sábado, 25 de outubro de 2014

Ucrânia: A Fúria De Cameron

 
 
Vou fazer aqui um paralelismo entre Cameron e a Ucrânia, vou começar por Cameron:

Cameron recusa pagar mais 2,1 mil milhões para orçamento da UE
 
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, deixou nesta sexta-feira bem claro que o Reino Unido não pagará a contribuição adicional para o orçamento da União Europeia (UE), depois de se saber que Bruxelas vai exigir, já a 1 de Dezembro, mais 2100 milhões de euros ao país...
 
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"Há ajustes todos os anos, uma vezes pagamos um pouco mais e outras menos. Mas nunca aconteceu termos de pagar uma conta de 2000 milhões de euros", sublinhou.
E reiterou: "Não vamos de repente passar um cheque de 2000 milhões de euros. Isso não vai acontecer".
 
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Cameron citou o seu homólogo italiano, Matteo Renzi, que terá reagido à revelação dizendo: “Isto não é um número. Isto é uma arma mortífera”.
 
Pelo contrário, outros países têm direito a ser ressarcidos. É o caso da Alemanha e de França, que de acordo com o jornal britânico, receberão de volta 779,2 e 1016,3 milhões de euros, respectivamente.
 
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De acordo com o Financial Times, haverá abertura por parte da chanceler alemã, Angela Merkel, para reavaliar os montantes exigidos pela Comissão Europeia.
 
 
 
Vamos agora olhar para a Ucrânia:
 
Ucrânia. Kiev pediu 2 mil milhões de euros à UE para pagar gás russo
 
A Ucrânia pediu um empréstimo de 2 mil milhões de euros à União Europeia (UE) para pagar a dívida de gás à Rússia, anunciou hoje um porta-voz da Comissão Europeia.
 
O pedido, formulado durante uma reunião ministerial UE-Ucrânia-Rússia para resolver o diferendo sobre o gás, “vai agora ser avaliado em consultas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as autoridades ucranianas”, disse o porta-voz, Simon O’Connor.
 
Com base nessa avaliação, a Comissão “fará uma proposta ao Parlamento Europeu e ao conselho”, que representa os Estados-membros.
 
A Comissão “continua muito empenhada em apoiar a Ucrânia”, disse...

[Link]

Podemos ver claramente a fúria de Cameron ao ter que desembolsar mais de 2 mil milhões, afinal é uma quantia considerável.
 
Agora podemos extrapolar esta situação e pensar no seguinte, qual será a reacção dos europeus se chegarem à conclusão que vão ter que pagar o gás ucraniano? Com tantas medidas de austeridade internas, como justificar estes valores para pagar energia a um país, quando nós a pagamos bem cara?
 
E não vai ser um empréstimo, este dinheiro se fôr para a Ucrânia, não tem volta. Os ucranianos nunca o irão devolver, pois ainda será necessário mais.
 
E porque é que não estamos a conseguir chegar a um acordo na questão do gás? bem, parece que a UE não quer se chegar à frente com o dinheiro, e exactamente por isto, a reacção dos europeus quando se souber o que vamos fazer.
 
Também podemos pensar em algo mais. Será que os ingleses vão fazer as contas ao ver que a Ucrânia pede à UE 2 mil milhões e o que a UE pede aos ingleses são 2.1 mil  milhões? Ou seja, quem vai pagar a factura do gás ucraniano?
 
A Europa vai pagar as opções que tem andado a fazer na Ucrânia bem caro, os custos monetários nos próximos anos e políticos vão ser de monta.

2 comentários:

  1. PortugueseMan,
    Qual é a opinião dos portugueses que você conhece sobre o assunto? Repetem a versão oficial da mídia, Ucrânia/EU não cometeram nenhum erro e Putin é o diabo, ou conhecem a diversidade de cultura/aspirações na Ucrânia? Pergunto isto porque este imbróglio pode ter uma das duas consequências para a UE:
    a) Os europeus chegaram à conclusão que a Rússia é o diabo e querem anexar de Lisboa até Vladivostok. Ora, se a Rússia é uma ameaça, além de reforçar a NATO, é fundamental reforçar tb a UE. A UE seria uma proteção contra os russos. Consequência: a partir de agora, a UE vai ficar ainda mais forte, e a integração tende a se aprofundar.
    b) A Rússia comete seus erros, mas não é uma ameaça para a Europa Ocidental. A UE está fazendo uma má política exterior, prejudicando os interesses nacionais de seus membros. Consequência: a legitimidade da UE fica comprometida.
    Em suma, vc acha que isto tudo vai aumentar ou diminuir a legitimidade da UE, perante os europeus ocidentais? Qto aos do leste nem pergunto, pq sei que eles têm razão para temer a Rússia, daí a UE é uma boa ideia.
    Desde já agradeço a atenção

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  2. Caro BrazilianMan,

    Peço desculpa por resposta tão tardia, mas por motivos profissionais, não tenho conseguido dar muita atenção ao blogue.

    A minha percepção sobre o que a maioria dos portugueses tem sobre este assunto, é o que está reflectido na imprensa. O apontar do dedo à Rússia, o apontar do dedo a Putin.

    Seja como fôr, não vejo que se considere que a Rússia seja uma ameaça para a Europa em si.

    A UE enfrenta sérios problemas internos, o que de certa forma coloca de lado a questão Russo/Ucraniana. Existem muitas questões no seio da UE, a Rússia é apenas uma delas e empolada apenas por algumas nações, porque outras continuam a ter ligações importantes com esta.

    Penso que para a UE num todo, a Rússia não é uma ameaça, mas haverá sem sombra de dúvidas, vários pontos de tensão, praticamente todos nos países mais próximos à Rússia.

    E claro, temos a questão da Crimeia. A Rússia anexou este pedaço de território e existe um preço a pagar. Parte desse preço, será o aumento da desconfiança por parte dos europeus, das movimentações/intenções russas. Um preço grande a pagar porque na minha opinião a Rússia tem-se esforçado por se aproximar à UE.

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