seja o desfecho da situação ucraniana, Putin e Merkel são alguns dos principais intervenientes na resolução do problema. A Rússia e a Alemanha possuem uma ligação estratégica a longo prazo muito forte, esse laço foi fortalecido com a ligação energética directa entre ambos. A Rússia garante energia para o motor da Europa, mesmo que exista convulsões , tal como está a acontecer agora na Ucrânia.
O Nord Stream foi um sinal importante, sobre o que a Rússia entende ser os seus parceiros de referência na Europa e os que lhe são problemáticos. A situação que existe hoje na Ucrânia, não seria possível, caso não existisse o Nord Stream. Um conflito num país trânsito do calibre da Ucrânia, colocaria em perigo o fornecimento à Alemanha. Hoje, isso não acontece. E quando o South Stream estiver em funcionamento, será possível á Rússia abastecer os países que considera parceiros e todos os países que ameaçam a Rússia (o eterno problema da NATO), necessitam de arranjar alternativas energéticas e que não serão baratas.
Dito isto, vamos à notícia que me chamou a atenção:
Land for gas: Merkel and Putin discussed secret deal could end Ukraine crisis
Germany and Russia have been working on a secret plan to broker a peaceful solution to end international tensions over the Ukraine.
The Independent can reveal that the peace plan, being worked on by both Angela Merkel and Vladimir Putin, hinges on two main ambitions: stabilising the borders of Ukraine and providing the financially troubled country with a strong economic boost, particularly a new energy agreement ensuring security of gas supplies.
More controversially, if Ms Merkel’s deal were to be acceptable to the Russians, the international community would need to recognise Crimea’s independence and its annexation by Russia, a move that some members of the United Nations might find difficult to stomach.
Sources close to the secret negotiations claim that the first part of the stabilisation plan requires Russia to withdraw its financial and military support for the various pro-separatist groups operating in eastern Ukraine. As part of any such agreement, the region would be allowed some devolved powers.
At the same time, the Ukrainian President would agree not to apply to join Nato. In return, President Putin would not seek to block or interfere with the Ukraine’s new trade relations with the European Union under a pact signed a few weeks ago.
Second, the Ukraine would be offered a new long-term agreement with Russia’s Gazprom, the giant gas supplier, for future gas supplies and pricing. At present, there is no gas deal in place; Ukraine’s gas supplies are running low and are likely to run out before this winter, which would spell economic and social ruin for the country.
As part of the deal, Russia would compensate Ukraine with a billion-dollar financial package for the loss of the rent it used to pay for stationing its fleets in the Crimea and at the port of Sevastopol on the Black Sea until Crimea voted for independence in March.
[...]
A spokesman for the Foreign and Commonwealth Office said they had no knowledge of such negotiations taking place. However, the spokesman said he thought it highly unlikely that either the US or UK would agree to recognising Russian control over Crimea. There was no one available at the German embassy’s press office yesterday.
Reaching a solution to the ongoing dispute is pertinent for the Germans as Russia is their single biggest trading partner. Under Ms Merkel, the Russo-German axis has strengthened significantly and, until the plane shooting, her government had been staunchly against punitive sanctions for commercial but also diplomatic reasons.
Such strong trade ties between the two countries have also served to strengthen Ms Merkel’s hand and the Russian speaker has emerged as the leading advocate of closer relations between the EU and Russia. “This is Merkel’s deal. She has been dealing direct with President Putin on this. She needs to solve the dispute because it’s in no one’s interest to have tension in the Ukraine or to have Russia out in the cold. No one wants another Cold War,” said one insider close to the negotiations.
Some of Germany’s biggest companies have big operations in Russia, which is now one of Europe’s biggest car markets, while many of its small to medium companies are also expanding into the country. Although Russia now provides EU countries with a third of their gas supplies through pipelines crossing the Ukraine, Germany has its own bilateral gas pipeline direct to Russia making it less vulnerable than other European countries.
However, Russia is still the EU’s third-biggest trading partner with cross-border trade of $460bn (£272bn) last year, and the latest sanctions being introduced by the EU towards Russian individuals and banks will hurt European countries more than any other – particularly Germany, but also the City of London.
[...]
Confesso que leio isto e faz sentido para mim que algo parecido esteja a ser falado. Afinal as verdadeiras negociações não estão no domínio público e este artigo faz-me pensar que estão a preparar algo, antes que chegue o Inverno.
O grande problema será reconhecer a Crimeia como parte da Rússia. Mas se a Alemanha der este gigantesco passo...
- Negociação para novo contrato de gás para a Ucrânia a preço especial, faz sentido.
- Garantias para a não adesão à NATO fazem sentido, (a Rússia já garantiu isto com a Crimeia)
- Aceitação por parte da Rússia, nos acordos económicos entre a Ucrânia e UE, fazem sentido, (o problema da Rússia, era o salto para a entrada na NATO)
- Compensação por perda da Crimeia faz sentido.
- Algum tipo de independência para as regiões separatistas, mesmo que dentro da Ucrânia, faz sentido.
Quem não quererá isto, serão países europeus, tipo Polónia, que querem mais aproximação aos EUA e NATO em detrimento da Rússia e os próprios americanos que lutam também contra a crescente aproximação da Europa à Rússia.
Falta ver também a reacção da Ucrânia, pois estes serão confrontados com estas decisões, e não lhes vai ser dado grande espaço de manobra, mas que alternativas têm eles?
Mas quem não quiser uma solução parecida com o que é falado nesta notícia, terá que fornecer alternativas, e eu não vejo alternativa sem negociar com a Rússia. Neste momento a Ucrânia, tem o gás cortado e está falida. QUEM quererá injectar rios de dinheiro, apenas para manter a Ucrânia a flutuar? não podemos esquecer a dimensão do país.
Vamos ver que mais notícias irão aparecer, sobre o que poderão ser as verdadeiras negociações que decorrem nos bastidores.
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