quarta-feira, 29 de outubro de 2025

O Míssil II

 


Sensivelmente há um ano atrás, escrevi sobre um outro míssil (O Míssil), e quero falar sobre um e aparece logo um outro. Estou claro, a falar da hipótese (a meu ver mais que remota) da entrega dos tomahawk aos ucranianos e do novo míssil russo que foi agora anunciado.

Ambos os mísseis têm muito impacto, cada um à sua maneira.

Vamos começar pelos Tomahawk. Muito se tem falado acerca deles, mas nunca vi sobre a perspectiva que tenho. O porquê de não poderem ser entregues aos ucranianos.

Uma vez mais voltamos à questão dos tratados e batemos no mais importante, aquele que considero que foi a gota de àgua para os russos. O tratado INF e que já falei dele por aqui ( Os 4 Tratados Do Apocalipse IV ).

Eu vou colocar uma parte do que escrevi na altura e que diz exactamente o porquê de não poder ser entregue.

... O Tratado INF (Intermediate-Range Nuclear Forces) entrou em vigor em 1987 e obrigou à destruição de mísseis baseados no solo ou mísseis de cruzeiro e que tenham capacidade para atingir alvos a mais de 500 Km's e a menos de 5.500 km's. Dito de outra forma, ficariam apenas os mísseis até 500 km, ou os mísseis a partir de 5.500 km's...

Os mísseis Tomahawk tem um alcance de 2.500 km's, ou seja, estes mísseis a partir de solução terrestres estavam proibidos por tratado. É esta a razão porque para este míssil só existe a versão naval. Podem ser lançados de navios ou submarinos. Mas não podem ter a opção de ser lançado via terrestre.

Os EUA avançarem com esta solução, mesmo que não fosse para dar aos ucranianos, seria a indicação de que abandonaram em definitivo o tratado, algo que ainda não está claro que tenha sido feito por alguma das partes. Ainda não existe de forma clara uma arma que esteja fora deste tratado.

A versão deste míssil lançado por terra, é algo que não está bem claro. A sua produção foi interrompida em 1987 com a entrada do tratado INF e retomada em 2019 pelo abandono do mesmo. Mas existe uma produção clara desta solução? Continuo a achar que não, porque EUA e Rússia andam a meu ver a discutir todas estas questões de uma forma discreta.


Tomahawk versão terrestre

E aqui, mudo um pouco o que disse sobre o míssil russo (
oreshnik) de que falei no post anterior. 

... Esta arma, não seria possível a sua existência com o tratado INF, exactamente o tratado abandonado pelos EUA e que eu considero que foi a gota de àgua para os russos. Relembrar em (Os 4 Tratados Do Apocalipse IV)... 

Interrogo-me se esta nova arma cai dentro dos limites do tratado, ou se está encostado a esses limites. Da mesma forma que existe uma outra arma, esta extensivamente usada na Ucrânia que deverá estar para breve o anúncio da ultrapassagem dos limites. Estou a falar dos mísseis Iskander que são considerados temíveis, mas que estão limitados a 500 km's. Uma vez mais por causa dos limites do tratado.


Iskander


Russia’s New ‘Iskander-1000’ Ballistic Missile Boasts Doubled Range and Greater Accuracy

Multiple sources have reported that Russia is close to beginning serial production of a new derivative of the Iskander-M ballistic missile system, the official designation of which has not been confirmed. The new missile is expected to double the 500 kilometre range of the original system both by using a new more efficient engine, and by increasing fuel carriage by an estimate 15 percent. The resulting 1000km projected range has led the system to be colloquially dubbed the Iskander-1000. The first significant indications that the new missile class may be under development emerged in May 2024 in a video commemorating the 78th anniversary of the Kapustin Yar missile test site. The missiles have been speculated by Russian sources to be intended for deployment in Russia’s westernmost territory of Kaliningrad which would place it in range of targets across much of Central and Western Europe as well as the Baltic Sea. The Iskander-M is relied on heavily by Russian forces to provide an asymmetric counter to NATO’s much larger conventional forces, with its combination of high mobility, high precision, a diversity of warhead types, and a complex trajectory that is difficult to intercept, making it a highly valued asset. Its 9K720 ballistic missiles were restricted to a 500km range due to the Intermediate Range Nuclear Forces Treaty, which the United States withdrew from under the first Donald Trump administration. The longer range new Iskander system is expected to benefit from the same features as the original... 

[Link] 

Uma vez mais a referência do tratado INF e a sua limitação dos 500 km's. Uma versão do Iskander para os 1000 km's e que este seja colocado em Kaliningrado, o panorama muda e muito na Europa.


Fiz um esboço, onde a amarelo é a actual distância que um Iskander é capaz de chegar, lançado de 3 locais, Kaliningrado, Crimeia e São Petersburgo. A vermelho, a nova versão de 1000 km's. O panorama muda e muito. A actual versão não cobre todo o território da Polónia e não chega à Roménia. A nova versão? Uma imagem vale por mil palavras. Chega à Alemanha e Roménia. Mais, os novos membros da NATO também são "premiados" e passam a ser alvos onde um Iskander pode chegar. Tudo devido ao abandono de um tratado.

Mais, como o artigo indica, este tratado foi abandonado por Trump na sua primeira administração. Agora está a ver o potencial resultado das suas opções. Vamos a ver que decisões vão ser tomadas.

E com isto chegamos ao novo míssil russo. Onde a grande novidade é que é de propulsão nuclear. E com isto permite estar uma enorme quantidade de tempo a voar, diria que vários dias. O último teste efectuado foi anunciado 15 horas e 14 000 km's. Apenas com este tempo permite chegar a qualquer ponto do planeta. Qual a vantagem de uma arma destas? deslocar-se sorrateiramente a baixa altitude e iludir os sistemas de detecção. Esta arma pode sair da Rússia, ir ao Polo Norte, descer em direcção ao Atlântico, virar para as Caraibas e depois subir. Ou ir ao Pólo Sul, subir pelo Pacífico e atacar pelo outro lado. Os EUA não tem sistemas de detecção optimizados para ataques deste tipo. Estão optimizados para ataques vindos de ICBM's, ou bombardeiros a alta altitude que lançam mísseis de cruzeiro. Este? vai a 100 metros ou menos e em rotas improváveis. Muito difícil de ser detectado.

Além da questão do míssil, existe algo que considero deveras importante. A Rússia tem motores nucleares de pequena envergadura. Onde é que podem ser usados? Penso que vão aparecer novas soluções usando este tipo de motores. E estou a pensar principalmente no espaço.

Estamos a assistir a grandes mudanças neste mundo.

E infelizmente vejo a Europa a ficar numa posição bastante delicada com o seu futuro comprometido.



P.S. Semeia-se ventos...


BMW já sente impacto da nova crise dos chips na Europa

 


Uma nova crise de chips está se formando no mundo automotivo. Após o caos causado pela pandemia de Covid - com linhas de produção paralisadas e modelos sem vários equipamentos - o espectro de um novo congelamento no fornecimento de semicondutores está ressurgindo. No centro dessa nova emergência em potencial está a Nexperia, um grupo com sede na Holanda e um dos principais fornecedores mundiais de chips automotivos.

Desde 2010, a Nexperia é controlada pela Wingtech Technology da China, e foi justamente essa participação acionária que disparou o alarme na Holanda. Em 30 de setembro, o governo holandês, graças a uma lei especial semelhante ao Golden Power da Itália (que permite que o Estado intervenha em operações financeiras e industriais para salvaguardar o interesse nacional) e que remonta à era da Guerra Fria, assumiu efetivamente o controle da Nexperia.

Uma medida que não agradou nem um pouco a China: Pequim reagiu bloqueando a exportação de chips Nexperia de suas fábricas chinesas, agravando uma situação já delicada. Na frente oposta, os Estados Unidos já haviam colocado a Wingtech na lista negra do Departamento de Comércio, temendo uma transferência de tecnologia sensível para uso não civil...

 [Link]


... colhe-se tempestades. 


A Europa conseguiu o feito de querer entrar em guerra com a Rússia, pagar aos EUA as armas e agora um braço de ferro com a China.

Sim, a Europa está a meter-se num buraco de onde não poderá sair.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Mais Um Passo Para O Precipício X

 



Vou falar mais um pouco sobre este tema.

Penso que muitos europeus já devem estar a achar que algo não bate certo com o que ouvimos vindo dos nossos políticos, da nossa imprensa, dos nossos "especialistas".

Afinal, por esta altura, toda a gente "sabe" que a Rússia já perdeu quase um milhão e meio de homens (mas ninguém sabe dizer as perdas dos ucranianos), toda a gente já percebeu que afinal a Rússia tem mísseis (muitos) e os drones, já toda a gente percebeu que cada vez produzem mais (ninguém fala de quantos electromésticos ucranianos necessitam de roubar para conseguir abastecer tanto drone).

Também, muita gente se deve estar a interrogar quando é que a Rússia implode económicamente, afinal, de acordo com muita gente, a coisa está iminente. 

Também muita gente deve estar a coçar a cabeça, Putin teve recepções brutais tanto de Trump como de Xi. Nenhum político europeu teve alguma vez tamanha atenção. Nem de um, nem de outro.





E qualquer uma das fotos diz muito. E muito, é dizer pouco.

Muitos europeus devem estar a começar a perceber, que a nossa importância no mundo está a diminuir. E está de facto.

Mas que fazem os nossos líderes? Dão a ideia de que querem se preparar para uma guerra com a Rússia.

Bem, a Rússia está efectivamente a preparar-se para algo maior. E este é mais um post sobre isso.

Enquanto se espera que a economia russa se desintegre com as fantásticas sanções que os europeus não se cansam de criar, eles lançam novos submarinos nucleares. Recentemente a marinha russa recebeu mais um submarino nuclear da classe Borei, equipado com mísseis intercontinentais.





Mas não só, lançam também um novo submarino nuclear da classe Yasen equipado com mísseis de cruzeiro para testes o que significa que em breve será outro disponível para a marinha russa.



Uma vez mais vou relembrar esta imagem, que já usei anteriormente, onde estão assinalados a verde os modelos que estou a referir.



E volto a dizer: O único modelo de submarino que está a ser usado na Ucrânia, é um submarino a diesel e que está assinalado a vermelho. Todos os outros tipos de modelos, estão reservados para coisas maiores. E não é preciso pensar muito para perceber o que serão essas coisas maiores.

E não se ficam por aqui. Está em testes o maior navio de superfície (que foi completamente modernizado), únicamente ultrapassado por porta-aviões. 




Este navio, sózinho, tem um potencial ofensivo de atacar não um país, mas sim um Continente. E não se ficam por aqui, é impossível de perceber o que estão entregar para a força aérea, mas os anúncios são constantes de mais aviões entregues.



A Europa? de cabeça perdida porque entraram 19 drones no quintal. Continuamos a ter uma postura que nitidamente vai comprometer o nosso futuro. 

A Rússia está a demonstrar uma capacidade impressionante, seja por que perspetiva fôr. Está a conduzir um conflito de alta intensidade, pressionada em várias frentes, uma economia a ser testada continuamente e no entanto estão a construir e a desenvolver todo o tipo de armamento, alguns únicos. 

Os europeus têem que perceber onde os nossos políticos nos estão a conduzir. Solo europeu pode ser usado para medições de forças entre americanos e russos. Nós somos os principais interessados em garantir que isto não aconteça.

Estamos em contagem decrescente.



Post anterior:

Mais Um Passo Para O Precipício IX



P.S. Economia

O post anterior tinha sido sobre a economia. Entretanto mais uns detalhes interessantes:


Banco Central da Rússia baixa a taxa de juro diretora para 17%

O Banco Central da Rússia decidiu esta sexta-feira (12 de setembro de 2025) reduzir as taxas de juro diretoras, para 17%, o terceiro corte da taxa de referência desde o máximo de 21% atingido entre outubro de 2024 e junho de 2025.

A entidade dirigida por Elvira Nabiúllina indicou que manterá condições de financiamento "tão ajustadas quanto necessário" para devolver a inflação à meta de 4% em 2026.

Nesse sentido, precisou que as futuras decisões de política monetária a serem adotadas serão condicionadas pelos progressos na luta contra a subida dos preços e pelas expectativas futuras de evolução dos mesmos.

O Banco da Rússia avançou ainda que prevê que a inflação desça este ano para um intervalo entre 6% e 7%, para cair para 4% em 2026. Posteriormente, ficará estabilizada nesse nível...

[Link]


Também temos novos dados sobre a inflação, desceu em Agosto para 8,1%:

Em Agosto manteve a tendência de descida.



Vamos acompanhando a evolução. Mas tudo  indica que eles estão a gerir todas as dinâmicas e pressões tanto internas como externas. Mas o que se ouve é que estão prestes a implodir economicamente.

Narrativas e mais narrativas.

E deixo mais uma curiosidade porque é importante perceber. Está a Rússia completamente dedicada ao esforço de guerra?


Este mês abriram 4 novas estações de metro.


Vavilovskaya


Zil



Krymskaya


Akademicheskaya


A resposta é não. A Rússia não está completamente dedicada ao esforço de guerra.

As narrativas sim.


terça-feira, 12 de agosto de 2025

Um Breve Olhar Para A Economia Russa, Uma Década Depois


Comecei com este tema, sensivelmente há 10 anos atrás. E como tem dados de 2015, penso que seja interessante olhar agora para eles e ver como estamos. Afinal a deterioração da economia russa é algo que nos é vendido anos a fio.

Vamos às reservas financeiras, com uma imagem que coloquei há 10 anos atrás.


 

Se olharmos para Julho de 2015, está nos 357 mil milhões de dólares. Vamos espreitar o valor mais actual que temos.



Foreign Exchange Reserves in Russia increased to 680379 USD Million in May from 680271 USD Million in April of 2025. Foreign Exchange Reserves in Russia averaged 319720.22 USD Million from 1992 until 2025, reaching an all time high of 688731.00 USD Million in June of 2025 and a record low of 4532.00 USD Million in December of 1992.


Bem, como se pode ver, as reservas financeiras russas estão a atingir recordes. Em pleno conflito. Na altura também me referi ao ouro. Como estava na altura?



1352 toneladas de ouro. E agora?




Perto de 2330 toneladas sensivelmente desde 2020. Não o estão a gastar. E o ouro foi uma boa aposta? Vamos olhar para o valor do ouro:




A partir de 2020 a quantidade de ouro é a mesma, mas o valor do ouro não tem parado de subir. Parece que foi uma boa aposta. E a Rússia, foi uma dos maiores compradores de ouro durante anos seguidos.

E quanto à inflação? "Toda" a gente sabe como está a inflação, repetido vezes sem fim por "especialistas" na televisão. Mas é uma situaçao completamente fora do normal para a Rússia?

Não. Olhemos para o gráfico.




No espaço duma década, a população russa tem enfrentado valores de inflação altos e bruscos. Mas não estão na pior situação da última década. Já estiveram mais que uma vez numa situação bem pior, como se pode constatar. Não é bom, mas diria que não é catastrófico.


Quanto às taxas de juro, a coisa é mais dura.






Mas vê-se bem o impacto da breve guerra da Geórgia em 2008, o explodir da situação da Ucrânia em 2014 e agora com a guerra da Ucrânia, que é muito mais que a Ucrânia. A Rússia está a lutar contra a NATO e alguns países aliados da NATO. Diria que se vê muito bem reflectido nas taxas de juro. E será interessante acompanhar por mais uns anos e ver se a Rússia consegue absorver este enorme impacto. Da maneira como as coisas estão a evoluir diria que sim.


Vamos olhar também para o rublo. Afinal "toda" a gente sabe que o ruble está a despenhar-se. Vamos espreitar:





Este gráfico tem informação dos últimos 5 anos. O "pico" dá para ver que tem a ver com a guerra da Ucrânia. Mas isso foi em 2022. Já estamos a mais de meio de 2025. Os valores estão nitidamente mais contidos e não se pode falar que o rublo está a ir por aí abaixo. Para a situação em que a Rússia está, os valores, diria, estão razoavelmente controlados.

E depois temos a previsão de crescimento para este ano.

 

IMF sees Russia's wartime economy slowing after two strong years

"We are expecting Russia's economic growth to slow down in 2025, and that is very much due to the policy tightening and lower oil prices," said Petya Koeva Brooks, a deputy director of the research department at the IMF, on Tuesday...

...The IMF now expects Russia's economy to grow 0.9% in 2025, down from the 1.5% it had projected in April. It's also expecting the country's economy to grow 1% in 2026...

[Link]

Agora reveram em baixa, para 0.9%. Mas como já tenho mostrado anteriormente, as previsões para a Rússia têm tido sempre com um tom negativo, mas vão corrigindo mais à frente. Tal como este titulo que diz que está a abrandar, após dois anos de forte crescimento. Mas apesar de reverem em baixa, os dados continuam a indicar crescimento. O que dadas as circunstâncias e pelo tempo decorrido, é impossível alguém dizer que a Rússia mostra uma resiliência que não está de acordo com as narrativas em vigor.

Se a Rússia está a aguentar a pressão que recai em cima dela? Sem dúvida. E estou a registar este momento, para daqui a uns anos fazer nova reavaliação. Com as enormes transformações que estão a ocorrer, diria que um enorme grau de confiança que a Rússia vai crescer. Em todos os sentidos.




O primeiro post, com dados de há 10 anos atrás:


Último post sobre o tema:







P.S. O Encontro Entre Trump e Putin

Vai ser algo muito interessante. A Rússia não demonstra apenas resiliência na sua economia. Putin vai para o encontro numa posição de força e não me parece que Trump leve consigo trunfos de monta. Além disso,  a Rússia pretender negociar muito mais que a questão ucraniana.

Definitivamente um dos Verões mais quentes. Como não viamos há muito.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Previsão Para A Europa: A Nossa Destruição

 


Infelizmente, estamos a meu ver a chegar a um momento crucial para o futuro da Europa. O anúncio feito ontem por Sergey Lavrov é para mim indicação de que a Rússia se prepara para atuar caso as negociações com os EUA falhem.


Statement by the Ministry of Foreign Affairs of the Russian Federation on the moratorium on the deployment of ground-launched intermediate-range and shorter-range missiles

Against the backdrop of deliberate steps by the United States, which resulted in the termination in 2019 of the validity and existence of the Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty (INF Treaty), as well as in subsequent years, the Russian Federation has been proactively making efforts to promote restraint in this area. In particular, this was reflected in the top-level statements made in 2019-2020, which provided for the voluntary adoption by our country of unilateral self-restrictions precluding the deployment of ground-launched INF-range missiles unless similar US-made missile weapons emerge in the relevant regions of the world. In parallel, Russia directly called upon NATO countries to declare a reciprocal moratorium on deploying weapon systems formerly banned under the INF Treaty, and upon the US allies in the Asia-Pacific to support our efforts in preventing a race of such armaments in the region.

However, we have to state that Russian initiatives have not been reciprocated. The United States and its allies have not only openly declared plans to deploy US ground-launched INF-range missiles in various regions, but have also made significant progress in the practical implementation of their intentions. The increasing body of objective data reveals, in particular, the following: the testing of baseline versions of a wide range of the above-mentioned weapons developed by Washington has mostly completed or is at its final stages...

... Specifically, since 2023, we have observed instances when US systems capable of launching INF-range missiles from land were transported to some European NATO countries...

... Since our repeated warnings in this regard have been ignored and the situation is developing along the path of the actual emplacement of the US-made ground-launched INF-range missiles in Europe and the Asia-Pacific, the Russian Foreign Ministry has to state that the conditions for maintaining a unilateral moratorium on the deployment of similar weapons have ceased to exist. The Ministry is authorized to declare that the Russian Federation no longer considers itself bound by the relevant previously adopted self-restrictions...


[Link]

Este é o problema principal. A queda do tratado INF. Para compreender ou apenas recordar, consultar o post que coloquei há mais de um ano sobre o tema: Os 4 Tratados Do Apocalipse IV . Está lá bem resumido o que penso que poderá acontecer.

Caso falhem as negociações com os EUA sobre o que pode ser colocado na Europa, a Rússia irá atacar o que considera ser uma ameaça para a sua existência.

Este anúncio de Lavrov e o anúncio de Putin na 6ª feira passada indicando o arranque da produção e a tomada de decisão de colocar o míssil Oreshnik na Bielorrússia...


Putin says Russia’s hypersonic missile has entered service and will be deployed in Belarus

 

President Vladimir Putin said Friday that Russia has started production of its newest hypersonic missiles and reaffirmed its plans to deploy them to ally Belarus later this year.

Sitting alongside Belarus President Alexander Lukashenko on Valaam Island near St. Petersburg, Putin said the military already has selected deployment sites in Belarus for the Oreshnik intermediate range ballistic missile.

“Preparatory work is ongoing, and most likely we will be done with it before the year’s end,” Putin said, adding that the first series of Oreshniks and their systems have been produced and entered military service...

[Link]


... são sinais inequívocos de que se estão a preparar para todas as eventualidades e se necessário optar pela solução mais drástica. Atacar a Europa até esta deixar de ser considerada uma ameaça. Eu falo sobre isso no post O Míssil .

Estamos em perigo extremo, se os nossos políticos não perceberem a importância que a Rússia está a dar a esta situação.

Esta situação é semelhante à crise dos mísseis de Cuba, mas os europeus não se estão a aperceber da gravidade.

Diria que o cronómetro já começou a sua contagem decrescente. O ultimato russo que ignoramos em 2021 e a nossa resposta, não está esquecido para a Rússia.

Eles vão actuar caso nada seja feito para se resolver o assunto.



domingo, 23 de março de 2025

O Artigo II

 


Deparei-me com um novo artigo de Maria Vieira da Silva e que penso que merece leitura.

Coloco aqui alguns excertos:


A UE declara guerra à paz 

Esta UE liderada por Von der Leyen, não rejeita a guerra como resolução de disputas internacionais, prepara-se para ela

A UE rejeita a paz como meio de resolver disputas internacionais e apoia a guerra como instrumento para recuperar a liberdade e o bem-estar de outros povos. Sim, eu sei que o que acabei de escrever é o art. 3.º do Tratado de Lisboa, mas ao contrário...

...a resolução aprovada com 442 votos Sim, 98 Não e 126 abstenções, é o oposto. Na verdade, vai muito mais longe do que o obsceno plano ReArm Europe de 800 mil milhões de euros imposto por Von der Leyen a um Parlamento Europeu silenciado e privado do direito de voto com recurso a uma vigarice: a de estarmos perante “um perigo claro e imediato” vindo de Moscovo...

...sejam quais foram os resultados das negociações de paz em curso, a UE pretende explicitamente sabotá-los para pressionar os ucranianos a continuarem a ser mortos à toa e a perder mais territórios...

...Leia para crer. No ponto 15, onde a UE e os seus Estados-membros são instados a apoiar firmemente a Ucrânia, o parágrafo continua com a seguinte declaração: “Ele [o PE] relembra a sua convicção de que é nos campos de batalha da Ucrânia que futuro da Europa será decidido”...

...o PE insta os países-membros a fornecer mais armas e munições a Kiev “antes do fim das negociações” e convida todos, isto é, tanto os governos europeus como a NATO, a revogar todas as restrições à utilização de sistema de armas ocidentais fornecidos aos ucranianos para que possam ser usados “contra alvos militares em território russo. Ou seja, a resolução pressiona os Estados-membros a remover os obstáculos que actualmente os impedem de atacar directamente a Rússia. Na prática, estamos prestes a declarar guerra à Rússia...

...já leram o manual linguístico publicado pela Comissão Europeia no passado dia 14 de Fevereiro? São cento e trinta páginas que impõem limites muito precisos e estreitos à liberdade de expressão)...


[Link]


Estou sem dúvida surpreendido por ver artigos com estas "perspectivas" aparecerem publicados no Observador.

E aconselho a sua leitura integral.

Já agora aproveito para dizer quem eu acompanho nas tv's portuguesas e que considero a sua avaliação da situação bastante pertinente e avisada.


Major General Agostinho Costa

Major General Carlos Branco

Coronel Mendes Dias

Professor Tiago André Lopes


Identifico-me com muito o que é dito por eles, ainda bem que existem pessoas assim a falar nas tv's, espero que existam mais.

A juntar a isto, queria chamar a atenção para a seguinte decisão do Tribunal Europeu de Direitos Humanos:


Top European court finds Ukraine guilty for Odessa Massacre

 

 

The ECHR has concluded that the Ukrainian authorities failed to prevent the outbreak of violence, as well as provide timely aid to victims trapped in the fire. 

Europe's top human rights court found Ukraine guilty for failing to prevent the outbreak of violence and clashes in the Odessa Trade Unions House, which led to the Odessa Massacre...

 

... Clashes reached peak fatality on May 2, 2014, when Ukrainian nationalists locked pro-Russian protesters in the Odessa Trade Unions House and set it on fire. 

On Thursday, the European Court of Human Rights (ECHR) ruled that Ukrainian authorities had not taken adequate measures to prevent or stop the violence in Odessa and had failed to "ensure timely rescue measures for those trapped in the fire."  

The unanimous decision also criticized officials for their inability to "institute and conduct an effective investigation into the events," echoing concerns previously raised by the UN Human Rights Monitoring Mission in Ukraine.  

The court also ordered compensation to the applicants featured in the case...


Curiosamente, é difícil encontrar esta decisão do tribunal nas notícias. Não existe órgãos de comunicação ocidentais que falem sobre isto, ou então por algum motivo estranho, o motor de busca da google não encontra esta notícia.

Não sei o que será mais grave.

Agora, quem viu o que aconteceu ali, eu na altura vi vários vídeos, onde muitos que saltavam das janelas para fugir às chamas eram recebidos cá em baixo à paulada por uma multidão enfurecida, quem viu as fotos de vários corpos carbonizados dentro do edifício, porque muitos concerteza acabaram por ficar indecisos entre saltar para a morte ou morrer ali, percebe que muito dificilmente Putin vai deixar este território nas mãos da Ucrânia.

E gostaria de dizer novamente o que já disse anteriormente. Tenho sérias dúvidas que a Ucrânia mantenha acesso ao Mar Negro. Tal como indiquei neste mapa quando falei sobre o que penso que irá acontecer.




A Rússia procura algo diria eu, semelhante a isto. E Odessa será considerada como cidade mártir ou algo do género pela Rússia.

E quando a Rússia avançar para Odessa, a Europa vai estrebuchar e ficar lívida. Mas no fim, vai continuar a fazer o que tem feito.

Comprar gás russo.


EU Paid Near 300% More for Russian LNG in 2024 Compared to Early 2021


Not only is the EU importing record levels of LNG from Russia, it is also paying a substantially higher price than before the Ukraine War, new Eurostat data reveal. At the end of 2024 the cost was nearly four times as high as at the beginning of 2021.

The EU’s statistical office, Eurostat, released new data adding another dimension to the continent’s continued purchase of Russian liquefied natural gas (LNG).

Not only did the EU import a record amount of LNG from Russia in 2024, as previously reported, but it is also paying significantly higher prices

Import volumes increased by 18 percent in 2024 compared to the year prior. Now new numbers by Eurostat show that the total cost the EU paid during the final quarter of 2024 increased nearly four-fold compared to four years ago.

Twice as high

The average cost the EU paid for Russian LNG imports during Q4 of 2024 was 274% above the prices recorded in Q1 2021. Even across longer timeframes, e.g. comparing the entire year of 2021 to all of 2024, the cost remains about twice as high.

EU spends more on Russian energy

With the increase in LNG prices, the cost of EU imports of Russian fossil fuels continue to outpace the financial aid it provides to Ukraine.

A recent analysis by the Centre for Research on Energy and Clean Air, a Helsinki-based think tank, calculated that Europe as a whole hole spent €21.9 billion on Russian fuels in 2024, compared to financial aid of €18.7 billion allocated by the EU...

[Link]

Toda esta hipocrisia e intenções obscuras, vai-nos sair caro. Muito caro.




P.S. Made in Rússia na China

A CNN internacional fez um artigo muito curioso e até estou admirado em ter sido publicado.


‘Made in Russia’ goods are the new craze in China

The shopfronts are decked out in white, blue and red, with Chinese and Russian flags hanging side by side from the ceiling. Waist-high Russian dolls greet customers at the entrance. Inside, shelves are stocked with an array of Russian goods – from chocolates and cookies to honey and vodka.

In China, pop-up stores specializing in Russian-made products have become an increasingly common sight. Their proliferation has left some residents puzzled, with many on Chinese social media questioning why these stores seem to have sprung up overnight.


Thousands of such stores have opened across the country in recent years, tapping into the Chinese public’s affinity for Russia and deepening trade ties between Beijing and Moscow since Vladimir Putin’s full-scale invasion of Ukraine began in 2022...


While cheap Russian oil, gas, and coal dominate China’s imports, Russian food products – such as ice cream, sweet biscuits and milk powder – have also risen sharply in popularity.



More than 2,500 new companies involved in the trade of Russian goods have been registered since 2022, according to China’s business records, with nearly half registered in the past year alone.

[Link]


Portanto com a Europa a pagar pela energia russa como nunca se viu, a China a importar produtos russos como nunca se viu, a Índia a importar petroleo russo como nunca se viu, qual a conclusão a tirar?


Putin está cada vez mais preocupado com a economia e as elites russas já apelam a negociações para terminar guerra na Ucrânia

Uma investigação da Reuters apurou que Putin está cada vez mais frustrado com a pressão que a guerra está a exercer sobre a economia e que repreendeu autoridades numa reunião do Kremlin

As exportações de petróleo, gás e minerais já não são tábua de salvação suficiente. A escassez de mão-de-obra e as elevadas taxas de juro introduzidas para combater a inflação, acelerada num contexto de despesas militares sem precedentes, estão a asfixiar as perspetivas económicas. Por esse motivo, um setor da elite russa defende agora que uma solução negociada para a guerra é desejável, adiantaram à referida agência duas fontes próximas do Kremlin...

 

A preocupação do homem é tal que já começou a vender a sua roupa.



Parabéns ao Expresso, pela capacidade demonstrada do que se passa no mundo...